quinta-feira, 19 de abril de 2012

A menina

Desde que ela apareceu no nosso grupo eu ando me sentindo estranho. Não quero ser o único do grupo a rejeitar a nova companheira, mas me recuso a confraternizar com ela. Os meninos já sabem da minha opinião, mas isso não os afastou.
Da última vez que saímos todos juntos, eu fingi não me importar com a presença dela, mas tenho absoluta certeza de que não fui muito convincente. É insuportável vê-los todos lá, sob total domínio da atenção dela agindo como se o grupo não existisse mais, como antes. Quando ela está perto é tudo entre cada um deles e ela.
Eles tentam me fazer entrar na onda dela, mas eu, que já não queria antes, agora vendo meus amigos se comportando em função dela, pra ela, com ela e só falando nela, sinto cada vez mais aversão a tudo que ela representa.
Ela faz eles dançarem de um jeito que não parece com eles, faz eles gastarem mais do que precisam, faz com que eles se individualizem como nunca antes. Ela escolhe festas que nós nunca frequentaríamos se não fosse só por causa dela. Festas que eu nem gosto, onde eles e todos os outros parecem só querer saber de dançar com ela.
Eu confesso que já senti vontade de sair com ela algumas vezes, mas sempre me questiono da necessidade real disso. Eu sempre me diverti tanto sem ela e é sempre tão bom. Porque mudar meu comportamento pro jeito que ela faz as pessoas agirem, seria mais divertido? E se é, qual a necessidade de me divertir tanto mais assim? Eu já adoro do jeito que está.
Pode ser que seja egoísmo, ciúmes, o que for... mas prefiro ser o único a dançar sozinho na balada do que fazer parte do grupinho dessa menina.

3 comentários:

  1. Eita! Essa moça é devastadora, certo?! Já adivinhei o nome dela.

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  2. Muito bom... minha mente viajou com se tivesse como companheira "a menina". Muito bom mesmo!

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  3. E eu fiquei com raiva da "menina" tanto quanto você! (risos tímidos)

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