A mulher de Ló o fez.
Orfeu, por Eurídice, também o fez.
E todos aqueles que, com medo, mas curiosidade, olharam para
a Górgona assustadora, também o fizeram.
Não era sem razão que Medusa vivia na escuridão da Ciméria;
Tampouco era sem razões que Orfeu não deveria fazer, mas, à beira de um grande
feito, olhou para o mundo inferior.
E o que dizer da pobre mulher de Ló.
Na fé, na marra ou na dor é que aprendemos que o passado
pode ser bom para se olhar de longe, mas pode nos manter a 20 mil léguas submarinas
com uma âncora chamada neurose.
Na estante do tempo que se foi, deve-se ter a coragem de
jogar toda quinquilharia que sentido já não faz. As dores, desamores, mágoas e
amarguras ocupam espaço demais.
O que se deve manter sem poeira é o que nos motivará a
seguir.
Toda filosofia barata ou auto ajuda já sabem disso há muito
tempo – e o tempo? Ah! ele nós fará saber também;
mas só quando o relógio muda
de 23:59 para 00:00 é que tenho a certeza que só por hoje não petrificarei.
Não olhar nos olhos da medusa e não se distrair com o que
ficou no passado desocupam nossa mente para o hoje e vivendo com os pés no
presente (pode clichê?) se impede que nossa cabeça se vire para trás. Pode-se
imaginar que isso é quase um trabalho de Sísifo.
...e pobre da mulher de Ló, que nem mesmo do nome se soube, por mais hoje está sozinha a se perder em partículas no vento, por que eu não
virei estátua de sal.
Estupendo.
ResponderExcluirNem tenho o que falar.
muito muito bom! e outro tapa na cara...
ResponderExcluirMaravilha! Muito bonito na forma e no conteúdo.
ResponderExcluirCoisa linda Fernando, puta texto da porra.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir