Ele a viu de longe. Rodopiando, descontraída, leve. Não fosse pela mão que arrumava insistentemente a franja para o lado esquerdo, um tique nervoso. Talvez isso imprimia nela um certo ar de inquietação. Ele a observava, rodeada de amigas, divertindo-se, rindo muito. Não conseguia tirar os olhos dela. Decidido, atravessou o salão da festa de casamento e a surpreendeu de costas, sussurrando-lhe ao ouvido:
- Tenho medo que você possa escolher as três primeiras opções, mas estou apostando na quarta.
Ela se virou, surpresa, e lhe lançou um olhar de indagação. Ele continuou:
- A primeira é que você tem namorado, a segunda é que você gosta de mulheres e a terceira é que você não fala português.
Ela riu, riu muito. Abriu a boca para dizer:
- Eu ia fingir que era surda-muda, mas, como não contive o riso, não ia colar. Qual é a quarta opção?
- Que sim, que você aceita dançar.
Deixou-se levar. Não acreditou quando ele lhe disse que não tirou os olhos dela a noite toda. Mas dançaram muito, riram muito. Nesse meio tempo ela conseguiu derrubar champagne no casal que dançava ao lado, quebrar o salto da sandália e ostentar no dente da frente, por cerca de 30 minutos, um pedaço de cheiro verde do canapé.
Ficaram a noite toda juntos. Ele estranhamente abobalhado diante dela, que contrariava estranhamente todos os clichês.
Passaram-se dois, cinco, sete anos daquele dia. E eles continuam a se divertir, a dançar como daquela vez. Conforme a música.
De fato, ela era inquieta. Mas com ele se sentia absurdamente completa. Encontrou o lar que tanto buscou. Não num lugar, mas em alguém. Ele, por sua vez, se via pleno. Pleno da certeza de saber de uma vez por todas. Sim, era ela.
Hahaha. Lindo, criativo, divertido, como 'O Par'! A cantada é otima, caso leve um pé na bunda da namorada (bom justificar), posso usar? E se ela responder em japones?
ResponderExcluire quem disse que histórias de amor tem que sempre serem cheias de desencontros, frustrações...quem disse que uma história de amor não pode ser simples assim?
ResponderExcluirUma das coisas mais bonitas que li aqui.
ResponderExcluirque romântica você é/está. gosto.
ResponderExcluirAdorei! Li num livro do Contardo Calligaris esses dias a expressão encontrou o lar na pessoa amada. Já tinha achado lindo, lindo...
ResponderExcluirAdorei! Li num livro do Contardo Calligaris esses dias a expressão encontrou o lar na pessoa amada. Já tinha achado lindo, lindo...
ResponderExcluirtoda romântica.
ResponderExcluirLindo, lindo. Fez esse coração que já não era lá muito duro virar todo uma pasta só.
ResponderExcluirVenham, venham, lágrimas do bem, que vocês só vem pra lavar estes olhos cansados de ver a vida com desencanto. Levem embora essa miopia da desilusão, do desencontro e tragam de volta o brilho.
Valeu, Tati!
Olha eles aí... gostaria de vê-los ao vivo um dia... quem sabe??
ResponderExcluirlindo conto! adorei! =)
ResponderExcluirbjs.
Eu só posso desejar que "eles" continuem a se divertir e a dançar conforme a música não por 7 anos, mas talvez, pela vida toda!
ResponderExcluirInteligente, simples e lindo!
ResponderExcluirPELOAMORDEDEUS, tá aí um dos melhores posts já postos (olha o pleonasmo!!!) neste atualmente inolvidável blog das 30 pessoas. Lindo demais. A cantada, o desenvolvimento romântico-ingênuo-sincero-poético. Adorei besta e fiquei danadamente feliz de ter lido essa conto tao tao tao bonito.
ResponderExcluirMas benzeadeus como escreve bonito!!!
ResponderExcluirSe não fosse o salão da festa de casamento me identificaria muito com a história... hahahha!!
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