sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pies descalzos

Aquariana sonhadora is now following your tweets on Twitter
Foto de close do rosto e com óculos escuros. Baranga e não vê homem desde o século passado. #fato

“A solidão também é uma fonte de riqueza em nossas vidas” [Emma Riverola, publicitária e escritora].

Maicon Vida Loka is now following your tweets on Twitter
Não aguento mais essa orkutização que tah rolando aki. Outro mlk com cara de bandido me added?#tenso

“Às vezes me dá enjoo de gente. Depois passa e fico de novo toda curiosa e atenta. E é só” [Clarice Lispector, escritora].

Danizinha futura jornalista is now following your tweets on Twitter
Meodeos! Com esse decote aí a moça não vai ficar sem canudo... #fail

“Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão” [Vinicius de Morais, poeta].

Pegaeu is now following your tweets on Twitter
O maluco colocou o número do celular na “one line bio”. Darling, naum é chique ter um pré-pago das Casas Bahia. #fikadika

“Qualquer um que não conseguiu comprar um relógio Rolex até os 50 anos fracassou na vida” [Jacques Seguela, publicitário francês].

Jurema Deus é fiél is now following your tweets on Twitter
Essa deve ser da igreja daquela bispa que tava no xilindró. Pelo acento agudo em “fiel” dá pra ver q ñ foi alfabetizada em inglês. #surtada

“A pior solidão é não ter amizades verdadeiras” [Francis Bacon, filósofo].

Nando1973 is now following your tweets on Twitter
Tão acabado q o ano do nick deve ser o da formatura na facul. Como mora nos cafundós, deve usar Internet discada na Lan House. #aff

“Quando estão sozinhos querem estar acompanhados, e quando estão acompanhados querem estar sozinhos. Isso faz parte de ser humano” [Gertrude Stein, escritora].

GihhPoesias is now following your tweets on Twitter
Frase do Caio Fernando Abreu na apresentação. Com essa cara de pobre, no máximo leu algum livro de receitas de bolo. kkkkkkk #aloka

“O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece” [Charles Bukowski, poeta].

Pavarini is now following your tweets on Twitter
Boné, brinco e microfone na mão? Algum cantor sertanejo tentando pagar de ga(s)tinho. #vaza

“Tirar os sapatos é um pouco isso: não reagir àquilo que o rejeita, que o agride” [Nilton Bonder, rabino].

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Onde há vida há poesia" - Cora Coralina

"Poeta, não é somente o que escreve.É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso."

Saber Viver
"Não sei... Se a vida é curta Ou longa demais pra nós, Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita, Alegria que contagia, Lágrima que corre, Olhar que acaricia, Desejo que sacia, Amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, É o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela Não seja nem curta, Nem longa demais, Mas que seja intensa, Verdadeira, pura... Enquanto durar"


"Faça doce com amor, com fruta, com o tacho de cobre no fogão de lenha.Nem muita água, nem muito açúcar, misture tudo isso com muita inteligência.Vá graduando no fogo, escorra a calda, apure essa calda, mais um bocadinho no fogo.Vá despejando as porções no prato ou travessa rasa,Vá passando os pedaços de frutas cozidas em calda.Deixe esfriar. Levante a tampa. O doce está pronto!Sirva-o com amor e inteligência".
.
(Aninha e suas pedras)
Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema. (...)
"Sou a voz da terra e sou a própria terra. Sou a gleba, eu sou o tronco, eu sou raiz, eu sou folha, eu sou graveto, eu sou tudo isto. Eu nasci no berço de pedra - de pedra tem sido os meus versos no bater e rolar de tantas pedras". Eu sou Aninha" - Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nascida antes da República, em Goiás Velho."

"Cora Coralina é a pessoa mais importante de Goiás. Mais do que o governador, as excelências parlamentares, os homens ricos e influentes do Estado". (Carlos Drummond de Andrade)...
Neste elogio, ela discorda logo:
"Eu sou mesmo é a maior doceira de Goiás, isto sim, eu concordo". (Cora Coralina)

[ Boa medida, recalcada, sacudida e transbordante! embrulhada com a fita doce do amor e papel-seda da simplicidade. Um belo presente para o dia 29, ganho antecipadamente em 24/10/2009 no Museu da Língua Portuguesa ]

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Anti-Anestesia Cerebral e Filosofia Wiki

Você sabe que há algo errado quando alguém canta: “Não atire o pau no gato, to…Porque isso, so…Não se faz, faz, faz…Jesus Cristo, to…Nos ensina, na…A amar, a amar os animais…Amém!”. Há algo de podre no politicamente correto que mora debaixo de todo esse nosso “nada a declarar”.

