Estou vendo o tempo passar e não sei o que isso quer dizer.
Vejo o contraste da virilidade presente em meu pai nos retratos antigos com os cabelos grisalhos da realidade que se põe a minha frente.
Quando pequeno, prometi para mim mesmo que, mesmo na inevitável ruptura com a idade tenra, conservaria em mim a vitalidade pura e sincera das crianças, unida a insaciável sede de viver pelas coisas boas e simples, sempre.
Hoje, aos 30, me afundei na ilusão de que estava perdendo o controle da situação. “A Crise” veio diante do espelho, que me insultava com sua franqueza ao expor que nada é eterno.
Essência? sabedoria? experiência? O que nos faz maduros? Os anos que se passam? A seriedade para o ato de trabalhar/viver/trabalhar? Esquecer a vida, esquecer o passado.
Não pai, não é por esse caminho que vou. Não quero chegar ao fim da vida com tristeza nos olhos, mas também não quero decepcionar aqueles que depositam em mim a esperança de que um dia crescerei.
Fiz minha escolha, num pacote completo com todos os erros e acertos, toda a dor e prazer, toda facilidade e dificuldade. Nem pior nem melhor, apenas um caminho.
Uau, lindo texto. Tbm mantenho esse sonho de conservar a "vitalidade pura e sincera das crianças", mas já não posso mais dar piruetas de ginástica olímpica como antigamente. Só algumas poucas e com toda minha vagareza. Será q chego aos 30 ainda capaz de fazer essas coisas?
ResponderExcluiroq nos faz maduros...
ResponderExcluira pergunta sem resposta...
pq esquecer demais tb é imaturidade
=/
eu pensava que seria pura e sincera pra sempre. "qual o que?"
ResponderExcluirEstou um tanto mais desiludido. As coisas não foram/nao vão pelos caminhos que deveriam. E é preciso reinventar-se continuamente. Viver é duro, uma experiência intensa, boa, mas devastadora. E seguimos.
ResponderExcluirSabe, quando eu fiz 30 me deu esse desespero: "O que eu fiz com a minha vida? Não era assim que eu sonhava as coisas pra mim.
ResponderExcluirE assim passei pela década dos 30...
Sentindo que minha juventude tinha acabado e eu tinha ficado pra trás.
Quando fiz 40 pensei:
Não me sinto velha, não pareço velha e realmente não sou nem um pouco velha de forma nenhuma.
Assim, tenha paciência.
Com 30 parece que o mundo acabou, mas com 40 bem resolvidos você vê que ele só começou!
Delícia ser maduro e dono de si!
Será que o que nos faz maduros é o mesmo que nos faz podres?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelo. É bem verdade que os fios de cabelo desertores no travesseiro toda manhã, as ruguinhas surgindo como uma simpática Dona Morte a dizer olá, tudo indica o inexorável fim. Inventamos, há poucas décadas, a velhice. A velhice não existia, a não ser para poucos. Agora, em vez de 40 anos, vivemos 80, 90 - dos quais mais da metade sob a angústia de olhar no espelho e só ver perdas. Envelhecer é bizarro, é o corpo estranhando a hora extra.
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