quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sou mais o PINKY do que CÉREBRO

Ficou muito estranho na época, e mais ainda agora se você lembrar que o tio Obama já ganhou um Nobel pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos.


Por isso espero muito mais a lista do Prêmio IgNobel essa pelo menos sempre foi justa.
Criado em 1991 por uma revista de humor científico Annals of Improbable Research (sim, por mais estranho que pareça isso existe) o prêmio é entregue em uma cerimônia em Harvard onde o nerd afetado da vez recebe das mãos de um verdadeiro laureado com o Prêmio Nobel o reconhecimento pelo empenho de meses ou até anos para se chegar a conclusões brilhantes como:
 
- Ouvir música de elevador estimula o a produção de anticorpos pelo sistema imunológico e assim pode ajudar a prevenir o resfriado comum (IgNobel de Medicina de 1997).
 
- As pessoas encontram sempre modo de adiar a sua morte se isso lhes trouxer benefícios fiscais a nível do imposto sucessório (IgNobel de Economia de 2001).
 
- IgNobel da Paz de 2001 (um dos melhores) Este foi dadoao Daisuke Inoue de Hyogo Prefecture por inventar o karaoke, através disso oferecendo uma maneira inteiramente nova de as pessoas aprenderem a tolerar umas às outras.
 
E os felizardos de 2013 são:
 
Medicina: Masateru Uchiyama, Xiangyuan Jin, Qi Zhang, Toshihito Hirai, Atsushi Amano, Hisashi Bashuda e Masanori Niimi, pela avaliação do efeito de ouvir ópera, em ratos submetidos a transplante de coração.
 
Psicologia: Laurent Bègue, Brad Bushman, Oulmann Zerhouni, Baptiste Subra e Medhi Ourabah, por confirmar, com experimentos, que bêbados se acham atraentes.
 
Biologia & Astronomia: Marie Dacke, Emily Baird, Marcus Byrne, Clarke Scholtz e Eric J. Warrant, por descobrir que, quando os escaravelhos se perdem, eles encontram o caminho de casa observando a Via Láctea.
 
Engenharia de Segurança: Gustano Pizzo, por inventar um sistema eletro-mecânico para prender sequestradores de avião. O sistema derruba o sequestrador em um alçapão, empacota-o e em seguida, o joga empacotado em um compartimento especialmente instalado no avião, lançando-o de pára-quedas para a terra, onde a polícia, alertada por rádio, aguarda a sua chegada.
 
Física: Alberto Minetti, Yuri Ivanenko, Germana Cappellini, Nadia Dominici e Francesco Lacquaniti, pela descoberta que algumas pessoas conseguiriam correr pela superfície de um lago, se essas pessoas e o lago estivessem na Lua.
 
Química: Shinsuke Imai, Nobuaki Tsuge, Muneaki Tomotake, Yoshiaki Nagatome, Toshiyuki Nagata e Hidehiko Kumgai, pela descoberta que o processo bioquímico pelo qual as cebolas fazem as pessoas chorarem é ainda mais complexo do que os cientistas descobriram anteriormente.
 
Arqueologia: Brian Crandall e Peter Stahl, pela parboilização de um musaranho morto, e, em seguida, o engolir sem mastigar e depois examinar cuidadosamente os excrementos durante os dias seguintes. Tudo para saber se os ossos se dissolveriam dentro do sistema digestivo humano, o que de fato, não aconteceu.
 
Paz: Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, por tornar ilegal aplaudir em público, e pela Polícia de Belarus, pela prisão de um homem de um braço só, por aplaudir.
 
Probabilidade (matemática): Bert Tolkamp, Marie Haskell, Fritha Langford, David Roberts e Colin Morgan, por duas descobertas relacionadas: a primeira é que, quanto mais tempo uma vaca permanecer deitada, é mais provável que ela se levante com mais rapidez e a segunda é que, uma vez que a vaca se levante, não se pode prever com que rapidez a vaca vai se deitar novamente.
 