No colegial, tive um professor diferente. Ele entrava em sala de aula, tirava o jaleco, puxava uma cadeira para o centro da sala e dizia algo como: “Só o Brasil mesmo para eleger um cara que nunca dirigiu um carrinho de pipoca que seja e tem um dedo a menos para presidente da nação”.

Entre petistas, tucanos e adventistas, estava iniciada a aula. Era difícil ficar passivo às suas afirmações absurdas. Interpretava o advogado do diabo, utilizando argumentos que o próprio ex-anjo não teria coragem de defender. E, dessa maneira, eu e outros estudantes descobrimos idéias e posicionamentos que não sabíamos que tínhamos.

Não debater empobrece o pensamento. Ter personalidade não é saber se posicionar diante dos outros, mas estar disposto a ser transformado pelo meio. É preciso não ter medo de mudar de idéia, de construir o seu conhecimento por meio de uma filosofia ‘wiki’, de contribuição, exclusão e adição constante de novos conceitos.

Às vezes, é preciso provocar um pouco para saber o que as pessoas realmente pensam. Nem todo mundo ama velhinhos, não é sempre que ficamos felizes com uma política social que nos aumenta o imposto, o meio ambiente nem sempre deve ser a prioridade quando eu preciso chegar mais rápido no trabalho. É a cultura do politicamente correto que faz com que deixemos de perceber qual é a razão pela qual estamos fazendo as coisas.

Um exemplo: não se engane. A proibição de fumo em ambientes fechados de uso coletivo não acontece porque o governador José Serra tem um apreço inestimável pelo pulmão dos paulistas. É que, cada vez mais, há pessoas com câncer em cuidados paliativos que exigem um gasto enorme do estado em saúde. Logo, mais fácil dificultar o acesso ao cigarro e fazer com que jovens, frequentadores de bares e baladas, acabem por achar um saco ter que sair do estabelecimento para fumar e deixem o vício. Mas é bem mais bonito quando falamos que isso diminui a poluição na cidade e influencia em uma vida mais saudável, não?

Não tenha medo de se sentir ‘cutucado’ pelos temas que te incomodam. Não tenha medo de falar sobre eles. Estar errado sobre algo não é crime algum quando se está disposto a aprender sobre o tema. É só não permitir que o silêncio e o conforto do que é agradável se transformem em uma anestesia cerebral.

Sempre que me percebo em coma social, entro em conflito. Não comigo, mas com os outros. Só esse choque de dúvidas me faz encontrar o que eu realmente acho sobre algo, nem que seja à base de ironia, sarcasmo ou mero cinismo em forma de discurso. E como é bom não ter a palavra final sobre um assunto.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Eles estarão lá também!


Você tinha dúvidas que eles conseguiriam?

Pois é. Na mão de Dom Diego Armando Maradona a Argentina estará na copa no ano que vem.

Maradona não aguentou e "meteu a boca" nos criticos.


Para ilustrar o post além do vídeo acima segue uma foto que eu fiz dele em La Bombonera.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

História da Fórmula 1 - Década de 60


Devemos, antes de

tudo, ter cuidado ao analisar este período sem o romantismo que temos costume de e

nxergar estes anos, pois senão corre-se o risco de não dar o valor merecido a este importante moment

o da categoria. Nos anos 1960 ocorreram as mais profundas mudanças na Fórmula 1. Foi o grande mom

ento para os entusiastas (também chamados na época de garagistas, com um tom de menosprezo pelas

grandes fábricas). Consolidou-se o motor traseiro, a tecnologia de 4 válvulas por cilindro, Chap

man iniciou uma nova era com o monocoque e a maior das descobertas:

a aerodinâmica. Diferentes asas e spoilers apareceram a partir de 1967, mas, após 1968 é que acontec

eu uma revolução neste campo.

A década começou com motores gera

ndo 160hp e terminou com carros equipados com o motor Cosworth DFV chegando a desenvolver


450hp, o que determinou um avanço no desenvolvimento dos pneus que se tornavam cada vez mais largos, mas ainda providos de sulcos. Mas os pilotos já precebiam que com o desgaste nem sempre se perdia em aderência, e já no início de 1970 os primeiros pneus slick apareceram.

