Quando algumas
situações mostram-se complexas de compreender, faço uso de alguns filmes para
desanuviar e sair daquela sensação de completa confusão ou incapacidade
intelectual de absorver o que tentam explicar-me.
Tem um desenho muito
criativo e sensível que basicamente trata da convivência com diferenças e
defeitos que ajuda muito a discernir quando é o momento de fazer novas
escolhas, sem medo. Refiro-me ao primeiro título.
Quando assisti
fiquei encantada com o garoto feio, magrelo com pai gordo e com jeito estranho que ao longo
de choros, fugas, amigos, treinos e conversas com o pai compreendeu que existem
outras escolhas. Identificando que melhor é agregar e mostrar o equívoco de
séculos do que continuar a matar dragões quando simplesmente pode treiná-los e
conviver harmoniosamente.
Invejo quem teve a
brilhante ideia de trabalhar temas tão complexos de forma tão simples através
do desenho, para crianças sabe, pois se buscar inclusão vai encontrar se
respeito às diferenças ainda mais e se quiser revolução é basicamente a
centralidade do filme. Vejo revolução quando identifico que um menino com ausência da figura materna ensina
algo para o pai, pertencente à geração de adultos com velhos princípios, e com
certa dificuldade inicial acaba modificando toda uma cultura de séculos ao demonstrar que matar dragões não é divertido, honroso. E de forma alguma é
símbolo de poder, mas decadência.
Não faço ideia quem
seja o idealizador da estória e não quero procurar, mas posso dizer que gostei.
Principalmente ao imaginar que o autor devia estar com os pakovás cheios e com muito tédio de histórias e contos bestas, com todas personagens perfeitas de tão magras ou musculosos,
narizes finos, cabelos lisos, altos como varas paus, com aquele ar de monarquia
e homens de guerra que travam lutas infindáveis para reafirmar tradições de
séculos passados e vencem sem sofrerem nenhum arranhão ou desajuste no penteado.
Não veja a série
que acaba sendo um pouco entediante para sábados de manhã, assista ao filme. Só
não tente fazer qualquer semelhança com esta sociedade ou o século XXI. Aviso
que encontrar algo parecido principalmente com o final é praticamente
impossível porque em terra de homens os dragões são seres malignos apenas
mencionados no livro do Apocalipse quando surgirá dos mares com uma mulher
usando diademas na cabeça para devastar as nações. E assim dizem amém e comparecem ao ato.
Neste século não
espero a reconsideração de velhos conceitos e princípios geracionais, nada
disso. E perdão por ser tão cética, mas prefiro compreender deste modo a
entregar-me a desilusão e processo depressivo da atual conjuntura. A prova mais
fiel e cabal está na comemoração do domingo dia 15, aliás, achei que fosse ter
hoje, pois teve jogo do Brasil. Então, não foram para as ruas por quê?
Não
disponibilizaram as sacadas do escritório da paulista para comemorar o jogo de
hoje por quê? O metrô não liberou as catracas? Poxa vida, que tal fazer uma
reclamação, talvez atenda ao pedido para o próximo ato.
Entendo a
necessidade de tempo para discernir e compreender algumas coisas, mas vamos
combinar que desde junho de 2013 pra cá, um ano e oito meses é o suficiente
para compreender o básico.
Na verdade pouco
importa, pelo menos por aqui, se para ir à manifestação a cor da sua roupa é
amarelo da cor da seleção, rosa pink, verde oliva, azul turquesa, se é cantado
o hino nacional ou do Palmeiras, do Corinthians, do São Paulo, do Flamengo, da
igreja ou dos loucos (ou anarco-comunista-cristão) o que de fato interessa é a
pauta, reivindicação e finalidade coletiva.
Em junho de 2013
foram diversas bandeiras, muita insatisfação e não se tratava apenas com o
governo federal, tanto que todos correram para aprovar isso aquilo outro. O pavor de todos os políticos era evidente, pasmados ao reduzir as tarifas e aceitar a vontade
popular. Significa que antes acostumados apenas a impor foram obrigados a
obedecer, na prática as estruturas políticas e institucionais em todas as
esferas foram abaladas para benefício coletivo e isso é o mais importante e o que de fato interessa.
