quinta-feira, 20 de maio de 2010

Popeye - o subversivo

Depois de assitir a um desses desenhos que passam de madrugada, fiquei imaginando as reuniões nas grandes corporações de mídia e comunicação, onde um grande executivo, com um charuto na boca, deve ter explicado aos sócios: "Temos que contratar desenhistas e roteiristas insanos para a produção de desenhos animados, cartoons e animes de conteúdo adulto. O público quer sangue. Abram a mente para a violência gratuita, sexo e falta de moral. O trabalhador médio quer ver muita ação politicamente incorreta quando chega do trabalho ou da faculdade". Ligue na MTV depois das 23h e lá estará desenhos nada infantis. Multishow igual. Até Cartoon Network tem suas versões adultas para os desenhos animados".

Não! Não estou metendo o pau nessas produções, pelo contrário, acho muito divertido e mais: elas dão emprego para pessoas que certamente, se não estivessem criando e desenhando esses cartoons, estariam perdidas na vida.

O caso é que esses desenhos são fichinha perto do original e pioneiro dos desenhos politicamente incorretos, que burlava todos os canais de censura e influenciava toda uma geração no uso de entorpecentes, tatoo, violência e putaria: O Marinheiro Popeye.

Blasfêmia? Delírio? Exagero? Nada disso meu bom amigo, por trás das inocentes historinhas exibidas matinalmente no programa da Xuxa e outros infantes, o marinheiro deixava sua mensagem subliminar e te ensinava coisas que seus pais desaprovariam se prestassem um pouco mais de atenção.

Primeiramente o personagem principal fuma como um louco. Não aparece um segundo sequer sem seu cachimbo da paz, que virou sua principal marca registrada ao lado de sua droga estimulante: o espinafre.

Sim, meus amigos. O espinafre diário do Popeye era sua cocaína. Ele sempre estava triste, para baixo, sem esperança alguma e nos momentos cruciais de cada episódio, a quem ele recorria? A Deus? A um psicólogo? A um livro de auto-ajuda? Não! Era sempre ao espinafre, que lhe dava um novo gás nos momentos de maior dificuldade.

Viciado na planta, Popeye não pensava duas vezes em fazer uso do entorpecente para resolver seus conflitos e expandir suas potencialidades físicas e mentais. A droga era sempre o fator que resolvia todos os problemas. Quem nunca comeu espinafre esperando adquirir poder sobre-humano depois de assistir ao marinheiro?

Popeye também ostentava uma tatoo no braço, dando sinais de sua natureza de vândalo que era confirmada quando resolvia seus problemas na base da porrada. Violência mesmo, nunca vi o Popeye chamando o Brutus para um diálogo, uma conversa franca. Popeye usava seu entorpecente e buscava Brutus para espancá-lo.

Olívia também era péssimo exemplo. Indecisa entre o amor de Popeye e o desejo por Brutus, a vaca geralmente era levada pelo fator material. Muitas vezes Brutus ganhava a garota ao exibir um carro ou algo de valor, deixando o marinheiro a ver navios. O triangulo amoroso era muito explorado no desenho.

Pois é, você nunca se ligou nisso né? Se espanta ao ver South Park? Beavis and Butt Head?

Popeye é o que há, rapá!

11 comentários:

  1. Os desenhos "infantis" são cheios dessas. Quer personagem mais escroto que o Pica-pau??? e o Jerry que sempre aloprava o tom, fazia de tudo pra tirá-lo do sossego de gato e ainda era tido como o bonzinho...

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  2. Adorei o texto! estes desenhos "infantis" realmmente são cheios de mensagens subliminares.. rs..

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  3. Menos mal que o "politicamente correto" estava adormecido em nossa infância, quando poder-se-ia assistir esses desenhos à vontade sem ninguém para encher a paciência.

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  4. pois é, também não entendo os desenhos da nossa época.

    assisto pica-pau as vezes, e nossa, ele é super do mal.
    e o didi moco? sempre passando a perna nos amigos?

    hoje ,por outro lado, nada pode, né? as vezes acho que as crianças estão protegidas demais, criadas para um mundo lindo e justo, um mundo que não existe.

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  5. Ola aos 30...

    Muito bem observado, pois o que vemos hoje nos filmes e desenhos é um reflexo do que desenhos como o popeye incita. Poderia acrescentar o pica-pau que é extremamente mau e que nunca se contetava em só sair ganhando, muitas vezes era cruel mesmo sem choro nem vela.

    Ótimo post e parabens pela originalidade dos 30

    Sejam bem vindos em meu blog e que possa lá também ser edificado na Palavra.

    atalaiadocastelo.blogspot.com

    nicodemos

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  6. Eu não gostava do popaye, odiava (e ainda odeio) espinafre, achava que ele era um tonto por adquirir força comendo aquele troço ruim.

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  7. Camila - a do dia 2320 de maio de 2010 às 15:36

    Além da Olívia ser galinha e maria gasolina ela era anoréxica e bulímica. Um ótimo exemplo para as meninas!

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  8. Cara, eu concordo com quase tudo da postagem, e adorava os desenhos do passado. Pica-pau muito mau, o Jerry, como alguém disse, sempre aloprava o Tom, hahaha. Mas discordo quanto ao espinafre. Claramente, era um modo de dizer às crianças para comer essas coisas ruins, que nenhuma criança gosta de comer, de modo a poder ficar "fortão", derrotar aquele cara que te enche o saco na escola e ficar com a garota. Era um jeito de estimular a criança a "comer direito".

    Abraço,
    Leonardo Schabbach

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  9. Valeu pessoal! O nível dos comentários, as observações e as diferentes sacadas sobre o mesmo tema acabam ampliando o assunto e trazendo novos elementos ao texto. Eu, que escrevi pensando apenas no lado cômico da questão, acabei aprendendo muito sobre entretenimento, adultos e as crianças em nós, que cresceram vendo esses desenhos rss...

    Grande abraço!

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  10. Eu fui uma criança inocente até começar a assistir Popeye. Por isso fiquei careca, fumo, tenho esse aspecto de brucutu, tatuagem de dragao no braço e como brócolis. Também não como a Olívia. E agora percebo, essa atração irresistível que sinto pelo mar.

    Obrigado por me ajudar tudo aquilo que anos de análise nao deu conta. Mas agora pensando, poderia ser pior: Poderia ter sido POKEMON. Concorda?

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  11. AH, voltei e reli os comentário. Eu não acredito que tanta gente levou a sério?????? Isso me deixa chocado. As pessoas nao entendem mais ironia?. Ou pior, as pessoas defendem a imbecilização atual da sociedade, onde uma onda de "politicamente correto", ou seja - moralismo, valores cristãos e hipocrisia maniqueista - ditam aquilo que o cidadao deve pensar, ou como agir.

    Só a ausencia de capacidade intelectual para compreender/interpretar permite entender como o "cidadao" vai conferindo ao Poder direito para ditar a norma da sua vida, proibir menininhas más em telenovelas, comerciais com louras sensuais, violência que sempre houve e haverá no universo infantil, que no fundo, é o universo humano. Pelo jeito, vem por aí a ditadura dos demagogos e do senso-comum.

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