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Mora na Vila Joaquim Moreira, lá onde judas esqueceu o corpo. É filha do seu Antônio Filho. Homem de bem, honesto, trabalhador,e cabra bom. Tem um pedaço de chão, com algumas cabeças de gado, cabrito e um jegue. Os bichinhos magros, magros, daqueles que mostram as costelinhas. A casa antiga, ainda com cerca de pau. Um roseiral, cheio de onze horas,misturado a capim-santo. O terreiro bem cuidado da dona Francisca, (Chica pros de casa), e aguado pelo seu Antônio. O pobre carrega água no barril, num jegue, naquele solsão quente, pra satisfazer os caprichos da dona Chica. Desce a estrada de terra, até chegar no cacimbão.O pobre homem sabe o quanto ela gosta daquele roseiral, de ficar aguando o modesto jardim. Em terra seca, onde a chuva demora a cair, mato é ouro.É sombra no caldeirão do diacho, tamanho calor, solsão quente.
Dos catorze filhos, três falecidos .Os oito foram embora,não queriam a vida simples, sem conforto da Vila Joaquim. Lá, mal tinha o que fazer e trabalho só mesmo na roça, pastoreando o gado magro e cuidando da plantação. Então, o jeito era ir embora. Partiram o coração da dona Chica, quando subiam naquele ônibus para cidade grande. Dona Chica chorava, de soluçar. E Antônio, abraçado dizia: mais homi, a gente cria os filhos é pro mundo, não é pra gente não!? A dona Chica sabia disso. Mas era difícil, dizer: vá simbora com Deus meu filho...! Sabia que dificilmente se veria. Ás vezes chegava alguma carta, era demasiado choro da Chica e de soslavio olhos azuis lacrimejando saudades, em seu Antônio.
Uma foi simbora para Crato, cidade próximo ao padinho Ciço, e outro para o Café das Primas, acolá nas redondezas. Foi não foi, aparecem por lá, na Vila Joaquim Moreira.Mas aqui, só ficou uma. A filha caçula, dos catorze filhos.Para dona Chica, a conta é assim. Dos três, dois não vingou, mas dona Chica diz que é filho do mesmo jeito. Carregou no bucho, deu peito, segurou no colo, é filho.Era ama-de-leite ,pois cedo devolveu a Deus. Conformada,crê que Deus sabe o que faz. Apesar de não entender, o que fez a Deus para merecer o castigo de ter um dos três filhos morto de morte matada. É assim que falam por lá. Mas na vida a gente remenda o que dá... Então, agradecem a Deus outros filhos, e por ela não ter partido.
A rapariga boa, do beiço gordo e cabelo longo. A moça da mão boa para muncunzá, cabrito e baião de dois. A filha dedicada aos pais velhos e queridos. A brava que sobe no cavalo pra ajudar o pai a tanger o gado. Que faz compras,e trabalha como mascate . A boa rapariga que balança o quadril quando passa. Das coxas torneadas e sibito fino. Dos seios saliente,e da cintura fina.Ninguém se atreve a mexer, baixa os olhos, quando a vê. Fazendo valer as palavras de seu Antônio:rapariga que presta não dá ousadia não!!! Então,esconde os desejos e abafa os calorão. Falta-lhe, um cabra danado que chegue de mansinho (ou não), e pegue de jeito. A rapariga não acredita em pra sempre, então, não pensa em casar. Sabe que no fundo, isso é coisa dos antigos. Quando os casamentos não eram: papel, pedaço de chão e gado.Nada que se compare ao companheirismo, os chamegos e carinhos tímidos dos velhos, após tanto tempo.
Ela é o último presente de Deus, a dona Chica e seu Antônio.Um pedaço da graça e misericórdia de Deus, tamanha bondade e amor.Outro pedaço da ira (deusa?), que a deixa na solidão, noites intermináveis.Seu nome é Deusanira. A caçula dos catorze filhos, cujos pés estão fincados na Vila Joaquim Moreira. Nome lascado de bonito!
