quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Da Arte e dos Chifres - em três atos.

Rubens. Dois Sátiros. 1619.


[1]

Eu estou muito interessado no filme Horns. Além de ser de um gênio do suspense concebido com o DNA de outro gênio - filho de peixe, peixinho é, filho de pesadelo não poderia ser diferente - e fico pensando no mote do filme: quando todos que você ama te abandonam, ser o Diabo não é tão ruim assim.

[2]

Eu te invoco e eu te chamo,
Força da noite,
Chifres e cascos,
Sussurro das matas,
Medo dos homens.

Quando o silêncio se instaura, Você está lá.
Os pêlos se eriçam. 
A garganta seca.
A voz some.
As pernas tremem.

Eu te invoco e eu te chamo.
Vem? Vem!
Caminha e corre, 
Desliza e sibila,
Nada e salta,
Comigo.

[3]

Chifres. Antes símbolos de poder, hoje símbolos de traição e mal. Na Arte, os chifres são símbolos do masculino, do falo, do contato fecundante entre Céu e a Terra. Eles são o símbolo d'Ele, que se oculta no suave hálito que antecede o beijo. Todos nós já fomos, cedo ou tarde, tocados por essa potência instintiva que nos instiga a ir além, a enfrentar os limites, superar os medos e temores. Ou seguir com eles, se não houver opção.
Porque só crianças fazem xixi na cama. 
Homens fazem xixi nas calças, mesmo.

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