Mulheres correndo na praia - P. Picasso |
Há um desassossego no meu peito
que não cessa. A busca por liberdade. Se fosse resumir tudo, é isso: à
liberdade. Liberdade de ser um espírito em busca de aventuras, de novas
experiências, de encantamento.
Há dias em que o mundo parece
suspenso no ar. Quanto de amor é o suficiente para nos bastar? Quanto de
devoção e dedicação do outro é o suficiente para provar que realmente somos
amados? A ideia aterradora de que somos sozinhos é constantemente abafada, mas
nunca o bastante: queremos provas de amor o tempo todo, porque só assim nos
sentimos menos sós no mundo. E qual o problema em se estar só? Talvez seja o
desnudar-se. É muito difícil se expor ao mundo, é embaraçoso.
Não se espera de uma mulher que
ela seja forte. Não se espera de uma mulher que ela ouse se colocar como um
espírito em busca de liberdade, porque liberdade é uma coisa masculina. Uma tal
mulher que se coloque assim, certamente é perversa, egoísta, insensível,
vaidosa. A sua busca será ofensiva a todos aqueles que estão presos e sem
forças para movimentar-se. “Imagina! Uma mulher...”.
No entanto, no devagar depressa
dos tempos, as mulheres vão se redescobrindo nas suas particularidades de seres
humanos e a ideia de liberdade está se tornando mais frequente. Que tipo de revolução se dará quando a maioria de nós romper com o "desde que o mundo é mundo é assim"?
ps. deixo um video da artista franco-chilena Ana Tijoux, que me inspirou a escrever este texto.
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