leopardos caçam,
carros correm de um lado a outro
pessoas choram pelas mais diversas razões
se desesperam
Outras sorriem
outras se enfadam com a segunda-feira
Muitas se arrependem de erros
Muitos se desesperam e olham os espelhos e ali: fisgados
estrelas queimam elementos
tanques e canhões pintam o céu com pólvora e um zunido
Enquanto escrevo, permaneço,
Em minha permanência esqueço
Esqueço das presenças que fui
Permaneço no esquecimento
Do que fui e não sou mais e me vejo como uma sucessão
Meço o tempo e vejo que a presença é a ausência
E sendo ausência quem pode dizer que fui
Uma vida, uma sucessão de acontecimentos.
Enquanto escrevo, a janela brilha no sol
Meu irmão ri,
a floresta tomba, mães choram, pessoas se matam.
E tudo isso é mistério, passado, futuro e presente de alguém
E eu não estou lá. Eu não sei o que é estar lá.
Estar lá e ser esse alguém que mata e que morre. Posso ser esse alguém amanhã
Posso também não ser. posso ser outra coisa
E essa outra coisa não está aqui agora, pode nunca estar
Mas ao não estar, ao ser ausência e ser como a voz oculta de uma presença o que pode se dizer q exista?
Quem pode dizer que de fato existe?
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