No campo da propaganda, esta época foi decisiva para o futuro das competições na Fórmula 1 como conhecemos hoje. A Lotus se juntou a uma empresa de tabaco em 1968, e criou a equipe Gold Leaf Lotus, com carros pintados de vermelho, branco e dourado, o que fez desaparecer o tradicional verde britânico. As competições se transformaram num meio comercial.

Mas os anos 1960 também trouxeram muitas mortes nas pistas. Jackie Stewart passou a exigir mais segurança na Fórmula 1. Tudo começou num gravíssimo acidente que ele sofreu em 1966 na pista belga de Spa-Francorchamps. Uma tempestade atingiu o circuito, e deixou seco somente o grid de largada. Na rápida Masta Straight, a BRM de Stewart girou e caiu em uma vala, e ele ficou preso no carro com o macacão encharcado de gasolina, enquanto Graham Hill e Bob Bondurant tentavam desparafusar o volante para poderem retirar Stewart de dentro do monocoque avariado. A partir daí, disse que não correria na equipe se não tivesse segurança no carro. Foi ele que idealizou o capacete que cobre toda a cabeça do piloto e do macacão antichamas. A partir daí, ele chegou a ser ridicularizado por aqueles que achavam que as competições deviam ser um esporte de riscos. Ficou, inclusive, conhecido como homem vacilante, mas se tornou campeão do mundo por 3 vezes.

O ano de 1960 registrou a última vitória de um carro com o motor de 2,5 litros montado à frente do piloto na Fórmula 1, uma Ferrari pilotada por Phil Hill, na pista inclinada de Monza. A Cooper se tornou campeã de construtores e seu piloto, Jack Brabham, o campeão dos pilotos, assim como acontecera em 1959.

A partir de 1961, os dirigentes da Fórmula 1 optaram pelos motores de 1,5 litro, o que trouxe de volta o domínio dos carros vermelhos da Ferrari de nariz de tubarão. Phil Hill se tornou campeão de 1961 com 5 pontos de vantagem sobre Wolfgang von Trips, também da Ferrari, que se sagrou campeã entre os construtores. Entretanto, a conquista ferrarista foi ofuscada pela trágica morte de Von Trips, em plena Monza.

Em 1962, os ingleses reagiram e as equipes BRM (campeã de construtores e pilotos, com Graham Hill em 1962) e Lotus (campeã em 1963) passaram a dominar o circuito. Em 1964, a Ferrari retoma o título de construtores e pilotos com Jonh Surtees(que já tinha 7 títulos de Motovelocidade nas 350cc e 500cc quando foi para a Fórmula 1). A Lotus venceu o campeonato de 1965, novamente com Jim Clark, tendo conquistado o título individual, como já havia ocorrido em 1963.

Em 1966, a Fórmula 1 passou a contar com motores de 3,0 litros, mas os motores de até 1,5 litro superpressurizados também eram permitidos (mas foi ignorado na época). Jack Brabham conquistou seu terceiro e último título de campeão de Fórmula 1, mas registrou um feito até os dias de hoje único: foi campeão de construtores e pilotos tendo fabricado o próprio carro! Em 1967, a Brabham vence o campeonato, mas desta vez o piloto neo-zelandês Denny Hulme supera "Old Jack" por 3 pontos e conquista o título.

Graham Hill venceu o campeonato de 1968, e a Lotus foi a campeã dos construtores, mas o ano ficou marcado pela morte de Jim Clark, no dia 7 de abril, em uma prova de F-2 em Hockenheim. Tal qual 26 anos após, em Ímola, o mundo do esporte ficou terrivelmente abalado. Após sua morte, Jackie Stewart iniciou a cruzada pela segurança no esporte.

O ano de 1969 marcou a entrada na Fórmula 1 do potente motor Ford-Cosworth DFV, que exerceu domínio na F1 tendo sido usado até 1981 e tendo conquistado 10 títulos. Correndo pela equipe francesa Matra, Stewart conquista seu primeiro título, dando à Matra sua única conquista entre os construtores.


ps: uma fotinha da minha viagem, San Francisco. Ainda estou por aqui galera!

[ ]'s



sábado, 24 de outubro de 2009

Quem disse que eu não posso ser livre?


