sábado, 29 de agosto de 2015

websérie

Uma ideia bacana para discutir temas e ações em tempos de avanço do conservadorismo em projetos de lei. Acredito que seja tão boa que pensei em sugerir para quem teve a brilhante ideia ou a quem possa  interessar de  fazer uma extensão para outras frentes de luta. 

Por exemplo, tivemos neste mês de agosto 19 pessoas executadas em Osasco/Barueri e nomear simplesmente de "mortas" como se fosse algo “natural” ou uma fatalidade local de quem vive em centros urbanos violentos significa ignorar os enfrentamentos cotidianos da população pobre, negra e periférica de São Paulo.


E talvez, tenhamos sofrido mais estas porque não encaramos as execuções da ditadura que foram arquivadas ou tentam, as diárias e que não expressam comoção porque encontram-se naturalizadas ou aquelas em massa, acima de cinco. Em todas e de certa forma houve um consenso seja no silêncio ou no incentivo por patentes altas da corporação militar ou política.


Todos são assassinos? Depois de estudar tanto, não acredito. Mas basta emitir nota respondendo um bom chargista? Também não, é importante significa que incomodou, sofreram algum processo reflexivo. É até ousado, mas não resolve. 

Mas quem sabe se parassem de negar as praticas excessivas e os problemas óbvios que existem dentro da corporação, de negar em debate/seminário/palestras em órgãos públicos como na Defensoria Pública que não existe racismo institucionalizado, criminalização da pobreza e grupos de extermínio na corporação, já seria um começo. Também é pedir demais, admitir o óbvio é decretar a falência institucional do Estado, inclusive na Segurança Pública e no tratamento com vocês.


Então lembramos o passado seja na ditadura ou no Carandiru onde a vida vale bem menos ou quase nada, mas quem aceita e concorda lamenta em outras, por exemplo, erro de abordagem que resulta em execução de empresário com tiro na cabeça, é basicamente o mesmo erro e trata-se também de execução. Não é nada,  isso faz parte da profissão né coronel? E Santa Ignorância, meu Deus. Haja São Jorges prá te iluminar viu filho.

Concordar  com execuções vai depender de quem é, qual território pertence e quantas pilas têm, não é? Afinal se fosse num bar do Morumbi, Pinheiros, Vila Madalena ou qualquer biboca do centro, o exército ou a Polícia Federal teria sido acionada e com certeza o caso estaria resolvido.

Há um mês aconteceu outras execuções, mas agora fora do estado de SP, mais precisamente em Manaus no Amazonas com pouca ou quase nenhuma repercussão na mídia televisiva, sobre a região que considero literalmente terra de ninguém e sem lei, o reduto do coronelismo fardado de cinza e em donos de terras.


Por quê?


Foram 37 execuções no final de semana, coincidentemente após a morte de policial militar. E quando questionados sobre, segue o protocolo: “desconheço a existência de grupos de extermínio na corporação” ou “estamos investigando o caso”, até hoje ou daqui, 100 anos.


Mas apenas por lá? Absolutamente, temos o Rio com o mesmo problema, também a região do Nordeste onde mais cresce os índices de violência e homicídios no Mapa da Violência; e no mesmo continente tivemos a execução de 43 estudantes no México, também a execução de jovens nos EUA.


Precisamos aproximar estas realidades, fazer com que se conecte, se conheça, se fale em suas dores e reivindicações. Também precisamos compreender que só falar não adianta, mas dar auxílio, assistência as vítimas e, portanto falamos de um tudo, inclusive de dinheiro.


Então pensar em websérie para divulgar, debater é agir para que execuções promovidas pelo Estado não caiam no esquecimento, é promover debates nestas regiões com  pautas de reivindicações através da Defensoria Pública, é pressionar o Estado discutindo inclusive Segurança Pública e pasme a realidade desumana de quem a compõe, é arrecadar dinheiro de forma autônoma para articulação de pessoas comprometidas, por exemplo as Mães de Maio, o pessoal do site Passa Palavra que arrecadou dinheiro para vinda ao Brasil dos familiares de estudantes executados no México.


