segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Crônica Sertaneja.



Eu não aguentava mais aquele vazio. olhava as paredes nuas de nossos retratos, os móveis que eram nossos cada vez mais estranhos, o vento fazendo troça de tanto espaço para uma pessoa. E só.
Acendi um cigarro na porta de casa e saí, andando sem rumo, naquela ruela que tinha sido tão aconchegante quando nosso namoro começou. O escuro que fora nosso confidente e alcoviteiro, agora, era amedrontador, por estar ali sozinho. Se antes eu te protegia em meu abraço, quem agora me protegeria de você?
A rua se abriu na praça, onde andávamos de mãos dadas. Uma lágrima teimosa rolou pelo meu rosto. Por quê você tinha de ir embora?
Sentei no nosso banco. Aquele mesmo, à esquerda, basta contar três. Cansado, com fome de você, com sede do seu beijo, deixei que os pensamentos, como carneiros, pulassem a cerca do bom senso.
Acordei com um chacoalhão. Achei que era assalto, leva de mim essa dor logo!, mas era apenas um guarda. Ele nada poderia fazer por mim, que me prendesse logo, e me deixasse ser escória, me tornasse efetivamente aquilo que a sua partida fez ser uma promessa. 
O dia amanheceu.
E nada aconteceu. 
Nada. Mais um dia.

(Ah, por que crônica sertaneja? Veja aqui.) 

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