Saúde pública: Kasian Bhanganada, Tu Chayavatana, Chumporn Pongnumkul, Anunt Tonmukayakul, Piyasakol Sakolsatayadorn, Krit Komaratal e Henry Wilde, pelas técnicas médicas descritas no relatório "Gestão cirúrgica de uma epidemia de amputações penianas em Sião", técnicas que eles recomendam, exceto nos casos em que o pênis amputado tinha sido parcialmente comido por um pato.
 
Mongoloid he was a mongoloid
Happier than you and me
Mongoloid he was a mongoloid
And it determined what he could see


Abs
Jeff


terça-feira, 29 de outubro de 2013

A puta que pariu

partiu (para o estágio com gripe, nariz entupido, calafrio; para alesp às 16:00 e câmara às 19:00) volta já.

a puta não contava com tanto em um dia.
a puta não não vê outra imagem se não a cabeça baixa, o olhar para o nada e ninguém.
a puta não sentiu as mãos ao vê-la passar uma na outra, segurando a perda, o coração talvez.
a puta não conseguiu verter uma lágrima, em respeito a dor dela.
a puta se sentiu impotente diante do relato do pai.
a puta abraçou sua covardia quando ouviu a dor gritar no silêncio dela.
a puta não é de se comover, exceto quando se trata do amor, materno.
a puta abortou o assunto em respeito a senhora que enterrou o filho de 17 anos.
se justificado no acidente, excesso no treinamento contra o terrorismo, fatalidade ou reação involuntária (sentença na forma de justiça) pelo agente do estado, vos lembro que esta senhora elencou a palavra correta para o caso do filho: assassinato. 

no entanto, a puta que vos escreve acrescenta que independente do cidadão ser legal ou ilegal mediante a hipócrita sociedade deste país parido por qualquer puta da estória, agente do estado treinado para ter alvo e mira, optar em acertar: abdômen, coração, cabeça e costas (para atingir região abdominal) de suspeito também é assassinato.

sem mais, em solidariedade sem qualquer pressão popular (para isto também elenco oportunismo e ibope para o voto em 2014 senhora presidenta se comparado ao coronel), sentimentos a família sem qualquer intenção, oração para o consolo sem recompensa e gratidão pela presença na ínfima força, dona Rosana.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Inventário sobre o amor


Ama-se de cara porque ainda não se conhece.
Ama-se para inventar motivos dando sentido a algo.
Ama-se para provar ao outro o que sempre sente.
Ama-se no ciúme para provar o cálculo desmedido do que sente.
Ama-se ou se procura amar no triste consolo de não ficar só.
Ama-se sem querer conhecer pessoalmente para não se decepcionar.
Ama-se na esperança de ter quando se lamenta chorando o que não tem.
Ama-se para se envolver e depois não mais ser amado e uma vez verdadeiro o amor continuar amando.
Ama-se pela fé para ter retornos.
Ama-se no luto pela luta de não ter amado mesmo como foi.
Ama-se na insatisfação para obter o que satisfaz.
Ama-se no silêncio de não poder dizer.
Ama-se tão somente pela vontade esquecendo a razão.
Ama-se a ponto de não se amar.
Ama-se o que tem em volta e nunca o que está dentro do outro.
Ama-se na base do esquecimento para não assumir paixões.
Ama-se se reprimindo para já tarde mudar depois.
Ama-se pelo ódio em que se encontra.
Ama-se dentro do abraço na carência de querer mais.
Ama-se escrever o que carrega em si ainda que imposições.
Ama-se. 

JOÃO GOMES

domingo, 27 de outubro de 2013

Feliz independência

Enquanto conto dias (e horas) pra chegar em Cuba, meu trabalho pesa mais, a vida familiar enche mais o saco e meu único desejo é enfiar tudo na mala e correr pro aeroporto. Como não é possível, entre uma cerveja e outra, preparo com cuidado os detalhes da viagem e vou me contentando com pequenas felicidades. 

Passo no supermercado para comprar o necessário pra semana e vou pensando nos acessórios que futuramente comprarei para decorar meu canto assim que 2014 der as caras. Quero panela colorida, quero quadros, quero lençóis brancos e floridos e acima de tudo quero um lar em paz. 

