segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Só Bolsonaro não decepciona



Lá se foi 2019. Sabíamos desde 2018 que seria um ano de amargar, mas nutri algumas esperanças, ao menos para ter onde me apegar. Que ilusão.

Acreditei que a justiça resolveria o assassinato de Marielle Franco, mas hoje faz 677 dias que me pergunto quem é o mandante do crime e quais as razões.

Pensei que eventualmente o PSDB acordaria do delírio de uma oposição irresponsável, que resultou em patéticos 4,76% dos votos para a candidatura milionária de Alckmin, mas seguem culpando o PT até pelos problemas de São Paulo, que governam desde 1995.

Quem sabe a grande mídia não aprenderia, ainda que na porrada – por enquanto simbólica – a importância de uma cobertura honesta dos fatos, mas continuam varrendo para baixo do tapete as injustiças que vêm cometendo desde a articulação do golpe.

Talvez a própria população caísse na real depois que a “Vaza Jato” escancarou o óbvio. Sergio Moro, pintado como acima do bem e do mal, tinha lado, viés, interesse pessoal e fez muita gente de trouxa. Mas o escândalo só serviu para domesticá-lo e deixa-lo na coleirinha pelo presidente.

Os nacionalistas decerto se revoltariam ao saber que Paulo Guedes gostaria de vender até o Palácio do Planalto. Que nacionalistas são esses, dispostos e destruir o país e aceitar o sucateamento da ciência, pilar de sustentação de qualquer país? Mas basta uma demão de verde e amarelo para o mundo permanecer cor-de-rosa.

Não adianta. Há pouco mais de um ano, só Bolsonaro não me decepciona. O presidente me lembra um episódio do Chaves, quando o Prof. Girafales, didático como só um professor pode ser, diz o que parece caber como uma luva no representante do Planalto:

“Talvez a vocês o trabalho dele parece tolo, inútil, comum, vulgar. Sim. Concordo. Mas é que devem levar em conta que se trata de um indivíduo sem nenhum preparo. De um pobre diabo que nem sequer concluiu o primário. De um pobre infeliz que mal aprendeu a ler e a escrever. De um reles... de um joão-ninguém...”

E correspondendo, finalmente, às minhas expectativas, surge Bolsonaro cumprindo o que dele se espera. Um trabalho patético, subserviente, entreguista e submisso, em uma realidade paralela, onde o comunismo é uma ameaça e os Estados Unidos a solução.

Cansei de ter esperança. Para 2020 minha única expectativa é a do governo patético de um pateta. Não é bem algo em que posso me apegar, mas na atual conjuntura, evitar frustrações já é um passo importante.

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