Apesar de
ter nascido em São Paulo não consigo morrer de amores pela cidade, me sinto
como aquela filha ingrata que rejeita a mãe.
E quando os
dias são quentes, como estes que passo agora, então viro aquela filha de novela
mexicana, com sangue nos olhos, louca para ir embora.
No frio até
disfarço minhas emoções turvas, mas no calor me pergunto, existe alguma
qualidade de vida aqui? Não tem água por perto, nem bons parques e as ruas
cheiram mal.
E sempre tem
algum paulista para me dizer - Mas você sempre pode ir para a praia, fica
perto!
O que?
Ferver oito horas em um carro e chegar em uma praia suja e lotada, sem nenhuma
infraestrutura?
Existem
cidades no mundo que não precisam de justificativa nem razões, estar ali faz
bem a alma, mas para morar em São Paulo a pessoa precisa ter essa lista
preenchida, porque nada justifica morar em uma cidade tão cheia, suja e sem
qualidade de vida.
Fui fazer
minha lista e fiquei chocada. São Paulo é um ponto de referência para quem quer
estudar, eu já passei dessa fase, para quem trabalha em grandes empresas também
é importante estar aqui, não é meu caso, meus amigos já voaram daqui há tempos
e não tenho um amor nesta selva de concreto, conclui então que estou perdendo
meu tempo e gastando minha pele em uma cidade que não precisa de mim nem eu
dela.
Um amigo
tentou argumentar, aqui é uma cidade de eventos culturais importante, o centro
do país e com enormes livrarias.
Mas eu não
frequento eventos culturais porque é outra coisa na cidade que me tira do sério, lugares cheios e muita confusão.
Quanto as livrarias hoje existem as compras online, posso comprar até
lantejoula da vinte e cinco de março na página virtual das lojas.
A única
coisa que eu poderia considerar seria a gastronomia, mas como vivo de dieta não
posso nem desfrutar disso.
Paulistas
amam São Paulo, gostam de andar de bicicleta respirando o ar poluído pelos
carros, adoram ficar três horas na fila de um evento, levar oito horas para
chegar a praia, frequentar parques que não tem nem banheiro e pagar caro por
tudo isso.
Sou
oficialmente a filha ingrata, não gosto daqui. E começo a desconfiar que minha
personalidade vem de ter nascido aqui, já cheguei reclamando, deve ser isso.
Freud poderia explicar, mas é apenas mais um caso de uma mãe e de uma filha que
não morrem de amores uma pela outra.
Iara,toda pessoa que tem liberdade deve repensar suas decisões. Sou Paulistana e pagaria para não morar nessa cidade,o Brasil é imenso cheio de cidades lindas.Cresci em São Paulo e minha familia se mudou para o interior de Goias,na epoca achei horrivel,na minha cabeça cidade grande representava sucesso e oportunidades,pode até ser para alguns,mas hoje com mais de 30 vejo que qualidade de vida não tem preço,o tempo que se economiza,o ambiente que se traduz em saúde e bem estar. Entendo que é uma questão de gusto e muito pessoal,mas muitas pessoas se enganam e dizem "amo São Paulo porque São Paulo tem tudo",tem mas o preço para se usar é muito alto. Hoje por motivo de trabalho moro no exterior,uma cidade grande mas tranquila ,não pego filas nem engarrafamentos,sem calor o que pra mim é ótimo,mas quando eu tiver mais idade gostaria muito de morar em uma cidade charmosa do interior do Brasil,com menos de 50 mil habitants,até lá acredito que o Brasil estara um pouquinho melhor em infraestrutura. Hoje o que eu imagino para a minha aposentadoria é saúde,minha familia,uma bela vista da minha janela e uma ótima internet,é o que eu preciso dia-a-dia.
ResponderExcluirBjs
Anna
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