O PMDB nasceu do antigo MDB, que
resumidamente era o único partido autorizado a fazer oposição durante a
ditadura militar. Nenhum governante gosta da oposição, mas se os militares
torturavam e assassinavam alguns opositores, não é difícil deduzir que a
oposição do MDB era bem restrita para que se mantivesse, literal e
metaforicamente, viva.
Com o fim da ditadura o já PMDB foi
colocado no poder pelos militares. Uma escolha ruim com uma alternativa
péssima, já que a outra opção era o PDS de Paulo Maluf. Tancredo, avô de Aécio,
morreu e a presidência caiu no colo do vice, José Sarney, que fez um governo
tão desastroso quanto Tancredo teria feito.
Ao deixar o executivo Sarney, até então
o principal nome do PMDB, apoiou Collor, apoiou Itamar, apoiou Fernando
Henrique – duas vezes –, apoiou Lula – duas vezes – e apoia Dilma. Agora diz
que está se aposentando. É bem provável que nem ele se aguente mais. Porém essa
tribo ainda tem muitos caciques.
Com presença garantida entre os partidos
que mais tiveram candidatos barrados pela lei da ficha limpa, juntamente com o
PSDB – partido formado por seus dissidentes –, o PMDB só perde para o DEM no
número de políticos cassados por corrupção. Ainda assim, há 30 anos marcando
presença no executivo é evidente que se o próximo presidente, a ser eleito em
2018, não for do PMDB, terá apoio do partido.
Dedutível que, com um espectro de
atuação tão amplo e com bastidores tão enlameados, ninguém faz aliança com o
PMDB porque gosta, ou porque tem afinidade ideológica, ou porque pensa no bem
maior da democracia. Fizeram aliança (Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma) porque
precisaram. Com o presidencialismo de coalizão, sem o PMDB não se governa.
Na teoria a política é muito mais fácil
e simples. Quem quer governar bem escolhe os melhores aliados, que contribuirão
para um governo satisfatório, cujos benefícios agradem a população – e ponto
final. Na prática o PMDB detém o maior número de senadores e segundo maior
número de deputados, isso lhe garante além da vice-presidência, que já não é
pouco, a presidência da câmara e do senado.
Da fossa séptica que se formou no
congresso, vale destacar a tríade Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan
Calheiros. Formam, nesta ordem, a linha de sucessão presidencial, caso Dilma
seja impedida de governar. Todos citados nominalmente no escândalo da
Petrobras. Todos raposas velhas, dispostos a usar todo o capital político que
têm para salvar o próprio pescoço e, quem sabe, virar a mesa.
O ‘salve-se quem puder’ que se instalou
em Brasília não se restringe aos três. Políticos e empresários envolvidos no
escândalo vigente fazem o que podem para salvar o que conseguirem, sendo que
alguns terão sorte se salvarem a própria liberdade enquanto outros contam com
capital social e político fortes o suficiente para serem esquecidos pela mídia
e consequentemente pela população.
Enquanto batem panelas onde se cozinha
os bois de piranha, o restante do rebanho passa tranquilo, formando uma base
aliada cada vez mais fiel à oposição para barrar qualquer atitude racional que
se possa dar para a atual crise política. Em time que está há mais de trinta
anos ganhando, definitivamente não se mexe.
Ótima reflexão. Vou usar esse texto em minhas aulas ;)
ResponderExcluirNada de doutrinar aluninhos!
ExcluirJacaré no seco anda? rsss
ResponderExcluirBesteiras à parte, boa reflexão.
Olha aí a oposição tentando desqualificar meus argumentos! ;)
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