Eu sei ler seu humor pela sua despedida. Sei a diferença
entre beijos, beijo, beijão, bj, ou palavra nenhuma. Na falta de um s ou em uma
abreviação, sei em que grau quer me matar. Sei quando está morta de tesão, sei
quando é pressa, sei. Quando lê e não responde, maus lençóis, péssimos lençóis estou.
E você é tão cristalina, mais fácil de ler que livrinho infantil, que cartilha.
Não sou eu clarividente, é você, transparente. Até no escritório você deve agir
assim. Sem nem pensar em intimidade, projeto de vento e popa, a despedida do
e-mail assinala: beijos! Alá, até ponto de exclamação. Relatório para fazer,
mil páginas para preencher e a despedida é att. Quando a raiva é tamanha, chefe
insuportável, colega mala e a puta que pariu, vem um sem mais. Sem mais, esse
desejo de morte. Sem mais, essa vontade que o outro leia o e-mail e nunca mais
responda. Como foi comigo. Até hoje minha tela está aberta no seu e-mail.
Frieza de texto empresarial, desculpas dedilhadas por nenhum amador. Discurso
derradeiro. Irônico, esse não teve nem despedida. Foi só o ponto final, antes
da assinatura. Nome e cargo. Você foi tão profissional que terminou comigo do
e-mail corporativo.
Gostei demais do texto, infelizmente sei exatamente o que está escrito...já senti na pele...
ResponderExcluirÉ um texto ficcional, Iara! Quis fazer um exercício escrevendo como um homem. Nunca passei por isso, mas quis imaginar como seria (como homem) vivenciar essa experiência.
ResponderExcluirTetxo phoda. :)
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