Inclusive, as Mães de Maio que admiro muitíssimo pela resistência e pela luta em manter a lembrança e voz de seus filhos que foram executados pelo Estado nos Crimes de Maio de 2006, realizam ações de forma autônoma para apoiar outras vítimas, e quanto de apoio financeiro elas recebem?


Além da venda de livros, que relata os fatos verídicos e incontestáveis dos Crimes de Maio, quais cooperações recebem para apoiar as vítimas? Respondo: quase nenhuma. 

Mas deveriam como também o pessoal do site Passa Palavra e outros com ações que visa promover debates. Podendo inclusive circular em vários estados, para conhecer as pessoas que sofrem do mesmo mal e não tem nenhum apoio, seja emocional, financeiro ou jurídico; e articular as possibilidades para minimizar o abandono social e público.


Ah mas isso é anti-revolucionário. É assistencialista e religioso por tamanha caridade. Ache o que quiser. A opinião alheia não é um problema meu, embora coloque a minha opinião e diga que anti-revolucionário é discutir o abstrato e teórico sem aliá-lo a prática, ou noutras palavras é não fazer nada.


Mas desejar algo assim, é sonhar acordada.


Por que se existe uma tremenda dificuldade de arrecadar 50 mil para realização da websérie sobre a redução da maioridade penal, mesmo com gente comprometida e engajada (Gabriela Moncau e Cia) imagina a extensão disso. 

Não faço ideia de quem seja a citada. E já disse, quem lê sabe por quê. Sabe quem é a moça, a relevância das matérias publicadas na revista: Caros Amigos, as implicações da redução da maioridade penal no país bem como famílias, a importância de se doar a partir de 10 reais para o Coletivo Rebento.


Ás vezes [des]acredito em nossa força. 
Mesmo faltando 4 dias para arrecadar 20 mil.

E sinceramente, acho quase impossível.

Mas não me custa, afinal não estou dormindo.
Então sonho:  https://www.catarse.me/ofilhodosoutros     

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

À liberdade


Mulheres correndo na praia - P. Picasso
Há um desassossego no meu peito que não cessa. A busca por liberdade. Se fosse resumir tudo, é isso: à liberdade. Liberdade de ser um espírito em busca de aventuras, de novas experiências, de encantamento.

Há dias em que o mundo parece suspenso no ar. Quanto de amor é o suficiente para nos bastar? Quanto de devoção e dedicação do outro é o suficiente para provar que realmente somos amados? A ideia aterradora de que somos sozinhos é constantemente abafada, mas nunca o bastante: queremos provas de amor o tempo todo, porque só assim nos sentimos menos sós no mundo. E qual o problema em se estar só? Talvez seja o desnudar-se. É muito difícil se expor ao mundo, é embaraçoso.

Não se espera de uma mulher que ela seja forte. Não se espera de uma mulher que ela ouse se colocar como um espírito em busca de liberdade, porque liberdade é uma coisa masculina. Uma tal mulher que se coloque assim, certamente é perversa, egoísta, insensível, vaidosa. A sua busca será ofensiva a todos aqueles que estão presos e sem forças para movimentar-se. “Imagina! Uma mulher...”.

No entanto, no devagar depressa dos tempos, as mulheres vão se redescobrindo nas suas particularidades de seres humanos e a ideia de liberdade está se tornando mais frequente. Que tipo de revolução se dará quando a maioria de nós romper com o "desde que o mundo é mundo é assim"?


ps. deixo um video da artista franco-chilena Ana Tijoux, que me inspirou a escrever este texto.
 

sábado, 22 de agosto de 2015

Vermelho

Visto vermelho sim.

Mas não é vermelho-PT, é vermelho-sangue mesmo. Sangue dos 18 mortos brutalmente na chacina em Osasco e de todos aqueles - pobres, sempre pobres - que morrem brutalmente todos os dias pela violência policial. 

Visto vermelho-vergonha. Vergonha por todos os que não aprenderam com a história e que rogam pela volta da barbárie da ditadura militar.

Visto vermelho-raiva. Raiva por todos os que se indignam quando  a viagem pra Europa fica mais cara, mas que nunca se indignaram quando seu vizinho morria porque não tinha o que comer.