Odeio quando meus pensamentos voam longe e eu (sem querer) faço o balanço do dia, da semana, do mês, do ano...
Não quero pensar no que ganhei ou perdi...
O que ganhei já passou...
E o que perdi ainda me faz sofrer...
Hoje olhei pra foto da minha irmã...
E desesperadamente comecei a chorar...
Não pela distância, nem só pela saudade...
Mas por ver a mudança do sorriso dela nos últimos anos...
Fico tão tranquila de ter conseguido fazê-lo voltar nesse rosto que é tão lindo...
Só quem já passou por isso sabe qual é o medo de perder a pessoa que se ama...
Meu medo era maior...
Meu medo era de continuar vendo ela ao meu lado, mas sem vida, sem sorriso, ser amor...
Que Deus permita que eu (mesmo longe) consiga sempre fazer o sorriso voltar no rosto de todos..
Que eu atrase trabalhos, que eu perca provas, que eu gaste dinheiro, que eu não consiga emprego, mas que eu sempre sempre sempre consiga amar (e demonstrar isso) minha família sempre.

Who says (John Mayer)

"Quem disse que eu não posso ser livre?
De tudo que eu costumava ser
Re-escrever a minha história
Quem disse que eu não posso ser livre?
(...)
Quem disse que eu não posso demorar?
Conhecer todas as garotas da fronteira
E depois esperar que o destino me mande um sinal
Quem disse que eu não posso demorar?"

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

De repente 30

Daqui a oito dias faço trinta anos.
Eu tinha planos.
Intercâmbio, mestrado, casar, ter filhos
Antes dos 30.

Eu tinha um namorado.
Passei os últimos três anos me perguntando se ele ainda pensava em mim
Como eu pensava nele.
Até que outra pessoa me mostrou que eu não sou alguém fácil de se esquecer.

Talvez eu esteja agora na metade do caminho.
Mas sinto que só está começando
Eu continuo querendo ser uma pessoa melhor, mais magra, mais segura.
Parece que nada mudou,
Terei mais 30 maravilhosos anos pela frente.


Sem querer saber de mais nada.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

oqueestáacontecendocommeutime.com.br

Um texto cheio de desespero de uma torcedora inconformada.

Segunda, dia 12, foi contra o Naútico. Domingo contra o Flamengo. Ontem contra o Santo André. E o Palmeiras perdeu nesses três jogos. Tudo bem que ele ainda está com quatro pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Atlético-MG, no G4 do Brasileirão, mas galera, vamos parar de brincar e jogar sério?

No site oficial do clube, a notícia: "Jogando em casa, Santo André surpreende o Palmeiras". O verdão começou lutando e já nos primeiros minutos Obina mandou um chute por cima do gol. E as tentativas não pararam, mas dos dois lados, tanto que aos 20 minutos Camilo (Santo André) fez uma linda jogada com Nunes, que marcou gol. Surpreendente? Não! Já não era de se esperar que um time "liderado" pelo ex-corinthians Marcelinho Carioca desejasse quebrar em sua casa o tão grandioso alviverde.

Em entrevista ao site Globo Esporte, o goleiro Marcos afirma que a equipe não perderá a liderança no final da rodada, mas alerta para erros constantes na defesa do Palmeiras. E bota erro nisso, pois já são QUATRO rodadas sem ganhar.

O técnico Muricy, também em entrevista ao Globo Esporte, disse que o time vinha bem e todos oscilaram. "Mas vamos melhorar nessa reta final para sermos campeões. Com o resultado negativo, é claro que os jogadores perdem a confiança. Mas é aí que o treinador tem de entrar e dar isso novamente a eles. Não dependemos de ninguém, mas é importante melhorarmos. Contra o Goiás vai ser diferente e peço o apoio da torcida. A situação não está desesperadora", afirma.

Resta então esperar que quinta, dia 29, contra o Goiás, o Verdão saia dessa ziquezira de derrotas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

(sem assunto)

não sei fazer homenagens. nunca soube.
mal sei fazer elogios a quem julgo merecê-los.
nunca soube recebê-los também.
não os sinceros, sem segundas intenções, pelo menos.
desconfiada por natureza, uma vez que sinto o vazio da traição, é o fim esperando pra se consolidar.
não culpo quem age da mesma forma comigo.
como poderia?
homenagem.
queria saber fazer, mas não sei.
queria fazer um texto bonito em agradecimento ao que recebi um dia.
não por tê-lo achado belo, mas pela perspicácia e sinceridade com a qual foi criado.
explorar falhas da personalidade alheia sem julgá-las é um dom.
um dom que eu queria ter.
dom o qual uma certa moça recebeu há exatos vinte anos.

