Você sabe que há algo errado quando alguém canta: “Não atire o pau no gato, to…Porque isso, so…Não se faz, faz, faz…Jesus Cristo, to…Nos ensina, na…A amar, a amar os animais…Amém!”. Há algo de podre no politicamente correto que mora debaixo de todo esse nosso “nada a declarar”.
No colegial, tive um professor diferente. Ele entrava em sala de aula, tirava o jaleco, puxava uma cadeira para o centro da sala e dizia algo como: “Só o Brasil mesmo para eleger um cara que nunca dirigiu um carrinho de pipoca que seja e tem um dedo a menos para presidente da nação”.
Entre petistas, tucanos e adventistas, estava iniciada a aula. Era difícil ficar passivo às suas afirmações absurdas. Interpretava o advogado do diabo, utilizando argumentos que o próprio ex-anjo não teria coragem de defender. E, dessa maneira, eu e outros estudantes descobrimos idéias e posicionamentos que não sabíamos que tínhamos.
Não debater empobrece o pensamento. Ter personalidade não é saber se posicionar diante dos outros, mas estar disposto a ser transformado pelo meio. É preciso não ter medo de mudar de idéia, de construir o seu conhecimento por meio de uma filosofia ‘wiki’, de contribuição, exclusão e adição constante de novos conceitos.
Às vezes, é preciso provocar um pouco para saber o que as pessoas realmente pensam. Nem todo mundo ama velhinhos, não é sempre que ficamos felizes com uma política social que nos aumenta o imposto, o meio ambiente nem sempre deve ser a prioridade quando eu preciso chegar mais rápido no trabalho. É a cultura do politicamente correto que faz com que deixemos de perceber qual é a razão pela qual estamos fazendo as coisas.
Um exemplo: não se engane. A proibição de fumo em ambientes fechados de uso coletivo não acontece porque o governador José Serra tem um apreço inestimável pelo pulmão dos paulistas. É que, cada vez mais, há pessoas com câncer em cuidados paliativos que exigem um gasto enorme do estado em saúde. Logo, mais fácil dificultar o acesso ao cigarro e fazer com que jovens, frequentadores de bares e baladas, acabem por achar um saco ter que sair do estabelecimento para fumar e deixem o vício. Mas é bem mais bonito quando falamos que isso diminui a poluição na cidade e influencia em uma vida mais saudável, não?
Não tenha medo de se sentir ‘cutucado’ pelos temas que te incomodam. Não tenha medo de falar sobre eles. Estar errado sobre algo não é crime algum quando se está disposto a aprender sobre o tema. É só não permitir que o silêncio e o conforto do que é agradável se transformem em uma anestesia cerebral.
Sempre que me percebo em coma social, entro em conflito. Não comigo, mas com os outros. Só esse choque de dúvidas me faz encontrar o que eu realmente acho sobre algo, nem que seja à base de ironia, sarcasmo ou mero cinismo em forma de discurso. E como é bom não ter a palavra final sobre um assunto.
eu quero ser uma velhinha de cabelos roxos, mas odeio quase todas as pessoas velhinhas q eu conheço.
ResponderExcluircomo diz meu amigo kenan, parece que o tempo aprimora o que a pessoa tem de pior.
Não sou muito fã de discussão, e nem um pouco fã do Serra, aquele arrombado.
ResponderExcluirConcordo plenamente com Marcela!!! Tabalho com idosos e juro que me esforço pra ser educada com eles, mas quando a gente se esforça demais já tem coisa errada. Óbvio, com suas excessões. Óbvio também que vivemos num mundo de interesses, onde quase tudo gira em torno de objetivos egoístas. Triste.
ResponderExcluirconcordo plenamente!
ResponderExcluire essa é uma condição que venho buscando dia a dia.