Visto vermelho que não se mistura com amarelo, porque nessa história, eu não quero ser laranja.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Adeus às armas

Animais são caçados na África aos montes. Vez ou outra, como aconteceu recentemente, um caso ganha grande repercussão. Isso não é exclusivo à caça, basta pensarmos no tanto de homicídios cometidos por policiais, até que um caso ou outro tenha a devida notoriedade.

No início do século XX as caçadas na África eram ainda piores. Com a perspectiva do contexto histórico, havia uma noção muito menor do impacto ambiental e da hipótese de espécies serem caçadas até a extinção.

Um dos maiores autores do século passado, Ernest Hemingway, era exímio caçador e são frequentes em suas obras os relatos muito bem narrados de homens que enfrentavam perigos e tinham na caça tanto uma afirmação pessoal quanto a extrema reflexão sobre a vida em relação à morte.

Hoje qualquer tipo de caça é extremamente questionável. Muitas das espécies já nem existem mais e outras correm sério risco de sumirem do planeta. À parte da responsabilidade ambiental, a consideração em relação aos animais vem mudando e atingindo níveis inimagináveis no passado.

Cada um tem seu ponto de vista em relação ao que separa os homens dos outros animais. Entre os que mantém uma alimentação vegana em respeito aos outros seres vivos e aqueles que caçam os animais mais raros para exibi-los como troféu há inúmeros níveis de consideração.

O aspecto histórico deve ser considerado, mas não de forma isolada e inquestionável. De fato, existia um glamour – que ainda se mantém entre determinados grupos sociais – em relação à caça e aos objetos de decoração que ela proporcionava. Mas até que ponto o contexto pode ser utilizado como justificativa já é algo muito mais complexo. Não me agrada a ideia de que daqui a cem anos olhem para nosso tempo com um olhar benevolente em relação a atitudes que já deveriam ter sido superadas, mas são mantidas por puro conservadorismo sem fundamento.

Dentro da lógica ultrapassada de ver a caça como um hábito corriqueiro, ignorando os impactos diretos e indiretos para o meio ambiente, também chama a atenção a distorção com que os atuais caçadores encaram a prática.

Personagens dos romances de Hemingway partiam para suas caçadas sozinhos, o pescador de “O velho e o mar” quase morre na batalha contra o peixe gigante e vários outros têm um fim trágico. Hoje, para brincar de ser caçador, milionários pagam fortunas para serem escoltados por guias armados, que não somente o levarão até bem próximo de algum animal – por vezes nem tão selvagem – como garantirão toda a segurança de que nada sairá do controle.

Independente da crítica moral que se faz em relação a abater um animal ou da crítica ambiental, a partir do momento que nos damos conta de que os recursos não só são finitos como caminham a passos largos para a extinção, fica claro que o dentista americano que abateu o leão, simbolizando tantos caçadores anônimos que repetem esse mesmo ato diariamente, não busca muito mais que uma mera ostentação econômica.

Da forma como a caça é realizada hoje, o que a diferencia de um tiro-ao-alvo qualquer é a restrição financeira. Algo como: não preciso ser o melhor entre inúmeros competidores, só preciso ter dinheiro para fazer uma coisa exclusiva. Para esses, vale o conselho de mãe para a criança que entra em uma loja de objetos valiosos: só olhe, de longe!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A poesia do seu olhar

Como tentar não se encantar por uma flor ao descobri-la real
tendo a conhecido apenas em tatuagens.
Como ignorar manifestações de arte urbanas
por terem se tornado parte da fotografia da cidade.
Como não se comover mais com a pobreza e o abandono
por se acostumar demais a ignorá-los.
Como nunca derrubar uma lágrima
por não ter se posto no lugar do outro.
Como se eu nunca tivesse encontrado o que eu acreditei existir desde sempre,
se eu não tivesse te tocado.
Como não se apaixonar por poesia
até enxergar o mundo com o seu olhar...
... e me apaixonar por você.

domingo, 16 de agosto de 2015

[.]

