sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

todo dia no ônibus.


sempre naquela curva à direita, ela marcava com o dedo a página do livro e erguia a cabeça, olhando do seu lado direito e sentindo no rosto o vento quente. naquela descida o motorista pirava sempre e ia à toda. ela, sacolejando violentamente, imaginava à cada esquina um acidente, seu corpo sentindo o bruto impacto, a inconsciência, a morte não. dela, ele sentia um medo que não se diz. e depois sorria. sorria boba por ter aquela uma aventura. no fim da descida, depois da curva à esquerda, ela não voltava logo ao livro, e ia olhando as cenas nas ruas, pensando e sentindo tudo como estrangeira, como todo dia. num lance, virava-se prá dentro e sorria prá passageira ao lado. sem sorriso de volta, voltava ao livro.

6 comentários:

  1. me fez lembrar Macabéa,em A Hora da Estrela, entre a realidade e o delírio.

    Adorei!

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  2. Passageiro mal educado, se soubesse como um sorriso conta.

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  3. Me lembrou os onibus de são paulo. Só é legal qdo entram uns malucos tocando violino.. xD

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  4. adorei o lance da estrangeira. por que será, né?
    ah, paula, cansei de dizer TODO mês que vc escreve lindamente. nesse vai sem, ok? hehehe

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