Sinto falta do barulho no cinema. Pronto, falei! E que todos saibam que cinema é experiência coletiva para ser compartilhada com a pessoa ao lado. E isso inclui risadas espontâneas, cochichos e comentários, disputas pelo encosto de braço e chutes na cadeira da frente.
E que, ao contrário do que o Cinemark diz, você pode, sim, deixar pipoca cair no chão. E se um celular ou outro tocar uma vez, ou outra, tudo bem, faz parte. Pra gente lembrar, desligar, e perceber que estamos diante de um portal pra um mundo paralelo bem nosso, uma experiência cinematográfica explorada em som e imagem para que você se desligue do planeta azul e preste atenção do que está ali, na tela. Verdade ou não, esse é seu mundo por 90 ou mais minutos, caso você esteja assistindo algum filme do Peter Jackson.
Quem quer silêncio daqueles absolutos de se ouvir a respiração que espere e alugue ou DVD ou vá ao The Pirate Bay.org e resolva sua vida. Sou fã de cinema, sou fã de filmes e fã DO cinema. Da sala, dos bancos, das cabeças mais altas que sentam à minha frente e me impedem de ver algumas cenas. E filme foi feito pra ver assim, aos montes, em grupos, em bandos.
Cinema é arte. Seja a sétima ou que número for, deve ser apreciada como tal. Seu veículo principal não é a cópia pessoal, o DVD, o *.mpg, mas a telinha, ver se os outros estão rindo. Ouvir alguém soluçar de choro, do outro lado da sala. Os bancos balançando de casais se pegando no fundo, lá no escurinho.
Não há registro de arte tão cara e elitista. Mesmo independente, fazer filme custa muito dinheiro. Não há sentido em fazer isso para poucos. Fazer um filme cabeça para dois ou três seria criar uma cultura que valoriza as bundas dos assentos mais caros do pedaço. Vamos popularizar o cinema. Menos glamour e mais arte. Menos papo-cabeça e mais bundinhas nos assentos, por favor. Vamos qualificar nossas poupanças. Em vez de dar pão e circo, sugiro pipocas!
Aqui, o que vale mesmo é inovar, ir além, conhecer as regras do jogo e mudá-las. Brincar com o visual. Sentir o 5.1 Dolby Surround estourar os seus tímpanos. Assistir a David Lynch e não dormir. Ver Woody Allen e não bocejar. Spielberg e sua máquina de sonhos, Spike Lee e seu engajamento ever-present, a competência de Clint Eastwood e a medriocridade de Ron Howard. Isso é cinema. Isso é gostar de cinema. Veja filmes. Vá ao cinema.
apoiadíssimo.
ResponderExcluirDaria um belo documentário ou um comercial. Parabéns.
ResponderExcluirTá muito caro!! Em Brasília, tem cinema q cobra mais de 20 reais. Francamente, é um absurdo. Eu apoio a popularização/democratização do cinema, principalmente, nos preços.
ResponderExcluirgosto da ideia de menos papo cabeça.
ResponderExcluire detesto gente q gosta de cinema e acha q tem mais conhecimento do que o resto da humanidade.
gente, é só um filme, ok? agora vamos voltar a vida.
olha, eu odeio compartilhar o filme com muita gente pq sou muito, muito individualista. mas sabe, seu texto me fez refletir e acho que concordo com vários pontos. parabéns!
ResponderExcluirEu adorei, concordei quase por inteiro. Gosto da presença. Do ritual caótico. Mas gosto das salas menores, para filmes-cabeças para quem tem cabeça, por que SIM, há públicos diferentes para filmes diferentes. Ser otário é impôr Bergman para o público do Spielber ou do Peter Jackson. E sorry, há filmes e filmes, como há livros e livros, pesos e medidas diferentes. Querer que só se produzam filmes-pipocas, descartáveis e superficiais é condenar a possibilidade de expressão de muitos artistas que pensam o cinema para ALÉM DO entretenimento (entretenimento tb, mas nao só). Se pensássemos no gosto atual, não haveria Tarkovski, Kieslowski, Fellini, Glauber, Kurosawa etc etc. Woody, que muita gente acha chato e intelectual. Que viva o cinema, mas viva todo cinema, para além das cabeças medianas e do popularesco fingido de democrático.
ResponderExcluirDavid Lynch não.
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