Sendo, tratar
apenas da corrupção e saída da presidenta não altera muito coisa principalmente
quando determinado investigado reafirma várias vezes que essa conversa de
doação para campanhas eleitorais não existe, o que existe é empréstimo, seja
pago antes ou depois, doação é conversa fiada. Então isso vale apenas para um
partido?
Engraçado é que
ninguém observou ou atentaram-se quando alguns candidatos disseram várias vezes
nas eleições de 2014 o propósito e programa, enfatizando que
não eram financiados por nenhuma construtora. Por acaso receberam muitos votos?
De fato nos preocupamos com a corrupção?
Será que todos
querem mesmo acabar com o que tanto arrotam? Posso entender que todos estão
dispostos a eliminar com a ilegalidade de todas as fronteiras da cidade? E
finalmente torná-la legal por todas as vias. A começar em não sonegar imposto e
desviar sagazmente dinheiro para bancos europeus (HSBC) e Alpes Suíços? Em
vetar o contrabando ali, bem próximo de nós na rua mais famosa da cidade a
Vinte e Cinco que coincidentemente é de Março. Ao não subornar ninguém para ter
privilégios, seja para fins de segurança, saúde ou patamar social, como exemplo
o guarda quando vai multá-lo.
Ninguém nunca se
perguntou por que de fato existiu o mensalão? Por que foi preciso comprar o
congresso para trabalhar ou como queiram dizer manter-se no poder e formar uma
ditadura petista? (ri alto quando li tem filosofo que a cada fala na tevê ou no
jornal é um flash né?)
Por que as
construtoras brasileiras simplesmente preferem comprar licitações ao invés de
concorrer [inclusive] com as estrangeiras que são mais econômicas e dispõem de
recursos mais modernos? Será incompetência ou desvantagem?
Acredito na segunda
opção, mas não aceito ok, por que na reprodução das relações de trabalhos os
capitalistas dizem que a concorrência é inteiramente saudável e produtiva,
normalmente elimina os fracos, desinteressados, preguiçosos e incompetentes.
Então posso
compreender que o fato de empresas com selo de qualidade e/ou auditorias ter o enorme interesse no mercado brasileiro justifica-se por querer investir e
participar ativamente desta economia, quer dizer boquinha? Ou comer deste bolo?
Saem às brasileiras entram as estrangeiras?
Fala sério, quando começa a guerra do capital interno e externo? Notei que foi identificado potencial na saúde, agora por onde mais? O petróleo? Mas poxa, essa já é velha vai, quando não participaram do leilão do pré-sal ficou evidente, ainda mais quanto divulgado a espionagem americana, com ênfase na empresa brasileira tornou-se marca registrada a estratégia desvalorizar para comprar.
Fala sério, quando começa a guerra do capital interno e externo? Notei que foi identificado potencial na saúde, agora por onde mais? O petróleo? Mas poxa, essa já é velha vai, quando não participaram do leilão do pré-sal ficou evidente, ainda mais quanto divulgado a espionagem americana, com ênfase na empresa brasileira tornou-se marca registrada a estratégia desvalorizar para comprar.
Não parece um filme
de péssimo gosto? Sei, mas o importante mesmo é indignar-se apenas e somente
com a corrupção, sem avaliar por que permitem que exista e qual a finalidade
capitalista para deixá-la evidente apenas quanto é benéfico para alguns setores, normalmente o financeiro.
Mas podemos também
identificar outras alucinações, fruto de muitos filmes. Por exemplo que não existe crise, o
euro é hiper valorizado a negociação da dívida grega é birra, afinal não
existe risco para demais países afundarem, o Japão não está com a economia
decadente, a China continua dominando e ultrapassará os EUA conforme previsto
daqui uns 5/10 anos (só que não) e vejam apenas a moeda americana é valorizada.
E por quê? Ora eles são competentes, trabalhadores e terrivelmente honestos. De novo, só
que não, são racistas, machistas, homofóbicos, corruptos e terrivelmente capitalistas, mas o culpa é só do presidente?
E as empresas e os investidores que apenas priorizam a especulação quando não citados a identificação do tal imperialismo torna-se superficial e acaba sendo direcionado ao presidente, mesmo que ameaçado pelo congresso nos dizeres que iria arrepender-se de governar através de decretos. Não sei por que mas lembrei da situação do Maduro, mas ao contrário sabe. E no quesito política empresarial/estado são corruptos igual ou mais, vide a concorrência pela espionagem.
