Tinha uma programação pré-pensada, ia escrever sobre o “Próxima B” e
como seria se fosse habitável. Mas quando
abri a página para começar escrever desisti. Parei uns segundinhos, balancei a cabeça e
surgiu o sorrisinho sacana de sempre. Por pouco não caio na cilada.
Não. É melhor respeitar.
Respeitar o que vem mais forte na mente e no coração. O que acompanha em tudo
que faz e fica martelando a cabeça dia a dia.
Esse tem sido o exercício dos últimos anos. Tentar respeitar.
Aprender e em especial viver o respeito e consequentemente respeitar
os demais. Respeito que se renova e movimenta a gente para identificar se está sendo leal consigo mesmo e dando o respeito a quem deve.
Não será hoje, talvez mês que vem o “Próxima B” e aquele filme
sejam prioridade na mente.
As imagens dos adolescentes nos últimos anos, meses, mais precisamente
de dias não saem da minha cabeça. Volta
e meia vem à mente eles cantando funk politizado, fazendo jogral, nas ruas
dançando e caminhando com bandeiras, com gritos de ordem ou pendurados nos portões de ferro dizendo que
não tem arrego, tem luta.
Ou aqueles cartazes dizendo OCUPADO! OCUPA TUDO! SECUNDARISTAS EM LUTA.
A imagem da Marcela segurando a cadeira que o policial estupidamente
estava arrastando e danificando ocupou meus pensamentos por meses em 2015. Ou aquela em que se segura na cadeira enquanto o policial tenta tirá-la do protesto. Ou ainda esta:
Rever está imagem desconstrói todos os comentários questionando porque
na época em que a presidente cortou milhões da educação não fizeram nada. É
mentira.
Em quase todas as ocupações em 2015 tinham cartazes sobre os cortes na educação e
reorganização das escolas.
Dizer que são partidários é além de enorme equivoco é falta de
caráter. Algo que alguns movimentos sequer sabem o que significa porque são
financiados por empresários, partidos de direita, ONGs internacionais e pelos
ingênuos que acreditam nas propostas e ações políticas de movimento social que
propõe manifestação com camiseta da CPF, trio elétrico e pato como mascote.
Quem nunca estudou em escola pública estadual não pode se sentir no
direito de querer defender algo que não sabe como é. Não pode ter a pachorra de
abrir a boca pra dizer que está ali pelos estudantes que querem estudar. Posso
escrever a perder de vista o que significa estudar em escola pública estadual
precarizada com professores e ensino sucateados.
Só me pergunto por que essas ocupações demoraram tanto para acontecer.
Por que quando estudava não existiu algo assim.
Quando me sinto desmotivada e entristecida lembro-me deles, e logo
quase que instantaneamente fico melhor. Não quero com isso, colocar projeções
ou cargas que eles não podem carregar/segurar.
Pode chover comentários chamando-os de esquerdistas e outros “adjetivos” que me recuso a escrever.
Pode chover comentários chamando-os de esquerdistas e outros “adjetivos” que me recuso a escrever.
Quem escreve algo assim, nunca visitou qualquer ocupação, jamais
conversou com eles e principalmente não compreendeu o que querem e qual
segmento político priorizam.
Para quem não sabe o significado de autonomia e auto-organização
qualquer palavra serve para subjugá-los.
É com máximo respeito a eles que toco neste assunto. Sem delongas e sem tirar-lhes a palavra. Quem melhor do que eles para falar sobre né. Então segue para quem
não viu ter a grata oportunidade de contemplar o que vem vindo por ai ou
conhecer as consequências da autonomia e auto-organização:
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