A todo imigrante
A todo sujeito periférico
massacrado pelo cidadão de bem




ah, o amor...

que seja sempre essa aliança
de reverberações entre os nossos

- que não são meus ou seus -

que a igualdade seja a busca:
somos-todos-humanos
diante da prece

- mas nem tu, nem eu -

boa ação diária,
beijo no abandono,
choro sobre às chagas,

na tevê:
 o lar-doce-lar é entregue
no vigor de plateia & palmas
- aqui embaixo: quedê as chaves? -

no folder ninguém vê 
o dúbio encanto
do povo acolhedor:

a empunhadura,
o desguiar,
a serenata
do projétil
por-entre-a-carne

sábado, 15 de agosto de 2015

Malditos leucócitos

“Eu não vou deixar ninguém andar pela minha mente com os pés sujos”
  Gandhi

Talvez o meu maior defeito seja me importar demais com o que os outros pensam. Eu sei que não existe perfeição. Que não posso nem preciso ter controle sobre tudo. Sei também que ninguém jamais agradou a todos (e quem sou eu para ter essa pretensão?). Contudo, por mais que o consciente tente, meu subconsciente sempre foi o alfa. Old habits die hard. Aquela chorumela toda. Para complementar, existem as pessoas que adoram nos ver na pior e quando descobrem que a gente se tortura por pouco, fazem questão de fomentar a paranoia. Altas noites em claro. Mas, enfim... estou aqui para contar que meus problemas acabaram! Peguei-me pela primeira vez realmente não me importando. Sério. O cérebro até doeu com a novidade. É tão simples! E acho que é definitivo, não tem cura. Deixa eu te contar como...

O quê? Você está achando esse texto uma porcaria?

Ih, acho que meu sistema imunológico já deu conta do recado.

Merda.  

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Lembra?



Lembra quando as pessoas que não concordavam com os que estavam no poder ou faziam algo de errado, tinham suas cabeças guilhotinadas?

Lembra que ser contra uma instituição religiosa levou inúmeras pessoas ao enforcamento e outras tantas (especialmente mulheres) à fogueira?
Lembra que quando alguém roubava, ele poderia perder as mãos?
Lembra que (já) experimentamos (no pretérito perfeito e no presente) cegar, castrar, crucificar, queimar, sufocar, envenenar, eletrocutar, escravizar, humilhar,torturar,mutilar, apedrejar e outras barbáries mais?
E lembra também que já superamos tantas destas coisas e conquistamos outras mais, tais como poder legislativo, judiciário, sistema prisional (a eficácia é outra história), direitos humanos etc (e não, não é só pra bandido, é pra nós também)?
Apoiar linchamento, justiça com as próprias mãos, discriminação ou qualquer outro tipo de violência, apenas corrobora para que a sociedade esteja ruim (pra não usar merda) como está.
Se você é um destes, sinto lhe informar, suas mãos estão sujas também.
...e não custa lembrar que, para queimar na fogueira, basta "sair da linha", lenha seca e um pouco de retrocesso.
‪#‎maispoesianavida‬ ‪#‎maisamorporfavor‬

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Hold On

Foi ontem que tudo aconteceu.
De novo.
Queria dizer-lhe que estou morrendo de saudade. Devo me conter? Acalmar o coração?
'Sim.' - diz a razão.
Um perfume, um momento, uma imagem. Me perco em devaneios.
'Mas não é hora' - palpita de novo a razão.
Um coração curioso se revolta: 'E quando é hora?'
Esse músculo bombeia mais sangue e trabalha mais duro quando eu vivo um momento assim.
Confusa, a massa pensante silencia.
E então vem o suspiro pra apaziguar - 'Calma. Mais um convite e verás.'
'Será?' - me pergunto.
'Não importa, estarás lá perto. Pra quê se exaltar?'
Coração perdido, ansioso. Puto.
Cérebro teimoso, culto. Burro.
Suspiro que suspira. Suspira a ponto de faltar ar de tão profundo. E o que fazer?
De leve, uma tristeza. Sem razão. Razão? Tristeza? Coração? Suspiro que me remete a respirar. Respirar e ocupar a mente com algo qualquer.
Água e Óleo: não se misturam. Meu eu ocupado; meio ocupado com qualquer coisa...
... mas, escondido, pensando em você.

domingo, 9 de agosto de 2015

Aniversário!

