sexta-feira, 13 de julho de 2012

A visita (parte 11)

Com a cabeça a mil, sentiu-se exatamente numa história de Lewis Carroll. Era uma Alice perturbada; descobrindo portais, com a vida em queda livre. Num mundo das maravilhas ao contrário, também tinha sua pequena chave ao final da queda e nenhuma pergunta respondida. Ao invés da rainha de copas tinha um sete de paus que lhe cortava a mente.
Antes de concluir meu último pensamento, levei a mão no pescoço para segurar o pentagrama.Ele não estava lá. Foi em vão. A vida pareceu em vão. 
A voz de Carmem propagou numa atmosfera sem gravidade atrás de mim. O poster na parede, que era uma cópia barata dos Girassóis, com as pontas gastas e dobradas derreteu e escorreu pela parede em um amarelo purulento. Van Gogh virou Dali.
Tudo na sala foi se misturando em cores gelatinosas em efeito slow motion. O copo de suco despencou da minha mão e o líquido laranja dançou como num balé do Bolshoi.
A única coisa que fui capaz de sentir foi o líquido gelado no meu rosto dormente.
Horas mais tarde, amarrado numa cadeira, eu me lembraria de Carmem falando em voz alta e tremulante que o caminho para sair daqui dependia muito do lugar para onde eu queria ir.

5 comentários:

  1. Fui eu que indiquei o Fernando, tá?
    Hahaha
    Carmen tá cada vez mais bandida, vou afogá-la no meu capítulo!

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  2. ae caralho! era disso que a historia precisava. alguem com culhoes para dar uma virada. :)

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  3. muuito bom! van gogh virou dali, balé bolshoi...genial!

    demorei pra começar a ler (pra não entrar em crise de abstinência de um dia pro outro) e tá sensacional.
    tô com medo de quando chegar meu dia.

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  4. Fernando, amei demais este trecho:

    "O poster na parede, que era uma cópia barata dos Girassóis, com as pontas gastas e dobradas derreteu e escorreu pela parede em um amarelo purulento. Van Gogh virou Dali.
    Tudo na sala foi se misturando em cores gelatinosas em efeito slow motion. O copo de suco despencou da minha mão e o líquido laranja dançou como num balé do Bolshoi."

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