Éramos centenas quando nos libertaram. Estávamos todo livres pelas
ruas. Corríamos e cintilávamos em massa, como se fosse uma novidade respirar.
Já de cara, algumas dúzia tomaram rumos solitários, acreditando
ser assim a forma de encontrar a felicidade. Resolveram cintilar pr'aqui e pr'acolá sozinhos, com penas a luz que os seguiam. Até quando?
Um outro punhado deles ficaram pra trás logo na primeira traição.
Traídos pela desatenção do destino, foram macerados pela brutalidade das rodas
da discórdia antes mesmo que pudessem cintilar por alguma por razão.
Dos tanto outros que restaram, dançaram ao som do vento e cintilaram
à luz da rua, à luz da lua. Muitos se encontraram com as folhas secas que sambavam
já secas e sem vida e assim, mais um pouco deles perderam seus brilhos.
E como numa estrada livre e desimpedida, aprendemos que há perigos
e desafios. Alguns aprendem da forma mais cruel, outros com a sorte e poucos
com as oportunidades.
Daquelas centenas já subtraídas restaram pouco mais que duas dúzia
que logo foram vistos em grude com os chorumes escorridos nas sarjetas.
Agora éramos dezenas. Dezenas estas que juntas mal formavam
uma unidade. Cansados e já sem brilho, não viam mais graça nessa tal de
liberdade. Cintilavam agora não mais por alegria, mas por necessidade de
iluminar seus próprios caminhos e o que era alegria por brilho, passou a ser alegria por
vencer obstáculos.
De todos os corações, não sei exatamente o que houve com muitos,
mas certeza tenho eu, que agora tenho caneta e papel pra descrever as desventuras
de uma estrada traiçoeira e árdua, mas que para mi, até agora serviu de lição.
Agora cintilo em comemoração por ter saído vitorioso e contar a vocês a minha
versão do que é verdadeiramente cintilar.
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