Neste momento cozinho, lavo roupa, escrevo, ouço música e rascunho o quão doce e feliz será minha total independência.

Falta muito pra março?








sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O circo facebookiano.

Sempre que surge algum assunto polêmico, imagino o Facebook como um grande auditório abarrotado de gente e uma única pessoa no palco que, chamo mentalmente de comunicador. O comunicador informará o tema daquela reunião. Muitas vezes, o comunicador não consegue terminar de contar o assunto abordado. É interrompido por gritos, pessoas falando alto, gente subindo em cima das cadeiras tentando liderar e no meio daquele auê caótico, há aqueles que estão num canto observando e saindo discretamente, rumo ao lounge.

Ah, o lounge com um agradável silêncio, café, mesas esperando os calmos fugirem daquela loucura. É ali que estão as pessoas mais interessantes, aquelas que vão dialogar a respeito da polêmica, ouvindo uns aos outros e onde resolvo deixar minha mochila e ficar. Mesmo que antes, tenha gritado e empurrado alguns dentro do auditório.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O roubo dos sonhos

Como você se sente quando é roubado? Claro, partindo-se do pressuposto de que hoje é tão comum ser assaltado que uma pessoa pode se habituar a isso. Então, novamente, como você se sente?

Um conhecido costumava dizer que em São Paulo existem três pontos turísticos principais: a enchente, o engarrafamento e o assalto. Com um pouco de sorte, era possível visitar todos os três ao mesmo tempo. Nossa ideia de camiseta “Estive em São Paulo e fui assaltado no engarrafamento da enchente” só não foi pra frente porque os ladrões levavam inclusive as camisetas.

A primeira impressão é de incredulidade. Não uma coisa dramática do tipo “isso não pode estar acontecendo comigo”. Não. É mais algo “não pode ser verdade que eu fui roubado por um sujeito de bicicleta”. A vida da gente é tão agitada que o ladrão nem teve tempo de parar pra me assaltar propriamente. Um desrespeito.

Depois disso, a esperança. Tentei correr atrás mas eu e meus quilos a mais não fomos páreo pra perseguição. Aceitação. Preciso mesmo voltar pra uma academia.

Aí vêm as preocupações. Será que ele vai telefonar pras pessoas que eu conheço e começar a fazer ameaças? Será que vai dizer que me sequestrou e pedir resgate? Cacete, meu pai foi multado ontem e agora vai ter que se preocupar com resgate. Coitado do velho. Putaquepariu, e as fotos? Meu celular tinha um monte de fotos da Maria Clara. E era só pra eu ver. Droga de ladrão que vai invadir nossa privacidade. Deus do céu, ele vai entrar no facebook e mudar meu status de relacionamento. Vai zonear minha caixa de e-mails e marcar como lidos tudo que eu ainda não abri. Vou ter que ver um por um, claro, pro caso de ter respondido algum. E as músicas que o shazam identificou pra mim? Anda não tive tempo de baixar todas. Maldito, maldito seja. Vai me dar a maior trabalheira resolver tudo.

O próximo estágio é a raiva. Droga, vou ter mesmo que voltar pra academia! Ah, e comprar outro celular. Não queria ter esse gasto agora, mas não vai ter jeito. Não vou tentar me enganar: não quero só um telefone. Faço questão de um foguete que caiba no meu bolso. Ou não, muito pelo contrário. Já tinha me interessado por um aparelho com 5 m², de repente essa é minha chance. Acho que entrei na barganha. Infelizmente minha operadora é durona e negocia melhor do que eu. Até consegui um telefone bacana, mas não sem concordar em pagar um terço do patrimônio do Eike Batista.

