quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Crianças

- Você é bonita.

- Você é bonito.

- Eu gosto de brincar com você na árvore.

- Eu gosto de você.

- Eu roubei um beijo seu.

- Você é ladrão.

- Eu sou ladrão?

- De beijos.

- Ah.

- Você é bonito.

- Você é bonita.

- Eu gosto desses sinais.

- Que sinais?

- Esses do seu rosto.

- Quer pra você?

- Você vai tirá-los?

- Você quer?

- Se você tirar vai doer.

- Ah é.

- Posso lhe abraçar?

- Pode.

- Posso encostar meu rosto no seu?

- Você pode tudo.

- Tudo o quê, por exemplo?

- Ficar com meus sinais.

- Mas se você tirar vai doer.

- Eu estou apaixonado por você.

- Como assim?

- Assim.

- Assim, como?

- Assim, assim.

- Assim de namorar?

- Assim de casar.

- Mas a gente ainda é criança.

- A gente pode casar de mentirinha.

- E eu faço comidinha de mentirinha pra gente?

- Isso, e a gente tem um filho de mentirinha.

- E a gente mora de mentirinha na casa da árvore.

- Eu te amo.

- Assim tão rápido?

- Meu coração quis dizer isso, desculpa.

- Sem problemas.

- Hãn?

- Eu disse sem problemas.

- Você não gostou de saber?

- Não é isso.

- É o quê então?

- Nada.

8 comentários:

  1. lindo e poético o texto! brincar de verdade, viver de mentirinha... essa e outras realidades da vida expostas à luz de um olhar poético.
    Hugs!

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  2. Muito bom o texto, remete mesmo ao lirismo infantil, de ver tudo como "brincadeirinha" ou "mentirinha".
    Tenho 20 anos e ainda tô vivendo isso, haha.

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  3. Nossa, me veio um filme agora, quando brincava de casados com uma amiguinha... hehehehehehe Otimo post!

    Abçs!

    Danilo Moreira
    http://blogpontotres.blogspot.com/

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  4. Desde criança se deve saber que nunca se responde um "eu te amo" com "nada"... lindo demais.

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