A estrada vicia. Ela tem o surpreendente sabor do inusitado.
As cores, os aromas, as texturas, os temperos, a temperatura, os animais, as
pessoas e todos os detalhes que marcam cada lugar que passo. Percebo as pessoas
me olhando enquanto ando despojadamente pelas ruas, com o chinelo que carrega
marcas de tantos outros lugares. Sigo em passos soltos, sem pressa, sem
roteiro.
Ninguém sabe se estou indo ou
voltando, nem onde finco minhas raízes. Tudo bem, às vezes, nem eu tenho essas
respostas. Não traço rotas. Esqueço de olhar as horas. Não sei ao certo qual
meu ponto no trajeto. Não importa de onde eu vim e para onde vou. É me perdendo
pelas ruas que eu me encontro comigo mesma.
É tanta vida acontecendo
simultaneamente! O que fica é a troca que surge no meio do caminho. São as
pegadas que deixo na areia, que logo serão apagadas para sempre. É essa mesma areia
que irei carregar no meu caderno, em que eternizei tudo o que aqui senti. Não é
a distância percorrida, mas as histórias vividas que ficarão para sempre. É na
poesia que surge em cada esquina, na mistura de pessoas e músicas distintas, na
cerveja barata de cada boemia, vendo a noite virar dia, que eu sei que estou
exatamente aonde deveria estar: jogando o meu corpo no mundo, criando poesia.
E que tudo sempre vire poesia...
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