E acabei me convencendo (ou seria conformando) de que fiz um bom negócio. Porque o novo telefone é melhor do que o anterior, que já estava capengando um pouco. Logo, ser roubado por uma coisa boa. Forçando um pouco a barra, admito, mas ok. E aí percebo que participei de uma experiência de autoajuda. E isso, sim, me preocupa.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

AliExpress para Brasileiros

Há 2 meses conheci o AliExpress e foi amor à primeira vista.
Ele é como um EBay chinês. 
Várias lojas vendem produtos por precinhos bem camaradas.
Detesto shopping, detesto experimentar roupa.
Amo desconto, piro em preço baixo, sou daquelas que compram areia no deserto se tiver em promoção.
Passo horas no Ali, olhando (e comprando) de tudo. 
A única tristeza é que as roupas são bem pequenas (tamanho de chinesas) e eu sou muito grande, então muitas vezes não rola, mas cobrando o mesmo preço que paguei nunca tive dificuldade em vender para amigas mignon. Tento sempre pegar o maior tamanho, vejo as medidas, mas mesmo assim não é sempre que funciona.
Para não pagar os 7% de IOF do cartão de crédito pago no boleto. 
Ainda não fui taxada em nenhum produto, mas sei que é sorte.
Seguem as peças que comprei até agora:
Preço: 6,22 USD
Chegou em 45 Dias
Linda, o tamanho XXXL serviu bem. 
Preço: 7,80 USD
Chegou em 40 Dias
É muito pequena. Muito mesmo. Eu tenho bem pouco cabelo então adorei, é perfeita, mas não recomendo para todo mundo.
Preço: 8,45 USD
Chegou em 28 Dias
Nunca mais compro tamanho único. É muito pequena. Vendi para uma magrela sortuda do trabalho. A blusa é linda, o tecido é uma delícia e a cor é fantástica. Uma pena.
Preço: 6,79 USD
Chegou em 18 Dias
Comprei tamanho XXL e ficou ótima. O tecido é quente, mas veste muito bem. É perfeita para meia estação. Adorei. 
Preço: 7,64 USD
Chegou em 20 Dias
Comprei o maior tamanho (M) e não coube. Fiquei super triste, ela é muito linda, muito bem feita. Revendi com o coração partido.
Preço: 6,74 USD
Chegou em 24 Dias
De novo comprei o maior tamanho (XL) mas não fechou direito. Posso usar ela aberta que não fica feio, mas não gostei da manga princesa. Devia ter olhado melhor as fotos (e as medidas).
Preço: 6,64 USD
Chegou em 30 Dias
Linda linda linda. Tecido fofo, bem feita, perfeita. Só que não coube, nem o L. Uma pena, sorte da magrela do trabalho.
Preço: 9,99 USD
Chegou em 20 Dias
Muito linda, só não gostei de um detalhe dourado na gola, dela ser transparente e de não ter servido. De novo foi para a Magrela. 
Preço: 9,90 USD
Chegou em 28 Dias
Linda demais. Comprei a L e ficou perfeita. É transparente, tem que usar com uma regata branca por baixo, mas amei.
Preço: 9,08 USD
Chegou em 34 Dias
É linda, o tecido uma delícia, super bem feitinha. Ainda não dei, mas tenho certeza que meu priminho de 1 ano vai amar.
Preço: 3,80 USD
Chegou em 20 Dias
Adorei. A qualidade é incrível se considerarmos o preço. 
Preço: 3,67 USD
Chegou em 18 Dias
Faço picolé com clight, sucesso total. Com certeza comprarei mais. Gostinho de infância.
Preço: 8,10 USD
Chegou em 30 Dias
Comprei a cinza tamanho 4XL e amei tanto que comprei outra preta e outra branca. Amei.
Preço: 4,73 USD
Chegou em 33 Dias
Gente, eu tenho uma bunda enorme. Enorme mesmo. Eu comprei tamanho XXXL mas tinha certeza que não caberia nem em uma perna. Coube, ficou linda. Pena que pedi a preta, ela tem umas luazinhas coloridas bem lindas, mas que dá muita cara de pijama, então não tenho coragem de sair na rua. O tecido é uma delícia, no inverno e nas férias não vou tirar nem para tomar banho. Adorei. 
Preço: 9,80 USD
Chegou em 25 Dias
Amei. Não conhecia o produto, fiquei maravilhada. Tenho mania de cutucar cravos e espinhas e eles ficam enormes e marcam a pele. Com esse adesivo eu não consigo tirar a casquinha e eles cicatrizam rapidinho. Sucesso total. Virei fã.
Preço: 12,00 USD
Chegou em 25 Dias
Mesma utilidade do adesivo para espinha, mas o adesivo é bem maior, para feridas maiores. Bem mais barato que no Brasil, amei.
Preço: 4,99 USD
Chegou em 20 Dias
Ainda não colei, quando vi que as letras eram separadas deu preguiça. É lindo como na foto, vem enrolado bem bonitinho. Vou colocar em cima da cama, vai ficar lindo.

