Até os 14 anos, o máximo de conhecimento que eu tinha de São Paulo era fruto de duas viagens ao Playcenter, em excursão com o FISK, além de todas as matérias de TV regadas a enchente, poluição e violência. Nas viagens, ficávamos dentro do ônibus no caminho até o parque e todo o cheiro ruim que sentíamos nesse trajeto simbolizava o Tietê:
- Ihhh, agora a gente tá passando pelo Tietê! - alguém gritava.
Também teve a vez que eu, minha mãe e irmã viajamos de ônibus ao Rio de Janeiro e no caminho, deveríamos descer em São Paulo para pegar outro ônibus.
- Tem que descer na rodoviária do Tietê, o ônibus vai parar primeiro na rodoviária Barra Funda, mas você desce no Tietê! - alertava meu pai para a minha mãe, antes de entrarmos no ônibus.
Minha mãe vomitou a viagem inteira, minha irmã de 5 anos também e, na primeira parada que o motorista gritou "São Paulo!" depois de 12 horas de viagem, descemos esbaforidas e meio segundo depois do ônibus partir minha mãe se ligou na cagada. Pegamos um táxi até o Tietê e com ele o típico trânsito paulista. Gastamos os olhos da cara, isso mesmo o taxista sendo pernambucano igual a minha mãe e dando desconto.
Até os 14 anos, a imagem que eu tinha de São Paulo era só de um lugar feio, cinza, fedido, caro, cheio de água, violento e ingrato. Foi naquela viagem ao Rio que jurei nunca morar... aqui, onde moro hoje. Aprendi a ver São Paulo com outros olhos, aprendi a me abrir ao novo, ou àquilo que não tinha visto antes. Que São Paulo tem, sim, todas essas características não nego. Mas na minha balancinha pesei bem se o que eu ia ganhar morando aqui não superaria a parte ruim. Por enquanto, meu lado paulistano anda vencendo.
Eu jurei não trabalhar sem ser carteira assinada, eu também jurei não trabalhar em lugares onde deveria pegar ônibus, eu jurei não ir para lugares chiques porque não sei me vestir bem. Daqui 14 dias vou me entregar a tudo isso que reneguei e estou incomensuravelmente (palavra grande porque o sentimento é idem) feliz. Depois de tantas juras e juras descumpridas comigo mesma, em nome da minha felicidade, aprendi só uma coisa, a não jurar. Aquele cuspe que você lança em algum lugar volta depois para te cobrar. E engolir cuspe cuspido, meu filho, não dá.
- Ihhh, agora a gente tá passando pelo Tietê! - alguém gritava.
Também teve a vez que eu, minha mãe e irmã viajamos de ônibus ao Rio de Janeiro e no caminho, deveríamos descer em São Paulo para pegar outro ônibus.
- Tem que descer na rodoviária do Tietê, o ônibus vai parar primeiro na rodoviária Barra Funda, mas você desce no Tietê! - alertava meu pai para a minha mãe, antes de entrarmos no ônibus.
Minha mãe vomitou a viagem inteira, minha irmã de 5 anos também e, na primeira parada que o motorista gritou "São Paulo!" depois de 12 horas de viagem, descemos esbaforidas e meio segundo depois do ônibus partir minha mãe se ligou na cagada. Pegamos um táxi até o Tietê e com ele o típico trânsito paulista. Gastamos os olhos da cara, isso mesmo o taxista sendo pernambucano igual a minha mãe e dando desconto.
Até os 14 anos, a imagem que eu tinha de São Paulo era só de um lugar feio, cinza, fedido, caro, cheio de água, violento e ingrato. Foi naquela viagem ao Rio que jurei nunca morar... aqui, onde moro hoje. Aprendi a ver São Paulo com outros olhos, aprendi a me abrir ao novo, ou àquilo que não tinha visto antes. Que São Paulo tem, sim, todas essas características não nego. Mas na minha balancinha pesei bem se o que eu ia ganhar morando aqui não superaria a parte ruim. Por enquanto, meu lado paulistano anda vencendo.
Eu jurei não trabalhar sem ser carteira assinada, eu também jurei não trabalhar em lugares onde deveria pegar ônibus, eu jurei não ir para lugares chiques porque não sei me vestir bem. Daqui 14 dias vou me entregar a tudo isso que reneguei e estou incomensuravelmente (palavra grande porque o sentimento é idem) feliz. Depois de tantas juras e juras descumpridas comigo mesma, em nome da minha felicidade, aprendi só uma coisa, a não jurar. Aquele cuspe que você lança em algum lugar volta depois para te cobrar. E engolir cuspe cuspido, meu filho, não dá.
Quando dizem aqui é violento eu concordo com tudo, falo pra pessoa nunca vir a minha amada SP e ainda falo, ironicamente pra ver se a pessoas se toca...
ResponderExcluir"Minha vó, qdo vai a padaria, leva embaixo do saiote uma calibre 12, geralmente ela mata um por semana, mas ainda é enganada umas 3 vz por semana". Trágico, trágico.
Tati, não me canso de ler seus textos.
ResponderExcluirApavorou.
Eu tb gosto muito deles, Camila!
ResponderExcluirAmo São Paulo! Amo seus textos!
ResponderExcluirGosto de São Paulo, nasci aqui, mas já pensei muito em ir para outro lugar. Agora que vou a pé trabalhar e estudar, gosto muito mais! Mas, hoje gosto mais de ]são Paulo, porque parece que não moro em São Paulo. Ao menos nessa São Paulo que você descreveu em seu texto e que é como muita gente enxerga minha terrinha.
ResponderExcluirDucaralho, Tati. Eu tbm tinha essa visão de SP. Aí algumas pessoas chegavam pra me dizer: "São Paulo é a sua cara." Fudeu! Sou cinza e fedo.
ResponderExcluirNão tem como não se apaixonar pela Paulicéia. Adoro suas crônicas, baby.
bjs
Ela é tão linda e talentosa que tenho vontade de cuspir nela. Mas não cuspo, só beijo.
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