segunda-feira, 12 de abril de 2021

Gentil

É possível nestes tempos ser gentil? Ou gentileza só existe na tranquilidade dos ventos, no sol da tarde e com um copo de vinho?

Não lembro quando comecei a usar a internet, mas desde 2010 assumi um compromisso com o meu blog e mergulhei neste mundo virtual. Já são onze anos e já passei por várias fases e governos.
Nos últimos tempos ando meio assustada, parece que a internet virou a única janela que temos ao mundo e as pessoas decidiram usá-la para gritar. É isso que se escuta o tempo inteiro, os berros. Pessoas são canceladas, textos criticados, atitudes julgadas e condenadas.

Parece fim de feira, com aqueles gritos de oferta. 
Estamos todos nervosos, sim, com razão. Lidar com uma pandemia já é o suficiente, mas nós estamos em um país à mercê de uma política negacionista.

É justo estar ansioso, histérico, triste e perdido. Estamos todos.
Mas para que transformar a internet em uma arena, onde só quem gosta de brigar se sente à vontade para entrar?

O que se pode resolver aos gritos e ofensas na rede?
Não sou fã da humanidade e jamais vou dizer que acredito no ser humano.

Um pouco de cinismo e o fato de ter nascido sob o signo de Virgem explicam a minha eterna desconfiança com o ser humano.
Sei que diante de tanto caos não se pode esperar abrir a internet e ver pessoas recitando poesias nem cantando. Mas até quando vamos ser rudes e brutos? Até onde vamos com essa falta de gentileza?

Ser gentil é atemporal, não precisa de local nem data. É simples, é fácil.

A nossa falta de gentileza é assustadora. 
Parecemos ou sempre fomos, desgovernados.
No limite não sabemos reagir com gentileza, vamos aos berros.

Ah, mas é fruto da nossa cultura, da nossa história, somos um país colonizado.

Pois é, desculpas sobram. O que falta sempre é gentileza.


Iara De Dupont

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