segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

As escovas dissidentes

Naquele dia se reuniram todas as escovas
E decidiram que dali pra frente
Não iriam escovar mais nenhum dente!
(nem mesmo os de leite)
E que não encostariam em mais nenhum fio de cabelo
Que pra isso já existiam os pentes.

E alguém quis saber qual o motivo
Pra que tanta revolta?
Será que as escovas queriam dar uma volta?
O trabalho era cansativo?

Elas disseram que, sim, não tinham folga
Mas não era bem por isso
(embora descansar no domingo não fosse mal negócio)
Elas queriam assinar um compromisso

Estavam cansadas é de serem usadas
Maltratadas, jogadas, inutilizadas
Depois de tanto tempo de serviço
Queriam ao menos reconhecimento
E aposentadoria em algum alpe suíço

Mas assim já é demais!
Esbravejou um velho banguela
Eu mal ganho pra comer
E ainda vou ter que sustentar essas preguiçosas?
Não fizeram nada pela minha boca
E agora querem ser teimosas?

E começou a discussão
E ninguém chegou a um acordo
As escovas foram para um lado
Os dentes foram para o outro

E as pessoas assim ficaram
Ninguém mais queria beijar na boca
A coisa ficou meio complicada
Mas todo mundo ficou feliz
Chupando picolé de uva
Toda a madrugada!

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