Quando eu era bem pequena, meu pai trabalhava em uma escola.
As vezes ele trazia pão de mel que sobrava da merenda. E as vezes, ele trazia uns disquinhos emprestados.
Eram aqueles disquinhos coloridos, com histórias ou múisicas infantis. Eu passava horas ouvindo, até decorava com direitos aos riscos e pulos.
Ontem eu estava lembrando do politicamente incorreto dessa época, e de como era divertido. As histórias ensinavam que você podia se dar mal mesmo fazendo tudo certo e vice-versa, o mocinho ou a mocinha as vezes morriam, crianças e bichinhos também. Tinha de tudo: fantasmas, monstros, demônios. Muito mais próximo da realidade.
Entre os discos tinha um mais antigo, que de um lado tinha apenas "Pirulito que bate-bate". Você deve conhecer a primeira parte da música, mas na íntegra ela era assim:
Pirulito que bate-bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu
Joguei a pedra na fonte
Fui ver o que é que deu
A menina que eu amava
Coitadinha já morreu
E então eu ria, imaginando o pobre infeliz que taca uma pedra enorme na fonte e acabava justamente acertando e matando sua amada.
Pobrezinhas das próximas gerações, vivendo em plena censura infantil.
imagem: basilio.fundaj.gov.br
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