*um agradecimento por ter passado pelos pensamentos de Mayra Massuda.
** um feliz aniversário, embora não acredite muito neles.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

três décadas

Hoje faço 30 anos, mas não me sinto diferente em quase nada. Um pouco mais sábio que ontem, um pouco menos inteligente que amanhã.

O que percebi é que passo por uma reativação do lado espiritual, da percepção das coisas que, nessa vida, são realmente importantes. A gente acaba vivendo a vida acumulando bens ou gastando nosso tempo com intrigas sociais, rancores e futilidades demais, como se fôssemos viver para sempre.

É aquele negócio: você nasce e recebe uma cartilha com as instruções de como viver, como crescer, como conviver, estudar, trabalhar, comprar, casar e ignorar. Chega um dia que você acorda e pensa "o que fiz de mim? onde está minha vida"?

Preciso de trabalho, mas preciso mais da minha filha. Preciso de network, mas preciso mais da minha família e amigos. Preciso de tecnologia, mas preciso mais ainda ver o mar de vez enquando, tocar em uma árvore, sentir o cheiro da terra depois da chuva.

Acho que o mundo nunca foi tão alienante e complexo, e nós, tão necessitados da simplicidade.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Num momento


Quo vadis Tempus fugit?

Pequenos papeis picados, aros de oculos, rugas, lenços bordados, terno escuro, cachimbo, cadeira de balanço, jornal. Poeira suavemente flutuante no ar sendo iluminada pela luz do sol, na penumbra. Silencio. Silencio gelado de igreja, silencio com som de madeira, silencio cortado pelo tiquetaquear vagaroso do cuco na sala de jantar. Cilios. Olhos. Sobrancelha. Enfeites de natal. Chocolate no ar. Sino da igreja. Longe. Galo cantando, longe, barulho de agua, longe, fumaça, nuvem, lua, sol.
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Nunca poderia pensar. Não nasceu para pensar. Não nasceu. Havia sido construido.
Movimentava-se. Parava. Nunca morreria... mas poderia ainda, ser desativado.
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Tralhas, porcarias, babiloques, percevejos, clips, filmes velhos, slides, selos, dados, cortador de unha, parafusos, bitucas, cds, comprimidos, pilhas, camisinhas, gameboy, estetoscopio, latinhas, livros, caixinhas, compasso, iPod, colher, mapas, batata frita, canivete, globo, notas fiscais, perfume, lanterna, controle remoto, despertador. A gaveta fecha fora fica um barbante.
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Uma aranha andava por sua perna lentamente, olhou de novo e viu uma sombra, olhou mais de perto e viu que sua perna estava suja de carvão, examinou mais ainda e percebeu que aquela coisa escura em sua perna era um hematoma.

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As pessoas se parecem as vezes com edificios. Grandes, pequenos, ricos, humildes, solidos, frageis, grandiosos, fora de moda, modernos, desejaveis, insuportaveis, misteriosos, pateticos, imponentes, frios, elegantes, charmosos, desengonçados, magicos, curiosos, malditos, bonitos, feios, altos, baixos, imundos, limpos, isolados, alegres, iluminados. Existem ainda pessoas confortaveis ou espaçosas, edificios nervosos ou tristes.
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A medida que ia envelhecendo, não deixava de manter aquele ar retrô e aquela aparencia nobre que só o tempo confere. Não poderia no entanto mais estar ali, naquele mesmo lugar, onde tudo era moderno. Sua presença anacrônica incitava inquietação.

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Trabalhou 57 anos naquele predio, agora os dois iriam desaparecer. Ali seria construido um shopping center com muitos funcionarios novos e temporarios.

