De uns tempos pra cá, todas as noites eu me debruço
na janela lá de cima e coloco-me a medir a floresta com uma régua de vinte
centímetros. Pretendia descobrir o tamanho real dela. Não deve ser tão grande
assim. Vou atravessá-la e alcançar os prédios e aquele monte de luz artificial
que há lá do outro lado da floresta. Às vezes me sinto como uma mariposa que
vai de encontro à luz sem objetivo, sem destino, talvez porque não tenha ou
porque não consegue achá-los.
Outro dia, em cima da caixa d’água da cidade,
descobri que a casa do Seu Bento tem o mesmo tamanho que a floresta que eu
media todas as noites. Três centímetros. Chegou a tão esperada hora. Com mais
alguns cálculos iria conseguir saber exatamente quanto media aquela floresta.
Eu só precisava visitar o velho Bento. Mas quem é que tem coragem de visitar
aquele velho? Daqui de cima ele só tem meio centímetro.
Encontre mais no livro Rascunhos Vivos
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Proporções medonhas.
ResponderExcluirResultados mensuráveis.