Muito obrigada por ter lido até aqui, agora corre pra o Ali!! Boas compras!!
(Post não Patrocinado)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Três notas sobre o passado

Minha eterna gratidão à Híndira Barros, por estes dois anos de blog
(Felipe Lários, um blogueiro grato)

1. "Ah, naquele tempo é que era bom...”

Um pouco por interesse antropológico, um pouco por masoquismo intelectual (utilizo aqui expressão cunhada por Luana V.) me agrada muito ouvir conversas alheias, seja nos transportes coletivos, nos restaurantes ou mesmo na repartição onde trabalho. Nada menos ético, eu sei. Etiqueta à parte, dia desses ouvi um distinto senhor que descrevia com júbilo os bucólicos e apaixonantes dias da... ditadura militar (!). Pois é, ninguém mandou ouvir conversa alheia, me diria Noélia Lários.  O argumento do distinto senhor era que “naquele tempo” (que era o tempo DELE), os meninos respeitavam os professores e eram realmente estudiosos, se dirigiam às bibliotecas para realizarem seus trabalhos e não imprimiam “direto da internet” como fazem estes preguiçosos alunos de hoje. Pois bem, o senhor em questão, além de distinto era também anacrônico: só há uma diferença entre os meninos que copiam “direto da internet” e os meninos que vão às bibliotecas e copiam “direto da Enciclopédia Barsa”: os segundos tem muito mais trabalho que os primeiros para fazer a mesma atividade: uma cópia. (Culpa dos meninos? Claro que não, mas provavelmente dos professores que desde o século XIX não inovaram muito na maneira de formular trabalhos escolares). Minha teoria é que o distinto e anacrônico senhor estava cometendo o mesmo mal que quase todos cometemos ao falarmos do passado (sobretudo quando se trata do NOSSO passado): valorizamos somente as partes que julgamos boas e deletamos todo o resto, tudo aquilo que achávamos ruins no momento em que vivíamos aquilo. Uma espécie de defesa de nosso cérebro, imagino. Assim, as infâncias geralmente são narradas como boas, como uma época áurea da vida em que tudo era puro e feliz: uma espécie de edição de realidade, onde as bofetadas, as opiniões não consideradas, os medos e traumas são devidamente extirpados de nossas narrativas a respeito daquele período.


2. “Lembra aquela dos Menudos?”

Entre tantos apelidos que acumulo, um dos que mais me simpatizo é o de “Benjamin Button”, justificado pelo costume que tenho de cantar músicas e de saber coisas que, supostamente, estariam restritas apenas a pessoas que carregam o peso do tempo nas costas. Mas repare bem: é só alguém começar a falar de coisa velha que todo mundo tem algo a acrescentar e a conversa deslancha. Já fiz várias amizades assim. Falar de coisa nova todo mundo pode falar, agora falar de coisa velha requer vivência, experiência, conhecimento de causa. Acho que é este orgulho de possuir uma informação que os outros não tem, que confere às coisas velhas um status de assunto exclusivo e que nunca sai de moda. 