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Foram quase 1900 anos depois de Cristo que descobrimos o conforto. A luz eletrica é o maior bem tecnologico da humanidade, a mais importante descoberta depois do fogo. A luz eletrica dá independencia divina e prepara a humanidade para uma incrivel jornada. Os primeiros passos cosmicos sob suas proprias pernas. A humanidade sai do primario e entra para o ginasio.
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domingo, 18 de outubro de 2009

Para com isso aí vai

Sem medalhas. Quem falou que eu quero tanto? seu ouro é diferente do meu. O podium, a prata, o bronze, foda-se. Senhora ideologia sistêmica, só me dê paz. E tempo. E espaço também. Pro mapa encurtar e distância não alcançar. Saúde também quero, e não é pra ti que peço. É pra ter tempo de te ver cair.
E sorrir.

* Para Bola e Miss, com carinho.

sábado, 17 de outubro de 2009

Muitomundonomundo

- Mas aonde, realmente, você quer chegar?


A terapeuta lançou a pergunta e esperou a resposta por detrás dos óculos de aros grossos. A menina pensou muito bem no que responder. Sabia que não era lhe exigida uma resposta automática, mas reveladora.

Quando abriu a boca para falar, a mulher a interrompeu:


- Será que você não quer o mundo?

- Não sou tão pretensiosa.


A questionadora arqueou as sobrancelhas, como se duvidasse.


- Sou determinada...

- Disso eu não tenho dúvidas.

- ... mas quero apenas o que posso alcançar. Coisas difíceis, mas possíveis.


A menina achou apropriado contar seu sonho de ir embora do país. De como fez cursos de idiomas, pesquisou trajetos, buscou ocupações.


- E o que ainda te prende aqui? Por que não foi?


E aí ficou sem respostas. Dizer o quê? “A margarina, as carolinas, a gasolina?” Costumava dizer que há muito mundo no mundo para ela se fechar no mundinho que a rodeava. E a sufocava.

A mulher quebrou o silêncio.


- Percebe-se claramente que há duas dentro de você. Uma quer o mundo, a outra quer... quer ficar. Casar, ter filhos, esse tipo de coisa.

- E qual é a certa?

- Não existe certa. O que não pode é elas ficarem se digladiando. Precisam entrar em um acordo.


Foi inevitável para a menina não se imaginar cercada por uma miniatura de si trajada de demônio e por outra de anjo. Uma sussurrando: vá! E a outra: fique!

A hora terminou. Pagou e saiu. Olhou para fora e lembrou que havia esquecido o guarda-chuva. Fosse outro dia e teria praguejado aquela água toda caindo. Ao contrário, riu. Riu do dia cinza, das gotas escorrendo na lente dos óculos.

Caminhou rumo ao trabalho e teve vontade de voltar. Voltar e arrumar as coisas, ir embora. Pensou se esse desejo era bom, fruto da inquietude, qualidade rara, ou se era mau, mania de fugir, de buscar a inconstância. Obra ou não da miniatura endemonhada, não quis constrariar o que lhe instigava. Fez meia volta, fez o passaporte, fez as malas. Partiu para conhecer parte do tanto de mundo que há no mundo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Dois em um


Pegou o pacote das mãos do balconista da farmácia e saiu apressada pelas ruas. Caminhava como se o seu corpo fosse um ser involuntário, que não precisava do comando do cérebro para indicar a direção a seguir. Aquilo não podia ser real, não podia estar acontecendo com ela, não podia. Se sentia uma daquelas personagens de seriado adolescente, comprando teste de gravidez escondido e rezando para que o exame desse negativo. Olhava ao redor e não conseguia compreender como as pessoas podiam olhá-la sem imaginar o tormento que devastava tudo dentro dela. Não podia ser verdade, não podia, não podia.
Apenas se deu conta de que havia chegado em frente ao prédio quando o porteiro a cumprimentou. Subiu as escadas correndo, pensando no olhar acusador dos vizinhos e colegas de trabalho ao verem a sua barriga enorme, abrigando outro ser. E no dos seus pais... Não, não queria pensar na reação dos pais, não agora. Já bastavam os planos, as viagens e os sonhos que ela teria que abdicar, enquanto ele continuaria a sair, a viajar, a dormir com outras. Tinha que ser justo com ele, uma pessoa com quem ela não tinha intimidade alguma, exceto para a ver nua? Nunca teve tanta certeza de que sexo não era sinônimo de intimidade. Nunca.
Voou para o banheiro assim que entrou no apartamento e leu rapidamente as instruções do frasco, tentando se convencer de que era melhor acabar com tudo aquilo logo. Não aguentava mais a angústia do não-saber. Podia ser apenas um atraso ocasional, fruto de disfunções hormonais, neuroses ou essas coisas que dizem ter toda mulher. Ou, e se tivesse um punhado de células se multiplicando para formar dedos, braços, pernas, coração? E se ela pudesse sentir dois corações batendo dentro de si?
Depositou o líquido amarelo no potinho e segurou firme o palitinho dentro dele. Alternava o olhar nervoso entre o relógio e a linha rosa que começava, lentamente, a surgir.
As linhas.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Corações kamikases



