quarta-feira, 24 de abril de 2013

A sua vez

Não dava sorte. E, quando tentava, nada dava certo. Quando o pão escorregava da sua mão, o pote de manteiga inteiro caía virado pro chão. LNa escola levantava a mão, mas ninguém reparava. E era sempre assim. Avisava, mas ninguém ouvia. Durante um assalto, o ladrão nem percebeu que estava ali. Perdeu a vez na fila, mas foi encontrado pela bala perdida. Até na guerra, o frango era urubu. Era sempre o último a entrar no metrô. Um dia, de tão atrasado, não percebeu que a porta já tinha fechado e caiu no vão. Ninguém notou, o maquinista não percebeu e o trem passou por cima, como se não tivesse ninguém lá. Ao chegar do outro lado, era o último da fila. Mas os últimos serão os primeiros, então ressuscitou antes de todos os outros. E chegou a tempo de conferir o fim do mundo de camarote, na primeira fila. Conformado, pegou uma pipoca para assistir ao espetáculo.

Pena que mordeu o piruá e quebrou o dente.

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