3. "Um cara que tem email do bol não merece o meu respeito"



As comunidades dedicadas exclusivamente às coisas antigas se multiplicam a cada dia nas redes sociais. Vira e mexe eu me deparo com uma postagem sobre o tempo em que a internet era discada, outra sobre os computadores gigantescos que ainda admitiam disquetes e outra ainda sobre o tempo em que nos comunicávamos por ICQ. E lembra do tempo em que tínhamos que esperar um tempão para "revelarmos" uma fotografia? Pois é, os exemplos não faltam e o saudosismo não fica apenas nas redes sociais. Publicações especializadas em uma determinada década viraram best-sellers nos últimos anos, justamente por explorarem um tipo de saudosismo que é um fenômeno exclusivo de nosso tempo: o saudosismo material. Pense bem: um homem do século XIX vivia basicamente da mesma forma que tinha vivido seu pai e passava por toda a sua vida sem passar por nenhuma grande inovação tecnológica. Ele sentia saudades de pessoas, de lugares, mas jamais de coisas. Agora não: várias mudanças tecnológicas ocorrem no transcurso de uma vida, fazendo com que as coisas tornem-se obsoletas e arcaicas em intervalos cada vez menores. Os DVDs, modernos aparelhos que subsistiram os vídeo-cassetes há cerca de 10 anos, já são jurássicos em 2013. Orkut é coisa de quem viveu a longínqua primeira década do século XXI e os aparelhos celulares que só fazem ligações, coisa de classe média na virada do século, é peça de museu nesses nossos dias. Não tardará o dia em que diremos: "...lembra daquele treco que a gente usava em Janeiro? Dá até saudade! Em Janeiro é que era bom! Não se fazem mais trecos como se fazia em Janeiro..."

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

"Quatro de açúcar, por favor!"

Lembro que sempre fui fascinado pelas crônicas que lia quando tinha mais tempo.

Viajava com os autores no cotidiano de cada um.

Dias atrás, me peguei numa mesa de uma cafeteria, contando as colheres de açúcar que colocava no meu pingado, que vinha acompanhado de um misto-quente.

Eu neném!
É que tô redigindo no dia das crianças!
Aí pensei: Isso dá um post! 
E o título veio automático: "Quatro de açúcar, por favor!"

Como escrevo nesse blog e no meu também, pensei primeiramente em postar no meu!
Mas como era dia de semana, deixei pra lá e cá estou hoje!

Gostava de observar o movimento naquela lanchonete!
Pessoas que iam e vinham, pro trabalho ou pra casa.

No meu caso, me preparava pra ir para o trabalho.

Mas... Imaginava... Quanta história passava por ali, todos os dias!
Cada um com a sua, assim como eu ia com a minha!

Escrevo esse texto num feriado, 12 de outubro.
Numa tarde, 13h50, na qual não tenho um pingo de vontade de sair de casa. E ouço a trilha sonora da segunda temporada da série "One Tree Hill", da qual sairá uma faixa que você poderá ouvir ao final desse texto.

Antes de encerrar, quase que de maneira abrupta, permita-me recordar ainda, mais uma lembrança de cotidiano!

Esses cafés geralmente marcam época em minha vida!

Anos atrás, quando fazia o curso de rádio em São Paulo (na bela Vila Mariana), lembro-me de que o proprietário do estabelecimento, logo pela manhã, deixava a TV sintonizada na MTV!

Quanta música legal eu ouvia antes de ir pro curso!
Entenda: àquela época, ainda tocava o que prestava no canal.
Agora que ele voltou pra Viacom, há esperanças de que melhore.
Pelo menos estou podendo rever "Dawson's Creek"!

Por hoje é só, meus queridos e minhas queridas!
Ao lerem esse post, já terei feito o exame final (só falta o de moto, dia 16/10) pra eu ser um cara habilitado, finalmente!

Conto no mês que vem como foi a experiência!

Ah!
Escolhi essa aqui pra gente ouvir!

domingo, 20 de outubro de 2013

Crítica da Loucura

O holocausto não é uma exclusividade da Alemanha nazista. A política higienista de Hitler popularizou o termo, originalmente utilizado em um ritual hebreu, associando à matança em massa, como nos campos de concentração.

No Brasil também houve holocausto, mais recente que o alemão, como relata a jornalista Daniela Arbex no livro “Holocausto Brasileiro”. Ocorreu em Minas Gerais, na cidade de Barbacena, ao longo do séc. XX, tendo seu ápice durante a ditadura militar e funcionando até a década de 80.

