Tontura. Eu sinto até tontura de pensar no dia em que fui ao motel com outra mulher e lá estava o seu quadro favorito. Parecia que tinha alguém zombando de mim, era só isso que parecia. Como o Show de Truman, mas sem os comerciais de manteiga no meio dos diálogos. Claro, era apenas uma cópia fajuta do quadro, mas naquele momento tudo que eu estava vivendo era uma cópia fajuta do que tínhamos vivido, enquanto tentava em vão capturar o vento e me agarrar às últimas lembranças do suco de limão, do seu dedão do pé e da sua risada de porca. Engraçado perceber que são essas coisas que ficam.
Então, o quadro. Quando o vi minha reação não foi chorar, nem foi fugir e também não foi brochar. Não, mas eu ri. Ri da ironia daquilo tudo, da maldade inocente completamente despropositada daquilo tudo. Era só uma forma de me agredir e nada mais. Faz tempo e já senti mais falta, é verdade, mas ainda guardo essa memória comigo. Gostaria de poder esquecê-la. Qual o oposto do Alzheimer? Sofro dessa condição, a incapacidade de esquecer. Hoje não acordo mais de madrugada e fico revivendo arrependimentos, mas sei que é questão de tempo. Isso e de encontrar novamente com seu quadro por aí.
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