Acordou.
Olhou para o calendário, e lembrou. A data era aquela.
Aniversário de quando ela foi embora, porque pensou que não adiantaria mais ficar com ele.
As memórias não sumiam de sua cabeça. Recordações de um tempo no qual se entendiam. Tudo era belo, bonito e gostoso de se viver. Mas nada é para sempre, e no caso deles, não foi diferente.
Ligou o rádio, para espantar a solidão. Essa sim era sua companheira.
De todas as horas. De todos os dias.
Não queria ficar naquela situação. Não queria sentir o quê sentia. Mas não tinha jeito: Por mais que os dias passassem, por mais que o passado existisse há certo tempo, o sentimento do vazio insistia em ficar.
Sabia que era hoje, o resultado de quem foi ontem. E era grato por isso.
Mas precisava continuar. Precisava encontrar forças para seguir.
Memórias insistentes. Memórias felizes, doloridas, como todos temos. Como todos experimentamos.
Já era para estar em pé. Já deveria estar se preparando para o trabalho, mas decidiu que naquele dia, não se importava em faltar. Precisava se cuidar, pois a depressão batia à sua porta. Mas cadê a força para isso?
Nada de interessante tocava no aparelho que ligara havia pouco.
Desligou.
Será que alguém se importava com ele?
Será que alguém se interessava por seu vazio?
Será que alguém se interessava por seu vazio?
Foi então que ouviu um ruído na porta. Algo arranhava, pedindo para entrar.
Levantou a muito custo, e abriu.
Seu cão o lambia, todo feliz, cumprimentando assim com o seu bom dia.
Sorriu!
E pensou que, pelo menos o cão, aparentava felicidade ao vê-lo. Afagou o bicho, e agradeceu.
Quanto mais ele conhecia as pessoas, mais gostava do seu cachorro.
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