terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Sobre o complexo de Grinch e a pieguice do Natal

Para ler ouvindo:



E o final do ano chegou. Época de celebração para uns, principalmente em 2014, ano que muitos estão vendendo como o pior que o universo já viu, o que é obviamente um exagero, porque o universo já viu muita coisa. Por outro lado, há sempre aqueles que passam pelos festejos de fim de ano com um certo tom melancólico, surgindo daí lendas urbanas que apontam as comemorações de dezembro como causadoras inclusive do aumento do número de suicídios. Mesmo isso não sendo verdade, é difícil ignorar essa nuvem negra que paira sobre o Natal, mesmo porque ela invade vários aspectos da vida humana, desde a cultura pop até o nosso próprio dia a dia, para cada filme natalino feliz existe um Terça-feira, Depois do Natal; para cada Oh Happy Day existe uma Blue Christmas; para cada mesa farta há alguém passando fome.

Independentemente de termos o famigerado espírito natalino ou não, havemos de convir que o 25 de dezembro desperta os lados mais contraditórios do ser humano. Principalmente quando você precisa cozinhar para as um milhão de pessoas da sua família, sabendo que alguém vai reclamar da sua comida, ou do seu linguajar, ou dos seus hábitos etílicos etc. Enfim, esse nem é o grande problema, porque, apesar de todas as diferenças, é bacana saber que, não importa o que aconteça, há aquele grupo de pessoas que sempre estará lá por você, pois são a sua família, definida pelo sangue ou pela vida.

Para mim, o grande senão do Natal é aquela sensação de que é preciso fazer um balanço do ano que finda e, como grande pessimista que sou, não consigo me contentar em relembrar as conquistas, preciso remoer todas as vezes em que falhei miseravelmente, todos os amigos que não pude manter por perto, todas as tolices que falei quando deveria ter calado, todas as oportunidades que perdi por não me considerar merecedora, por não me considerar boa o suficiente, por não ter lutado tanto quanto deveria.

A boa notícia? O Natal não é apenas um feriado, é O feriado, logo, temos alguns dias para nos recuperarmos de todas as ressacas, a alimentar, a alcoólica e a moral. A melhor notícia? 1° de janeiro vem logo depois, e, com ele, mais 365 chances para acertar ou errar tudo de novo, nunca saberemos. No entanto, o mais importante estará ali: temos mais tempo, e, considerando que a vida é curta, esse é o melhor presente de Natal que podemos ter.

E sim, o final foi piegas. O Natal costuma ter esse efeito sobre as pessoas.

Um comentário:

  1. Mas não se preocupe, nada é mais piegas do que o trem da linha amarela do metro paulistano com decoração natalina. uó.

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