Dizem que os corações têm um número limitado de batidas, que toda equação entre vida e morte dos mamíferos sugere uma só duração. Eu que tenho amado sem freio, percebo que tenho menos tempo por causa do amor. Que há hordas de paixões assassinas. E que o amor verdadeiro que me quisesse vivo, tinha que ser manso pasto de arcádias. Aquele disparo no peito, horas a menos; aquela ligação perdida, uns dois dias; aquele adeus-para-nunca-mais, meses ou anos demasiados. Tenho sido constantemente assassinado. Meus amores me matam a cada esquina, no ritmo frenético dos carros, dos atropelamentos. Ninguém portanto vive um grande amor, morre-se um grande amor. Mas meu coração suicida não entende nada de estatísticas, meu coração kamikaze quer a morte lanceada de cada dia, quer o balaço dos dentes roendo ombros, bocas que sangram a carne rara dos mamilos. É que só entendo o amor como a pequena morte, estampada na cara de Teresa Dávila de Bernini. Por isso, para viver mais: não amar. 







segunda-feira, 12 de outubro de 2009

¼. Sete.

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Segundo trecho de um razoável fim.

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O dia amanheceu gelado, mas com um sol medroso que saía por detrás de muitos prédios daquela cidade, também medrosa. Lembrou como foi animador olhar aquela vista em sua primeira visita ao novo lar. Lembrou que precisaria juntar uma grana para morar ali com Roberto. Também precisaria de uma cama grande e confortável. Hoje tudo parecia desanimador, ali sozinho. Hoje, nada de muito animador, apesar do fato de, ainda deitado, já descartar um possível uso de cachecol e alguma blusa que impeça um ou outro momento mais brusco. Vesti nessa quarta-feira a mesma jeans de segunda e terça, uma camiseta branca que usara apenas terça e a camisa de segunda acima. Um tênis de futsal sem meia.

A casa parecia vazia, mas tinha certeza que Aline ainda permanecia ajoelhada no pé da cama chorando. A casa parecia vazia e com um cheiro forte de mofo.

Cogitei sobre cada detalhe que me fez trancado ali por dois dias.

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Era quase meio-dia e campainha tocou. Nossa campainha tinha som de canários.

Era alguém.

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Não tínhamos olho mágico.

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- Bom dia, Winnie.

- Você me ligou?

- Não.

- Ligou sim.

- Liguei nada.

- Olha aqui, ó.

- Winnie... Isso é uma mensagem.

- Não importa.

- Pra mim, importou.

- Enfim... Bom tarde, Lú.

- É bom dia, não almocei ainda.

- Imaginei. Eu trouxe pizza. De ontem.

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¼. Seis.

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Primeiro trecho de um razoável fim.

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Foi conveniente, ali, lembrar daquela amiga de Winnie. Luana, Lúcia... não me lembro. Era alguém por quem poderia me apaixonar facilmente. Na verdade, era um porém que deveria me cuidar mais. Assim, me apaixonar facilmente. Qualquer boca e/ou movimento ousado já me deixava assim, pensando em como seria passar os próximos meses da minha vida ao lado daquele novo corpo, daquele novo hálito, daquele novo desenho dentro de uma calça de moletom, aliás, nada mais perfeito que uma mulher que consiga parecer atraente dentro de uma calça de moletom e amanhecer igualmente sedutora, também. Roberto era um grande defensor dessas ideais. “... mas não pode ser extremamente maravilhosa, para não parecer forçado.” Ele sempre repetia essas e outras antes de morrer. É verdade, ele morreu. Ele defendia que mulher de verdade deveria amanhecer com gosto de sexo na boca. Era meio confuso, mas eu entendia muito bem. Ele também. E seguíamos assim.

