quarta-feira, 3 de julho de 2013

E então sorriu

Não era tanto pela saudade,  não era tanto pelas noites passadas em claro. Não era pela música que tocava na rádio, não era pela placa que antes indicava o caminho.  Era o relapso que lhe atormentava a alma. Dela, não dele. Ele era o que era e ponto final. Já ela, como pôde? Como pôde não diferenciar? Tão observadora, tão atenta aos pequenos cacoetes. Uma  risada nervosa, uma variação no tom de voz.  Mas viu o genuíno no vulgar, o espontâneo no lugar comum e não se perdoava, remoía quando tocou o bipe do celular.

Não havia nada demais naquela mensagem. Era um fim como todos os outros. Surdo e sem memória. Leviano, diriam. Já pra ela aquele amontoado de palavras mal escritas tinha outra sensação. Era um fim claro e digno. Um fim que não deixava chance para outras interpretações, como quem dá um chute na porta e vai embora sem olhar para trás. Era de se esperar que se sentisse triste pelo término, pelo ciclo que se fecha, mas não. Soube que amara, por fim, um homem honrado. 

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