No dia 09 de agosto de 2014 publiquei meu primeiro texto neste blog.
Neste período de um ano muita coisa se passou em minha vida, muitas inspirações, muitas mudanças, outas tantas permanências... 
Doze meses, doze textos*, doze dias nove, doze assuntos escolhidos para dissertar (ou poemar) sobre.
E doze meses de "convivência" com os outros colaboradores... É muito bom poder
ler os textos e conhecer mais sobre as personalidades, aspirações, incômodos e prazeres dessas 29 pessoas que dividem este espaço comigo.
O texto de hoje é uma comemoração pelo meu primeiro ano neste blog, um registro de meu desejo de continuar escrevendo aqui enquanto isto fizer sentido para mim e para os leitores, mas principalmente, um agradecimento aos 29 companheiros de blog e a vocês, leitores e amigos que tem acompanhado esta prazerosa e despretensiosa empreitada.


Sobre escrever 
Escrevo para amenizar
Para inspirar
Para lembrar
Para inventar 
Para amenizar
Para contar
Para intensificar
Para imaginar
Para racionalizar
Para criar
Para sonhar
Para concretizar
Para sentir
Para distrair
Para sorrir
Para chorar
Para me expressar.
Para botar pra fora o que me sufoca
Para botar pra dentro o que me falta
Para você ler e me dizer
O que a leitura fez acontecer

sábado, 8 de agosto de 2015

Impopular

  Você suspeita que está fazendo algo certo quando começa a se tornar impopular.

  Ateu ( recém saído do forno, depois de anos no banho maria).
  A favor do aborto.
  A favor da pena de morte.
  A favor da eutanásia.
  A favor do suicídio.

  Contra ter cães em metrópoles.
  Contra andar com o celular a tiracolo.
  A favor de mulheres mais peludas
  e homens mais lisinhos.

  Contra cortar qualquer árvore
  e cimentar qualquer chão.
  A favor de comer o que caiu no chão.

  A favor daquela apostila de educação sexual.
  A favor dos gays.
  Dos gays andarem de mãos dadas.
  De se beijarem na boca na rua.
  A favor de filhos gays.

  A favor de baixar o volume.
  A favor da música,
  boa ou ruim.
  A favor de peitos caídos,
  pelancas, rugas e gordurinhas.

  Contra homem ter expectativa de vida 5 anos menor
  e ter que trabalhar 5 anos a mais
  Contra o mais forte bater no mais fraco,
  tanto quanto o mais fraco bater no mais forte.

  Contra usar TPM como desculpa.
  Contra a lei Maria da Penha.
  Contra cota para negros, deficientes e mulheres.
  A favor dos direitos iguais, para todos, inclusive para os animais.

  A favor das drogas,
  e da legalização também
  Contra acordar de manhã.
  Contra dormir cedo.
  A favor de começar pela sobremesa.

  Contra frases de efeitos e ditados populares vazios.
  A favor de ficar quieto pra não falar besteiras.

  Eternamente aberto a uma boa discussão, com fundamento, pesquisa e raciocínio.
  Eternamente aberto a mudar de opinião e ser essa eterna metamorfose ambulante.♫ ♪ ♪



  

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sacola de velhos poemas - plágio do SI

O TEMPO É TEMPO
O TEMPO TODO,
TODO O TEMPO
É TEMPO INTEIRO.

O SEGUNDO É TEMPO
O MINUTO É TEMPO
A HORA SE FAZ NO TEMPO.

O MOMENTO É TEMPO,
O INÍCIO É TEMPO:
TERMINA NO TEMPO.

O DIA É TEMPO
 NOITE É TEMPO
 MANHÃ É TEMPO
AMANHÃ SERÁ TEMPO.

DINHEIRO É POUCO TEMPO
A PEDRA É MUITO TEMPO.

PARA FALAR, UM TEMPO
PARA ANDAR, MAIS TEMPO.

ESTRELAS SÃO ILUSÕES DO TEMPO,
E A LUZ CURVA-SE NO TEMPO.


NASCE-SE NO TEMPO
VIVE-SE NO TEMPO
MORRE-SE - EM TEMPO.

O TEMPO É TEMPO
O TEMPO TODO,
TODO O TEMPO,
JÁ FAZ TEMPO, 
É TEMPO.





sonido
.
eco oco
eco eco
eco
eco
ec
e

volta, re-voltarebaterenascereverbera!

recua
ecoa
eco
eco
ec
e
.



