terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quarentolândia


O corpo humano considera que cruzar a fronteira da Quarentolândia é um grande feito. Por isso ele celebra com vários eventos comemorativos no seu organismo que é para você ter certeza da doce alegria que é trilhar o caminho para a velhice. 
 
Aos 40 anos, suas costas doem. Músculos que você nem sabia que existiam doem. Você se pega esticando o braço e colocando o papel lá longe porque não consegue mais ler as letras tão pequenas. É, meu caro. Sua vista, assim como todo o resto do seu corpo, está cansada. 

Certeza que os 12 Trabalhos de Hércules, o coroa quarentão, incluem “colocar linha na agulha” e “ler a data de validade na cartela de Tylenol”. É o paradoxo da bula. Quanto mais você precisa de remédios, menos consegue ler as instruções.
  
Aos 40 anos, você atinge uma nova marca. Quarenta em algarismos romanos é XL. EXTRA LARGE. Ou seja, você agora é gordo até na idade. 

Seguindo essa linha de raciocínio, o universo resolveu me dar de presente uma gordura localizada nos quadris chamada carinhosamente de “culote”. Que é mais ou menos como se as suas coxas estivessem eternamente entre parênteses.

Até então eu tinha sido gorda em apenas um sentido – não apenas o literal, mas frente e verso. Barriga e bunda. Norte e sul. Agora sou gorda também para os lados. Para todos os lados. Trezentos e sessenta graus de pura fofura. 

Mas eu não sou velha, eu sou retrô. Sou old school. Sou vintage (quarentage, como diria @andreh77). Sou um clássico.

E como acontece com todos os bons clássicos, fizeram uma remasterização para marcar essa data redonda – e bota redonda nisso! Por isso, ao completar quarenta anos, eu não engordei para os lados. Eu simplesmente fui relançada numa edição especial em 3D.

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