Hoje o local ainda abriga alguns doentes e há projetos para aproveitar a área como hospital. Em uma parte funciona também o museu da loucura. O lugar é bonito, arborizado e com uma construção colonial que lembra uma antiga fazenda. Ao chegar fica difícil acreditar que aquela construção testemunhou um período tão sombrio, de tantos que marcam nossa história.

Alguns prontuários médicos indicam a arbitrariedade das internações. Paciente se queixa que sente falta da família; manter a internação. Paciente se sente triste; manter a internação. Paciente sem reclamações; manter a internação. Internação que consistia em quantidades ínfimas de comida, dormir sobre capim no chão, se alimentar de ratos, beber esgoto que corria a céu aberto e ser eletrocutado, por vezes até a morte, que dentro deste contexto era uma bênção.

Cada detalhe ocorrido no hospital Colônia choca e revolta, mas o que preocupa mesmo é a naturalidade com que a população, até hoje, encara o diagnóstico da loucura e o desrespeito à condição humana.

Narrando certas situações degradantes, como as citadas acima, o mais comum é que as pessoas reconheçam que a loucura não está nos internos, mas em quem os interna. Porém a banalização da loucura não acabou, apenas mudou de cara.

Hoje é muito mais lucrativo, menos custoso e socialmente tolerável diagnosticar doentes mentais a esmo, receitando remédios para cada nuance comportamental. Para os tristes, quietos, agitados, viciados, rebeldes, dispersos, insatisfeitos, etc. Há quem queira tratar até a homossexualidade – quem é mesmo louco nessa história toda?

Como se não bastasse a naturalização de medicamentos cuja eficácia pode ser contestada na grande maioria dos casos a sociedade brasileira costuma ser extremamente permissiva em relação aos maus tratos.

Utilizando justificativas risíveis parte da população se posiciona contra os direitos humanos, pelos quais nós, humanos, lutamos por séculos para conseguir. Estes direitos são inalienáveis, não dependem de mérito. Qualquer pessoa que seja contra está dando um tiro no pé, ou abrindo espaço para isso.

Alguns tentam uma justificativa falha de que os direitos humanos seriam para “humanos direitos”. O problema é no que a falta destes direitos levada ao extremo implica.

Estima-se que 70% dos internos do Colônia chegavam ao hospício sem nenhum problema mental, porém com o tempo todos ficavam loucos. Rompiam com a realidade diante da insensatez do ‘tratamento’ que recebiam.

Fica a dúvida – retórica – se qualquer instituição que tenha a mínima pretensão de recuperar algum humano terá sucesso, tomando como primeira medida tolher seus direitos mais básicos. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quase...

Quase esqueci mas lembrei (em tempo)... quando se vive, não resta tempo para escrever, para mim escrever de mim... então lembro a vocês da lua, de umas nuvens que mudam de cor, de um eclipse que não verei, de um suspiro letal do orgasmo úmido, todo úmido, e meu corpo para viver o que não escrevo... 

Deste instante... em diante... fechando malas, portas... enviando ABRAZOS. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Vitamina C

Difícil ter que aprender do modo mais difícil,
Que, muitas vezes, o (mau) caráter genético é.
Quisera eu ter ouvido minha mãe:
"Minha filha, laranja não cai longe do pé".

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

T de Tédio

Sei. Sei. Já disse que sei... Tédio começa com T.

Do início ao fim sabíamos: não queríamos esperar a Arca de Noé...

Papai Noel, Batman, Saci Perere....a gente queria mesmo era poder existir de alguma forma e construir a nossa própria Deusa, lembra?

Atenas... mas para isso teríamos que abrir a nossa igrejinha...Barquinha, trenzinho ou nave espacial mesmo.

Faltou fé. Eu bem que te avisei.

Agora aqui estamos perdendo o resto do nosso dinheiro.
Chame o garçon. Peça duas doses de wisky black, red, yellow...e façamos um submarino com tequila. Ainda conseguimos uma bela dor de cabeça antes de dormir e....enquanto eu sonho com você, por favor, largue os meus pés; não quero massagem hoje.

Esqueça! Já fomos pra tão longe...e do que adiantou? Queime essas roupas, queime a babylonia inteira....vamos sair pela porta da frente mesmo, já cansei dessa parada de pular a janela, descer de chaminé.

