“Quer essa sapatilha? Não dá em mim, aperta meu pé”. Conferi
o número, provei e era linda, então aceitei a doação da minha amiga, que estava
fazendo uma limpa no guarda-roupa. Usei a bichinha um dia e deu tudo certo. Mas
no segundo dia senti. Apertou calcanhar e dedo mindinho, suplício de um dia
todo. Machucou de tal forma que eu queria tudo, menos estar calçando aquele martírio.
Pensei o mesmo sobre pessoas. A gente se relaciona com um
punhado de gente e, quando dá errado, quando o calo aperta, quando faz bolha,
machuca, culpamos primeiramente o pé. Nem falo do pé na bunda. Falo do pé
metafórico que calçou aquele relacionamento. Não deu certo, não rolou. Fiz algo
de errado. Não sirvo para isso. A química não deu certo, isso sempre acontece
comigo. Hoje, baseando minha hipótese em duas usuárias-testes, eu e minha
amiga, vi que a culpa era da sapatilha. O problema é do calçado, da sua forma
assassina. Às vezes, a pessoa que cria calo, bolha, independentemente de quem a pise. Faz o inferno, independentemente em que vida passe.
De qualquer forma, tem uma sapatilha aqui em casa para
doação. Porque acredito que mesmo que nos machuquem, cada uma delas, pessoas e
sapatilhas, merecem sempre mais uma chance.
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