Hoje, na capital cinza, tenho como companhia apenas os carros que passam lá embaixo, na avenida. São dez e meia da noite e eles ainda fazem barulho e filas no semáforo. Em trinta minutos, pontualmente, eles se irão, deixando para trás apenas os colegas retardatários, solitários, e outros ários que trafegam na mão correta da avenida, mas na contramão da vida. Talvez levem uma garrafa de cerveja na mão, talvez um Miles Davis ou um triste sertanejo no rádio, talvez uma dor no coração. Ou quem sabe não sintam nada disso e seja apenas eu que os empresto agora meu sentimento doloroso e vazio.
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Agora, a avenida despovoada acena que o dia acabou. Há somente algumas décadas, acabava quando o Sol se despedia no horizonte, hoje acaba assim. Mas não reclamo. Pior vai ser quando, em breve, ele acabará só eventualmente, quando uma pane inesperada derrubar a conexão internet ou a energia elétrica, interrompendo nosso dia permanente.
Boa noite, São Paulo.
Do caralho Douglas, vizinhança e casas térreas com cachorros sujando quintais é o verdadeiro paraíso.
ResponderExcluirAmei. simples assim.
ResponderExcluirEu tbm gostei mto desse post!
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