terça-feira, 8 de setembro de 2009

A fuga

E então ela disse adeus e fugiu. Uma fuga calculada, medrosa, planejada (como não poderia deixar de ser), mas uma fuga. Queria poder ficar, amava muitos ali e era amada, se sentia amada. Ali, era cômodo, era fácil. Comodidade cara: haveria de se perder a cada dia, de não se saber, de se apagar. Sentia afogando-se em si mesma, afundando. Era como se vivesse para dentro. E então ela disse adeus e fugiu. Fugiu para o inexistente, para o nada, para o tudo. É que o nada possibilitava o tudo, o qualquer. Ali, referências não havia, nem delimitação. E, por ser ninguém, poderia ser quem quisesse, poderia ser uma a cada dia ou todas em um dia. E nisto consiste suas horas: constuir, reescrever, passar a limpo e, silenciosamente, ser.

14 comentários:

  1. Não é sempre q temos tempo de passar a limpo ou dizer adeus.
    Mas precisamos seguir sempre.

    Adorei

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  2. Eita tema corriqueiro esse na minha cachola, só que não seria tá fugido, seria tá achado.

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  3. Acho desumano gostar pouco de muitos. Ser alguem é gostar muito... de poucos.

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  4. Não chamaria isso de fuga e sim inteligencia! A pessoa que foje das coisas não tem inteligencia pra saber que o nada muitas vezs é tudo!

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  5. Mesmo que quem fuja não tenha inteligência, acho fugas fundamentais, às vezes. E a sua foi, então, perfeita. Amei.

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  6. conhecendo o contexto o texto ganha mais sentido... hehe... se cuida!

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  7. Me vi completamente no texto.. Só me falta o principal: a Coragem!
    Perfeito, parabéns!
    Fiquei fã do Blog

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  8. Post inspirado. A gente precisa ser a gente o máximo de tempo possível. Entende?

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  9. Acho que conheço alguem com uma história assim... Ou se não, bem parecida... Mas o importante é a busca que a fuga causa...

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  10. Fugir é sempre bom mas ficar tbm é essencial p/ crescer!

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  11. Quando a coisa aperta, quando o choro intala, quando olho e sinto ah, não tem jeito...eu fujo, fujo mesmo, corro pra ficar só, chorar só, pensar só...

    um especie de renovação...fenix resurgindo das cinzas.

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