
O site da qualidade das praias é o http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/mapa_praias/praias.asp
Certa vez a estimada colega deste blog, Marcela Prado e responsável por postar este texto de hoje, pois eu não tenho internet no moquifo em que eu moro, comentou-me que minha alma é cinza. Concordo com ela. Em partes.
Às vezes meu ânimo está roxo de raiva, vermelho de paixão, preto como meu humor negro, laranja de alegria e por aí vai. Só não tem tons pasteis na minha escala pantone de cores. Porque eu sou daquela “tipa” oito ou oitenta que ou ama muito uma coisa ou odeia. E sou também assim, extremista, com as pessoas e sofro com isso. Já errei feio em meus julgamentos e para fazê-los, em geral, eu bato o olho em fulano e a coisa toda é muito simples: ir ou não ir com a sua fuça. Vou no achismo mesmo ou sigo meu “feeling” – só para ficar mais bonito. Na verdade, a princípio eu mais observo do que falo e isso me dá boas margens de acertos, mas do que ninguém nunca vai poder me me acusar é que eu sou falsa e se eu erro com você, me redimo.
Na minha vida dou preferência para pessoas como eu: temperamentais, geniosas e que mostram logo a que vieram. Prefiro lidar com gente assim . Não gosto de sorrisos amarelos disfarçados com um grande desejo de “foda-se” embutido. Sou capaz de entender que o sujeito não está em um bom momento, está irritado ou chateado e mesmo que ele é chato mesmo. Só que eu não sei lidar com quem é dissimulado, com gente que se faz de boazinha ou de abestalhada.
NINGUÉM é 100% benevolente em tempo integral. Ninguém. E sei distinguir o cidadão que é cortês de quem finge, assim como também sei discernir o sincero do mal educado. Um exemplo: “- Eu só contratei você porque achei que você tinha cara de trouxa como todo japonês! E pelo visto me enganei, né? (...) Mas você tem uma vantagem em trabalhar comigo: você nunca vai encontrar uma pessoa tão transparente como eu!” A ex-patroa teve uma merecida resposta que culminou no inferno que foi o meu ano passado, afinal, minha educação e paciência são proporcionais com quem eu interajo.
Eu, conforme já confessei no começo deste post, tenho minha variação de humores e me permito também amaldiçoar e alimentar sentimentos vingativos com os filhos da puta que cruzam o meu caminho. Falem bem ou falem mal o que me incomoda mesmo é passar incólume, pois nada é mais desagradável do que ser ignorada. Também não puxo o tapete, jogo limpo e dou a corda para se enforcarem sozinhos.
E você? Quando é que você se permite ser má ou mal? Quando não tem ninguém te olhando e pumba? Jura de pés juntos que não foi você e ainda bota a culpa em outrem? Tsc, tsc, tsc... Mostra a sua cara para mim, mostra?
Sandra Sakamoto ( Sakana)
Naquela época eu tinha mudado de emprego, de casa, de bairro, ainda não conhecia muita gente e o contato com os velhos amigos se tornava cada vez mais escasso, por causa da distância e da falta de assunto. Assistir televisão era praticamente a única coisa que eu fazia no meu horário livre e aos fins de semana eu costumava visitar minha mãe, com quem eu reclamava do tédio que eu tinha durante meus horários inúteis dos dias úteis. Meu aniversário logo chegou e minha mãe me deu de presente a assinatura de uma dessas revistas de curiosidades. A idéia não foi ruim, mas a revista me entreteve por apenas dois dias. Pensei então em assinar um jornal pra poder ler todos os dias e talvez alguma outra revista. Tudo isso me manteria, eu esperava, longe do tédio por muito tempo e eu comecei a acordar mais cedo para poder ler o jornal enquanto tomava o café da manhã.
Em poucos dias, os jornais começaram a se acumular em uma pilha no canto da minha pequena sala, aumentando cada dia mais. Havia um velho que frequentemente passava pela minha rua juntando todo tipo de coisas velhas para reciclar, então pensei em dar a pilha de jornais para ele vender, mas ele não quis, disse que jornal dá muito trabalho de carregar e pouco dinheiro. Quase considerei jogar tudo no lixo mesmo, mas um caderno especial sobre reciclagem e aquecimento global me fez logo desistir da idéia. Se eu tivesse um carro, eu mesmo levava para reciclar.
Eu tinha agora duas pilhas de jornais junto com algumas revistas, que se fossem uma pilha só, seria certamente uma pilha mais alta que eu, mas é difícil equilibrar uma pilha de jornais desse tamanho e eu me recusava a me sentir oprimido por um monte de notícias velhas. Ainda era eu que mandava ali, por isso resolvi dar um fim de uma vez por todas naquela situação. Liguei para cancelar minha assinatura do jornal e com o dinheiro que eu ia economizar todo mês poderia pagar as parcelas de um computador. Iria ler todos os jornais que eu quisesse e quando terminasse, não haveria nenhuma pilha de papel.
Os jornais, no entanto, continuaram a vir. A moça me disse que minha assinatura estava cancelada, devia ser algum engano e que nada seria cobrado. Mas eu não me incomodava com a cobrança, eu até pagaria pra não ter mais jornais. Os jornais, no entanto, continuaram a vir. Pensei em acordar cedo pra falar com o entregador, mas ele passou de moto tão depressa que nem me viu.
O computador chegou, mas eu não queria mais saber de notícia nenhuma, eu queria que o mundo explodisse e eu pudesse me ver livre da pilha, que agora eu usava como assento para ficar na frente do computador. Em um site, aprendi a fazer esculturas de papel machê usando os jornais velhos. Eu tinha, porém, mais material do que habilidade. O origami deu ainda menos certo e o máximo que eu consegui fazer foi um chapéu.
Muitos meses depois, eu mal conseguia andar pela casa sem esbarrar em tiras de quadrinhos, políticos corruptos e enchentes no Paraná. Eu também já nem usava mais toalha, me secava com as páginas do suplemento dominical, que, apesar do inconveniente de soltarem tinta, não precisavam ser lavadas depois. E as folhas tinham lá sua utilidade – impedir uma goteira, substituir um vidro quebrado. Melhor ver uma foto da Patagônia do que a rua suja do lado de fora.
E, pensando bem, eu não ia mais precisar do fogão, podia queimar algumas folhas para cozinhar. Quando descobri que em Londres era costume levar comida embrulhada em jornal, me livrei dos pratos também. No inverno, uma boa camada de notícias quentes era melhor que meu cobertor. Os moleques da rua me chamam de louquinho do jornal, mas eu me defendo, jogando bolinhas amassadas de realidade neles. Só jogo as notícias mais cabeludas, que essas doem mais.
Eu sonho com resenhas, notas e gráficos. O Diário marcou uma entrevista comigo, mas eu não entendo, não sei nada sobre escândalos nem tendências. Eu não sou notícia.
Tiago Franco Marques
hey boy wont you take me out tonight
I'm not afraid of all the reasons why we shouldn't try
hey boy wont you make me out tonight
I get excited when I think of crawling into your arms
.
.
.