Luciano ligou o celular, digitou o número que tentou esquecer e teclou em caixa baixa após três pontos intercalados por espaços em branco. Não tentou esquecer, apenas apagou e não fez questão ou esforço para lembrar. Enfim... S, depois A, depois B, depois um E. Continuou: o que é um verdadeiro desperdício? Antes de enviar, apagou. Achou clichê demais esperar uma resposta pra falar da enorme lua cheia.


“... noite de lua cheia.”

Mandei. Recebi confirmação de entrega.

Luciano abriu o vidro da sacada e deixou o som entrar.


All your dreams are made

When you're chained to (your) mirror with (your) razor blade

Today's the day that all the world will see


Recebi confirmação de leitura.


Another sunny afternoon

(I'm) walking to the sound of your favorite tune

Tomorrow never knows what it doesn't know too soon


Encostou na cintura o pára-peito que costumeiramente bate entre o peito e a barriga. Demorou dois segundo mas iria gritar qualquer coisa que viesse na cabeça. Não falava há dois dias. Refugou. Deu meia volta. Outra meia volta. Voltou ao mesmo lugar, apagou o cigarro e gritou, com as duas primeiras palavras levando quase o mesmo tempo do restante da frase.

- Filha da puta. Oasis é melhor que Beatles.

Uma senhora que passara pela calçada parou e me olhou nos olhos, lá de baixo.

- É muito melhor! Melhor que The Beatles. Eu disse. Eu sempre disse isso pra ela.

Ele achava completamente estúpido alguém colocar um nome daqueles numa banda de rock. Só podia ser piada interna. Achava também que os três primeiros comentários desse post seriam defendendo a tal banda. Achou graça em todas as discussões que tivemos sobre as músicas, as comparações. Lembro de encontrar até frases idênticas entre encartes. Péra. Ou foi ela que encontrou?

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domingo, 11 de outubro de 2009

Cidade Invisível

From: “Lenora Guimarães”
To: “Ana Guimarães”
Date: Sat, 11 Oct 2003 22:43:36 +0000
Subject: Cidade Invisível

Nesta cidade o nascimento é comemorado de um jeito especial - é possível sentir na pele o calor dos ausentes; o perfume preferido que exala da nuca escondida sob os cabelos ou revelada pelo prender dos fios com fitas coloridas; o hálito fresco da hortelã colhida de manhã cedinho e o frescor orvalhado da pele que sedosa toca a face no abraço afetuoso. Presentes são desembrulhados enquanto da folha de seda azul do firmamento saltam estrelas e giram planetas que, freneticamente alguns, lentamente outros (como aqueles de órbitas lentas), vão trazendo lembranças dos anos vividos. E surgem, trazidos em bicos de pássaros, pequenos cartões de onde borboletas coloridas alçam vôos. E é possível escutar estalos de beijos nascidos das pequeninas bocas vermelhas tantas vezes carimbadas amorosamente, ao lado de ramalhetes de flores miúdas que exalam perfumes ainda não nascidos. E é assim, que nesta cidade, os aniversários são comemorados numa grande festa, com os ausentes presentes, vindos em bandos, um, dois ou mais. Eles chegam de mansinho, através das pálpebras entreabertas que sonham rastros de sete luas, vindos de todas as direções. Os doces, com sabor de azuis e rosas são degustados ao som de verdes e dourados. Como os tons das roupas dos anjos pendurados na cabeceira e que a cada vez que se celebra mais um ano acompanham o encontro especial na viagem que se faz à Fonte do Pai. Lá, nutrem-se aniversariante e queridos do que há de mais sublime - o Verdadeiro Alimento que o sustentará por mais um ano. E nesta viagem que se faz leve, leve, sem bagagem, sem sobressaltos, mesmo aquele de corpo murcho e manco não encontra obstáculos. É fluxo a viagem, entre tons e sons - pacificada e feliz.
E é assim que nesta cidade, os encontros de aniversário terminam sempre com a e-in-vocação – voltando-se para o poente (que fica depois da entrada do lado de dentro do peito) – do mantra maior: AMOR.

Gatinha querida. Você não deixa de ser responsável pelas últimas inspirações. Parece que desde as musas distantes, passando pelos amores impossíveis, recria-se o Amor, no desejo da Presença, que na ausência, provoca esta coisa feliz de brincar de Deus e criar, e fazer possível tudo que queremos. TE amo. Mãe.



E-mail enviado pela mamãe exatamente seis anos atrás, quando eu morava na Itália, num dia 11 de outubro, às vésperas do seu aniversário.