quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Vida de menino é maluquinha.


Nunca tive Lego - na minha cabeça, o ápice dos brinquedos infantis. Sempre que ia na casa de alguns amigos dos meus pais que tinham criança, ia no quarto dos brinquedos para ver se achava essa maravilha do universo lúdico. Até pisar sem querer naquelas pecinhas - ai, que dor! - não me desmotivavam. Vejo esses resquícios desejosos da infância até hoje. Eu, com 23 anos. Minha mãe me perguntou o que eu queria de aniversário - em setembro agora, quase ontem - e eu, sem pensar demais, falei: Imagem & Ação.

Desconstruindo o lado menina que morre, bom mesmo é voltar a ser. Não deixar que a vida endureça mais que o necessário. Sempre me deparo com esse botão inexplicável, que transporta, faz ser criança de novo. Mesmo que mediado por jogos - desses que são bons, e não os joguinhos sociais do dia-a-dia. Jogando os ruins, quando se percebe, lá se foi uma vida.

Vendo fotos antigas, me transporto. E parece que está tão perto. A água gelada da piscininha, saída da mina lá na roça. Os furinhos colados com o retalho do plástico azul, para mais um dia de diversão e refresco. Aquele cheiro de terra, de mato, de água, de xixi escondido que a gente faz disfarçadamente - mas que mãe sabe que tem: - Não bebe a água, menino! Teu primo fez xixi aí.

De repente, me pergunto: são lembranças inventadas? Até que ponto essa fase está tatuada em nossos sentidos? Não sei.
 
Esse é o momento em que acordo de manhã e a máquina de fazer torradas está ligada, e o cheiro de suco de limão está convidando ao café - sem café. A briga pelo copinho colorido mais legal. O tio fazendo ovo mole no copo para os primos. A vó dormindo de mão dada comigo - ou então aquela borboleta gigante dos meus sonhos que me levava até a casa dela.

Ser infância e ser a minha, é tudo isso.



Ps. Inicialmente, essa era a minha idéia de post. Depois de ler o dia 12, da Iara, resolvi lembrar direito, ou pelo menos com um pouco mais de realidade. A infância, como todas as fases da vida, é repleta de ambiguidades. Embora para a escrita desse mês, em homenagem ao dia das crianças, só me viesse à mente a parte boa, feliz e serelepe, é claro que tiveram momentos bem ruins - o que hoje as pessoas chamam de "bullying" - "numa terra de morenos ser ruivo era uma revolta involuntária", e gorda então, nem se fala. García Marquez tem uma frase de um livro que diz mais ou menos assim: que só sobrevivemos porque a memória diminui as más lembranças e enaltece as boas. E, para ser sincera, que bom que é assim., já que ressentir é sentir de novo - e pra bom sofredor, um sofrimento inteiro basta.

4 comentários:

  1. Me identifiquei da primeira à última linha.




    Ok, levando em consideração que eu sou moreno, e não ruivo.

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  2. Emanuel, já ia perguntar se vc pintava o cabelo rsss.
    Barbara, fala a verdade, nessa época, uma piscina Regan era o mesmo que o mar. Gigantesca de se olhar e cabia todos os amigos.

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  3. eu queria muito ter uma piscininha dessa de novo! pena que só serviria ao meu deleite hahaha

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  4. Ah, essa piscinha... Muito bom seu texto, Bárbara! Abç!

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