quarta-feira, 15 de abril de 2015

Êêêêpa!



Eu, como adepta à política da boa vizinhança, cortesia e diálogo, evito o quanto posso bater boca. Minha mãe sempre disse que tenho o dom de machucar com as palavras, se é que isso seja um dom, e que palavras não podem ser desditas, o dano é irreparável. Mas tem gente que parece impermeável à assertividade e que adora praticar um bullying na meia idade. Como tenho intolerância à grosseria e dedo na cara, esses indivíduos acabam conhecendo a Vera Verão que vive em mim.

Dias atrás, precisei descer do salto e abrir o leque imaginário.  Um desses babacas cujo modus operandi consiste em puxar o tapete dos outros, dizer que se fosse ele faria melhor e usar o deboche para diminuir as pessoas (mas que na realidade é um grandessíssimo café com leite), resolveu questionar o meu posicionamento profissional – que estava correto, só não era conveniente para ele – sobre um assunto. Negando qualquer tentativa de diálogo inteligente, já na segunda frase o tom de voz dele subiu, o usual deboche deu as caras e ele começou a questionar a minha competência aos berros na frente de muitos colegas de trabalho.

Pois bem. Aconteceu o que acontece todas as vezes que recebo a entidade Vera Verão: eu fiquei roxa de raiva, acabei erguendo a voz também, usando o meu sarcasmo (que, modéstia à parte, é muito melhor do que o dele) e finalizando a discussão com uma pequena cutucada em uma ferida que eu sabia que ele tinha. Pelo silêncio que se decorreu, parece que eu venci o embate.

Isso não me impediu de cair no choro assim que ele foi embora e a minha adrenalina baixou. Eu não me sentia vitoriosa. Não queria precisar chegar a tanto. Só queria que ele calasse a boca e sumisse da face da terra. Por que ele não podia ser educado e entender que ele não é melhor do que ninguém?

Após muito desabafo no ombro de gente que sei que se importa comigo, aquietei a minha consciência e cheguei à conclusão de que ninguém precisa ser saco de pancadas de ninguém e que às vezes é preciso pegar pesado para não sair de capacho. O peso nos meus ombros diminuiu ainda mais quando soube que no outro dia ele contava a versão dele para quem não viu o nosso telecatch, retratando-me como a sem educação e prepotente da história. Já os que presenciaram a cena me deram todo o apoio, dizendo o quanto ele agiu de forma desnecessária.

Resumo da ópera: comedidamente, um dia de Vera Verão faz bem e lava a alma. Mas não adianta esperar que, assim como nos filmes, um babaca aprenda a lição, pois, babacas serão sempre babacas, sentem orgulho de serem babacas e sempre se aperfeiçoarão na arte da babaquice. 

2 comentários:

  1. Um dia de Vera Verão... Leque imaginário... Rindo litros, cântaros e baldes!
    QUEM NUNCA.
    Mas, lendo esse texto com um Mercúrio deliciosamente domiciliado em Escorpião (sim, me dou bem com ele), eu não só te entendo, como te digo uma coisa: esse tipo de gente não sabe ouvir.
    E, se eu consegui ler tuas entrelinhas direito, te digo que doeria mais se ele não tivesse razão, e você apresentasse isso, sem ter que te forçar a usar o idioma dele.
    Talvez disso a raiva. Talvez disso as lágrimas.
    Talvez isso passe.
    Se bem li as entrelinhas, a tua memória deve ser formidável para que isso possa acontecer.

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  2. Entendo bem o sentimento que vem depois de rodar a baiana. Sou extremamente passiva, mas qdo me ferem no ponto errado (ou seria certo?), eu viro uma onça. Dou voadora, uso sarcasmo, pego os pontos fracos da pessoa e faço ela virar um trapo sujo. Mas tbm fico destruída emocionalmente depois.

    Fiquei curiosa pra saber detalhes do diálogo.

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