Vibrando


som

sem sentido

som sentido
só sentido
sentido só
sentido som
só sonido
o som



                              VIVA!

VIVO vivendo a paixão fora de mim
porque do hermético Eu,  já me cansei
laranja, roxa, rosa, verde, vermelha, cinza, amarela, preta, prata, lilá, cor-de-algo
todos amam alguma, todos brincam as suas
eu as sinto sem prismas - amo o inteiro branco todo
- A plenitude é acromática!


ADORMEÇO no colo do sono dos outros
e desperto, lento, no onírico divã da vigília
faço minhas vontades no mundo palpável lindo, leve, sonhado
- O real não há!


MASTIGO palavra, qualquer palavra de boca alheia
todas as letras entre dentes, fazendo barulhos de A – Z
e rumino e rumino e rumino e rumino e rumino e rumino e rumino e rumino
- Tão doce!


CANTO a canção mais humana que existe
que é o som das coisas todas funcionando
ao mesmo tempo, no tempo, o tempo inteiro, o tempo todo, ao mesmo tempo
- O ruído é surdo!


CHORO oceânicas lágrimas dessas gentes tristes
torno-me elas, seus olhares aflitos que procuram
a felicidade, alguma felicidade, muita felicidade, o momento-felicidade
- O coração é muito!


MORRO na vida dos vivos homens pouco viventes
sem caixão, sem velório pomposo, sem despedida demorada, sem temor
fico só vivendo, a paixão fora de mim
VIVO!



        DE LONGE


O SORRISO É TORTO
O OLHAR É MORTO.

O NARIZ É RETO
O CORPO É PENSO.

UMA MÃO,
A OUTRA MÃO,
O CIGARRO NA DESTRA
A SINISTRA NO BOLSO.

UM PÉ DESCALÇO
O OUTRO, FALSO.

O CASACO É TRAPO
O CHAPÉU É SACO
O RELÓGIO É PARADO.

A COMIDA É POUCA
A MORTE É LENTA.

A PELE É SECA
A ALMA É SECA.
OS OLHOS, SECOS.

O CORAÇÃO SECOU,
A VIDA – RETIROU-SE.



quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Rascunho de uma história infantil e/ou Desejos de Teresa

Meu desejo é que este texto seja ilustrado.  
Ao ler, por favor, tenha a imaginação de uma menina de seis anos.  

Teresa fechou bem os olhos e pensou o que desejaria. 
Não era seu aniversário e ninguém tinha lhe concedido um desejo. Apenas se pegou pensando no que mais queria no mundo.
E se apegou a pensar do jeito mais livre, não ter motivo nenhum para pensar. 
Ficou confusa sobre o assunto.  
Primeiro pensou em ser fogo. Em como seria bonito ser cor de laranja-vermelho e quanto seria divertido derreter coisas envolvidas em labaredas de muitos graus. Mas teve medo de queimar pessoas, plantas e animais. Então, desistiu de ser fogo.
Pensou que poderia ser vento e conhecer o mundo em viagens maravilhosas que faria com fantástica rapidez e também em como ajudaria as flores e os frutos a espalharem seu pólen. Mas teve medo de ser lenta e virar ar em alguma cidade distante e poluída. Então, desistiu de ser vento. 
Teresa resolveu abrir os olhos e tentar ver se à sua volta  estava o que mais desejaria.
Começou olhando as vitrines de brinquedos, pensou no gosto de comidas magníficas expostas nas prateleiras da padaria.
Foi quando seu olhar se encontrou com outro. E uma curiosidade imensa de saber o que aquela pessoa pensava a tomou, vasculhar a mente, descobrir segredos, entender sentimentos. Mas teve medo de que assim os outros seriam como ela e acabaria toda graça de conhecer pessoas novas. 
A música veio do toque do celular de uma moça e foi em Teresa que ela vibrou, a moça atendeu rápido, ligação de amor, mas Teresa entendeu o que mais desejava.
Correu e procurou outra música de celulares, de passarinhos, de buzinas, de vitrolas. O que ela mais desejava era dançar como o fogo, ou as folhas ao vento, com pessoas olho no olho. Sem medo.