E as empresas e os investidores que apenas priorizam a especulação quando não citados a identificação do tal imperialismo torna-se superficial e acaba sendo direcionado ao presidente, mesmo que ameaçado pelo congresso nos dizeres que iria arrepender-se de governar através de decretos. Não sei por que mas lembrei da situação do Maduro, mas ao contrário sabe. E no quesito política empresarial/estado são corruptos igual ou mais, vide a concorrência pela espionagem.
Será que basta
simplesmente aderir à manifestação que se diga tem ótimas intenções como todo
inferno, mas sem saber de fato quem são os organizadores, o que desejam e
principalmente se recebem ajuda de custo ou são financiados.
Também achar que a
sigla MBL uma replica descarada do MPL – Movimento Passe Livre são a mesma
coisa e defendem as mesmas causas e bandeiras é o suficiente para adesão do ato?
E que se diga falta de criatividade infinita e ao quadrado em
coleguinhas?!
Mas vamos combinar
que o movimento social imitado não se importou muito, porque sem nota de
esclarecimento de não participação (somente após o ato, mencionado no twitter que não compartilham das ideias e manifestação conservadora, não sei se houve notas noutras redes) ou repúdio na descarada imitação. E como a sigla é semelhante com
certeza afeta o inconsciente e pra quem não tem hábito é tudo jogado no mesmo
balaio.
A título de
esclarecimento, pois não custa tentar, o MPL- Movimento Passe Livre de fato é um
movimento social, com sete anos de estrada composto por estudantes que defendem
necessidades e demandas de estudantes e trabalhadores na questão do transporte
público e às vezes apoiam demais causas sociais que são negligenciadas pelo estado mínimo ou
para fácil entendimento pela sociedade capitalista.
O MBL sabe-se lá
quem é e o que defende e sinceramente não quero saber, uma coisa é certa ao escolher o tema genérico
como a corrupção sem qualquer proposta de alteração estrutural, mas apenas
individual e de interesse próprio e com caráter de movimento social para não
dizer outra coisa é no mínimo esquisito.
E prefiro gentilmente colocá-los no patamar de mobilização social e só, tratá-los como movimento social conforme nomeado pela mídia é ridículo e desrespeitoso com quem reivindica ações coletivas e de fato realizam enfrentamentos de ordem política e econômica, e na maioria das vezes tratados como vândalos.
E prefiro gentilmente colocá-los no patamar de mobilização social e só, tratá-los como movimento social conforme nomeado pela mídia é ridículo e desrespeitoso com quem reivindica ações coletivas e de fato realizam enfrentamentos de ordem política e econômica, e na maioria das vezes tratados como vândalos.
Não aceito. Somos
roubados em quase tudo na vida, agora até as características da esquerda querem
tomar pra si? Ora poupe-me!
Pior ainda julgar
que tirar a presidenta do cargo e eliminar o seu partido resolverá uma questão
estrutural como é a corrupção. Ainda sabendo que a corrupção é muito necessária
para manutenção do capital e sem mencionar outros partidos tão participantes
quanto é falácia e conversinha fiada!
Os Lobos de Wall
Street quem o digam, aliás, outro filme interessantíssimo, mas que não é
desenho, é baseado em fatos reais. Enfatiza que quando os lobos agem com
certeza não estão interessados em demandas como transporte público, exploração do
trabalho, terceirização de setores da indústria, habitação e demais assuntos sociais.
O filme vale
muito a pena apesar das três horas de duração, é a história do corretor da
Bolsa de Valores americana condenado há vinte anos de prisão pelos crimes de
fraude bancária e sonegação de imposto ao estado, a meu ver o principal motivo
pela prisão e prova contundente da “seriedade do estado americano” quando se
trata de sonegação de imposto ao estado.
Os assuntos de
consumo de drogas, compra deste ou daquele empregado ou empresa (corrupção) e
prostituições são tratados no filme como assuntos secundários, a relevância
está no fato de sonegar ao estado americano sendo o principal motivo da prisão.
Enquanto isso, os
desavisados ou ingênuos ou inocentes ou tolos aceitam o coro destes “movimentos
sociais” atuais que não arriscam reivindicações de enfrentamentos do capital e
seguem no coro do vem pra rua que estamos interessados em combater a corrupção
e limpar o país do mar de lama.
Seguimos. Sem
depressão, com pouca fé, alguma esperança e música, neste caos cabe apenas a
Lola do Rock.
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