A infância, desde Rousseau, é idealizada. Consideramos como aquela fase em que fomos inocentes, puros e felizes. Nessa perspectiva idílica, a criança não tem problemas ou obrigações e a sua vida se resume a brincadeiras e fantasias. E nós adultos, ressentidos de deixar de ser o que fomos, repetimos de todas as maneiras possíveis o poema de Casimiro de Abreu: "Oh, que saudades que tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais...".
Essa maneira romântica de olhar para o que fomos é, digamos, fofinha. Porém, para sermos honestos, é também muito simplista. A infância é uma fase de muita insegurança para boa parte dos pequenos. Não entendemos o mundo dos adultos, temos de conviver com as perversidades dos colegas e aprender a conviver com os nossos medos: de castigos, de escuro e de extraterrestres. No meu caso, especialmente destes últimos.
Não me entendam mal. Não tive uma infância terrível, não diria isso apesar de todas as minhas crises com as regras sociais. Meus primeiros anos de vida tinham uns cheiros e sabores inesquecíveis. Eu vivia no campo e o relógio andava muito lentamente. Admito que sinto falta de algumas facilidades daquela época, em especial, da comida na mesa e do sono preguiçoso depois do almoço. Mas não voltaria a ser pequena não, podem acreditar.
Agora na adultez olho para a infância como essa fase contraditória e difícil. Gosto demais de crianças e do seu potencial criativo. Ao mesmo tempo, tenho profunda pena delas. As regras e a insegurança atormentam demais as cabecinhas. Vejam bem: elas não são para mim "bons selvagens", como para Rousseau, pois acho até que são bem perversas. No entanto, sou complacente com os pequenos.
Tanto é que desenvolvi um método - em certa medida rousseauniano - para aturar certos adultos: olho para o sujeito - por mais chato e abominável que seja - e o imagino criança. Pronto, consigo humanizá-lo novamente! Essa estratégia tem funcionado para desafetos do dia a dia ou mesmo para figuras públicas. Em alguns casos é extremamente difícil, mas não impossível. Nesse período de eleição, por exemplo, tenho imaginado o Pliniozinho, o Zezinho Serra e a Soninha, todos muito fofinhos e corados.
Tanto é que desenvolvi um método - em certa medida rousseauniano - para aturar certos adultos: olho para o sujeito - por mais chato e abominável que seja - e o imagino criança. Pronto, consigo humanizá-lo novamente! Essa estratégia tem funcionado para desafetos do dia a dia ou mesmo para figuras públicas. Em alguns casos é extremamente difícil, mas não impossível.
rsrsrs Zezinho Serra!
ResponderExcluirÓtima tática, Lu. Já usei várias vezes. Rsrs...
ResponderExcluirEu prefiro compará-los a desenhos e personagens.
ResponderExcluirSerra = Sr. Barnes (Simpson).
Plínio = Gepeto (Pinóquio).
Dilma = Mônica.