Quebrei o visor do meu celular. Não leio um livro há
meses. Não escrevo nada que me orgulhe. Passo mais tempo no Facebook e no
Whatsapp do que presencialmente com meus amigos. Fui a madrinha mais relapsa
das últimas encarnações de madrinhas. A poucos dias do casamento não tinha vestido,
nem o que calçar, nem passagens, nem malas. Não ando planejando nada. Ou
melhor, planejo, mas mudo de ideia sem nem pudor. O celular era novo. Novo e
caro. Deixei cair. Justo eu, que era tão cuidadosa. As pilhas de livros se
amontoam. Justo eu, que era tão assídua leitora. Mesmo com o visor quebrado,
não desgrudo o olho dele, entrelaçada nas redes. Justo eu que não queria
sucumbir a (mais esse) vício. Justo eu, que planejava as coisas beirando o metodismo,
não sabia o que vestir no dia do meu aniversário. Tenho tido rompantes
permanentes de preguiça. Eles me pegam de surpresa e se estendem pelo dia, como
visita chata de domingo. Justo eu, que tinha tanta energia. Eu esqueci do dia
17. Justo eu, que era tão certinha. Estou desabafando sobre a minha vida aqui, e aos
quatro ventos. Justo eu, que tinha tanto receio. Eu não sei o que anda
acontecendo comigo. Só sei que é grave.
Nossa como me identifico.Serviu direitinho,essa preguiça eterna, esse desconforto de não fazer nada e msm assim não ter nenhuma força pra começar alguma coisa.Adoro seus textos,bjos
ResponderExcluirTati, olha, comigo está acontecendo a mesma coisa, mas na ausência de explicações viáveis apelei para o mundo esotérico, que me garante que o planeta está mudando e estamos no meio de um processo de desconstrução, nada mais funciona como antes, nem nós, estamos mudando de pele para os novos tempos que estão chegando..
ResponderExcluirDa série "se conselho fosse bom": comigo uns diazinhos de férias costumam funcionar. Melhoras! (ah, e o texto está muito orgulhável, se quer saber minha opinião).
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