Mora na Vila Joaquim Moreira, lá onde judas esqueceu o corpo. É filha do seu Antônio Filho. Homem de bem, honesto, trabalhador,e cabra bom. Tem um pedaço de chão, com algumas cabeças de gado, cabrito e um jegue. Os bichinhos magros, magros, daqueles que mostram as costelinhas. A casa antiga, ainda com cerca de pau. Um roseiral, cheio de onze horas,misturado a capim-santo. O terreiro bem cuidado da dona Francisca, (Chica pros de casa), e aguado pelo seu Antônio. O pobre carrega água no barril, num jegue, naquele solsão quente, pra satisfazer os caprichos da dona Chica. Desce a estrada de terra, até chegar no cacimbão.O pobre homem sabe o quanto ela gosta daquele roseiral, de ficar aguando o modesto jardim. Em terra seca, onde a chuva demora a cair, mato é ouro.É sombra no caldeirão do diacho, tamanho calor, solsão quente.
Dos catorze filhos, três falecidos .Os oito foram embora,não queriam a vida simples, sem conforto da Vila Joaquim. Lá, mal tinha o que fazer e trabalho só mesmo na roça, pastoreando o gado magro e cuidando da plantação. Então, o jeito era ir embora. Partiram o coração da dona Chica, quando subiam naquele ônibus para cidade grande. Dona Chica chorava, de soluçar. E Antônio, abraçado dizia: mais homi, a gente cria os filhos é pro mundo, não é pra gente não!? A dona Chica sabia disso. Mas era difícil, dizer: vá simbora com Deus meu filho...! Sabia que dificilmente se veria. Ás vezes chegava alguma carta, era demasiado choro da Chica e de soslavio olhos azuis lacrimejando saudades, em seu Antônio.
Uma foi simbora para Crato, cidade próximo ao padinho Ciço, e outro para o Café das Primas, acolá nas redondezas. Foi não foi, aparecem por lá, na Vila Joaquim Moreira.Mas aqui, só ficou uma. A filha caçula, dos catorze filhos.Para dona Chica, a conta é assim. Dos três, dois não vingou, mas dona Chica diz que é filho do mesmo jeito. Carregou no bucho, deu peito, segurou no colo, é filho.Era ama-de-leite ,pois cedo devolveu a Deus. Conformada,crê que Deus sabe o que faz. Apesar de não entender, o que fez a Deus para merecer o castigo de ter um dos três filhos morto de morte matada. É assim que falam por lá. Mas na vida a gente remenda o que dá... Então, agradecem a Deus outros filhos, e por ela não ter partido.
A rapariga boa, do beiço gordo e cabelo longo. A moça da mão boa para muncunzá, cabrito e baião de dois. A filha dedicada aos pais velhos e queridos. A brava que sobe no cavalo pra ajudar o pai a tanger o gado. Que faz compras,e trabalha como mascate . A boa rapariga que balança o quadril quando passa. Das coxas torneadas e sibito fino. Dos seios saliente,e da cintura fina.Ninguém se atreve a mexer, baixa os olhos, quando a vê. Fazendo valer as palavras de seu Antônio:rapariga que presta não dá ousadia não!!! Então,esconde os desejos e abafa os calorão. Falta-lhe, um cabra danado que chegue de mansinho (ou não), e pegue de jeito. A rapariga não acredita em pra sempre, então, não pensa em casar. Sabe que no fundo, isso é coisa dos antigos. Quando os casamentos não eram: papel, pedaço de chão e gado.Nada que se compare ao companheirismo, os chamegos e carinhos tímidos dos velhos, após tanto tempo.
Ela é o último presente de Deus, a dona Chica e seu Antônio.Um pedaço da graça e misericórdia de Deus, tamanha bondade e amor.Outro pedaço da ira (deusa?), que a deixa na solidão, noites intermináveis.Seu nome é Deusanira. A caçula dos catorze filhos, cujos pés estão fincados na Vila Joaquim Moreira. Nome lascado de bonito!
. A soma de Deus, Deusa, de ira, soou Deusanira...
Um verdadeiro primor!
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