Quem nos dias de hoje escreve uma carta a alguém? Quase ninguém,
não é mesmo? Quem dirá um bilhete. E anônimo!
Pois bem, eu que vivo mergulhado aos recursos da tecnologia, na
velocidade da troca de informação, da mensagem instantânea, quase pra ontem,
resolvi enviar um bilhete desses, anônimo, dizendo sinceridades na expectativa
de chamar-lhe a atenção.
Observei de longe. O bilhete dançava sob a brisa leve do ar
condicionado, incomodava a atenção de quem ali estava concentrada. Da mesa para
tuas mãos, deslizou por teus dedos e desfez as quatro dobras do papel. Fitou
frente, fitou verso.
Verso! Lá estava, às tuas fuças, o verso. Teus olhos dançaram, da
esquerda pra direita em quatro ou cinco golpes. Quantidade de linhas dele, o
verso. Na frente ofegava o meu verso ofuscante. Quis prosseguir, e meu verso
entender.
Não sei, sorriu, eu vi. Mas anônimo eu fiquei. Tanto em pergunta
quanto em resposta. Não sei, sorriu. Foi anônimo e sei que leu. Basta! Dei meu
verso e fui, sabendo que meu verso ela leu.
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