terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sobre a arte de não se adaptar e de se sentir confortável com isso

Para ler ouvindo:





Bem, este é o primeiro texto que escrevo para o blog e eu tinha sérias dúvidas se eu conseguiria me adaptar a este espaço, visto que não sou muito boa em enxergar a tal poesia do dia a dia. 

Depois de refletir por um tempo, cheguei à conclusão de que a questão principal não é a dificuldade em me encaixar no blog, que conta com vários indivíduos únicos e especiais, cada um a seu modo, e sim a dificuldade em me encaixar na vida. Acredito que me tornei profissional nessa arte, pois, desde que me entendo por gente, tenho dito pra mim mesma que não há problema em ser diferente, que não sou obrigada a pensar ou agir como todo mundo. Outra coisa que me incomoda é essa falsa noção de “todo mundo”, nove letrinhas são muito pouco para dar conta de alguns bilhões de pessoas, logo, acho muito pretensioso quando um grupo começa a vender uma ideia do que é ser normal, baseada em padrões inatingíveis, que causam muitos danos àqueles que se aventuram a tentar segui-los. 

Felizmente, a cada dia que passa, mais pessoas tem tido a coragem de se assumir como elas realmente são e de sentir orgulho disso, e isso tem ocorrido em várias esferas, que abarcam desde etnias até a orientação sexual.

Contudo, esse avanço traz com ele uma série de problemas seríssimos em decorrência da intolerância e quando digo isso não me refiro apenas aos vários casos de espancamento contra homossexuais ou aos estupros em que a vítima é transformada em culpada por usar uma saia curta demais. A intolerância está tão arraigada em nossa sociedade que todos os dias vemos pessoas que se dizem esclarecidas e livres de preconceito fazendo piadinhas ou comentários maldosos sobre gays, por serem muito “afetados”; sobre pessoas acima do peso, “por só fazerem gordices”; sobre mulheres que optam por não manter relacionamentos sérios, por não serem moças “decentes”; sobre meninas que não alisam o cabelo, “por terem o cabelo ruim”. 

Enfim, eu poderia continuar essa lista por muitas linhas, mas acho que já é o suficiente para perceber que qualquer um que resolva abraçar sua individualidade em um mundo de aparências e opressão merece aplausos, e não tapas, elogios, e não ofensas. Então, não! Não vou mudar, nem me adaptar às regras sociais estabelecidas bem antes de eu nascer. E quem realmente gostar de mim vai ter de aceitar isso.

8 comentários:

  1. Que estreia hein, mulher! Espero conhecer ainda mais, a cada dia, as suas idiossincrasias! Beijo.

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  2. Oh, God!

    Que estreia avassaladora!

    Seja bem vinda, Jessiquita!

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  3. Chega chutando a porta e pedindo um cowboy!

    Eu te sirvo. Bem vinda.

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  4. pois é... que tempos chatos do "politicamente correto", né? não se pode mais praticar intolerâncias sem ser incomodado! a vida nunca foi fácil, mas acho que hoje estamos tentando construir um espaço mais largo, que caiba mais gente fora do normal, rs

    Bem vinda!

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  5. É verdade! Eu tive a ideia para o texto depois de ler a Declaração dos Direitos Humanos para ajudar uma amiga com um trabalho da faculdade e perceber que ninguém coloca nada daquilo em prática. E são coisas simples, direitos que deveriam ser garantidos a todos, como diz o artigo II da declaração:

    "Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição".

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