E me desculpe. E não por isso! Vc sabe que eu não fui capaz sequer de te magoar. E vc vai me esquecer no segundo gole e só lembrará quando ver amanhã essa marca de catchup no seu casaco.

Queria ter significado alguma coisa. Ter te arranhado. Te cutucado no facebook...

Vai, afasta de mim esse cálice e não vem com esse papinho de que vai sentir saudades. SE vc não for eu vou agora e só volto quando a banda passar.

Um beijo no seu queixo. Na sua barba azul. Saiba que eu nunca acreditei nesse história de amor perfeito.

Deixo essa fita cor de rosa.
Uma carolina na vitrola
Um doce de abóbora
E essas rimas tortas....

Dirvita-se.

curta e compartilhe...

Carol Maria Moraes - Facebook
http://carolmcm.blogspot.com.br/

domingo, 13 de outubro de 2013

O nosso futuro do pretérito

Teria sido lindo.

Eu teria lhe dito o nome do meu cachorro, mas nem tempo tive de lhe contar que não tenho um.
Teria lhe falado sobre meus pratos preferidos, sobre minhas aulas de francês, do meu interesse em cinema norueguês, do meu hobby de colecionar citações de livros, da minha fascinação pela Frida Kahlo; da minha predileção por amarelo.

Teria sido lindo.

Você teria me contado sobre sua resistência em cortar os cabelos, dos desentendimentos com seu pai, da paixão pelos esportes de velocidade, da mania de nadar no mar todos os dias antes do trabalho, do hábito de tatuar o próprio braço com caneta preta e da sua fissura por sambas tristes.

Teria sido lindo.

Seria se toda nossa paixão não tivesse durado os segundos dos 3 piscares de olhos que foram possíveis no momento em que minha bicicleta cruzou o seu caminho.
Teria sido lindo se você não tivesse virado aquela rua em alta velocidade...desenhada de carros e árvores e a linha do horizonte não tivesse tragado sua imagem para o limbo da minha coleção de amores platônicos instantâneos.

Seria uma grande paixão; uma grande história de amor.

Teria sido realmente lindo.

sábado, 12 de outubro de 2013

O silêncio do novo século


É engraçado pensar que nasci no século passado. Acho divertido, mas reconheço que isso aparece todos os dias da minha vida, eu tento, mas nem sempre consigo ser parte do novo século. Ainda tenho dificuldade de lidar com muitas coisas que são características fortes destes novos tempos, entre elas a individualidade quase doentia. Nunca se viu tanto isso, hoje as pessoas estão ligadas a si mesmas de um jeito que nunca estiveram e nada supera a artificial relação que a maioria têm com seus aparelhos.

Já escutei várias vezes que todos parecem ligados a máquinas como se o planeta fosse uma enorme unidade de terapia intensiva. Caso alguém resolvesse desligar tudo, o mundo iria colapsar em questão de minutos.
O outro parece cada vez mais distante, tanto que pensamos que não precisamos de ninguém para viver, ora para estar vivo basta estar online.

De vez em quando também achava isso, até que uma pessoa muito ligada a mim resolveu viajar por meses. Depois que voltou percebi que todos os meses que ele esteve longe de mim eu não dei mais risada, parei de achar graça em tudo. Até assistir um filme ficou sem sentido, sem cor. Nunca achei que precisasse de alguém para rir, mas preciso.
Só quando ele voltou percebi meu silêncio, então lembrei que com ele eu dou risada de tudo. Pensei que era bem resolvida e capaz de me divertir sozinha, até cheguei ao absurdo de acreditar que para rir era só achar o canal de humor certo no Youtube.

Mas ele me fez ver que não sou desse século, sou do passado, daquele que eu ligava para minhas amigas em suas casas e quando o pai ou a mãe atendiam eu tinha que dizer: Tia, posso falar com a Fulana? Às vezes não dava, porque ela estava estudando, jantando ou tomando banho. Hoje eu ligo no celular e a Fulana atende, nem que esteja no dentista, a resposta imediata de um século que já começou com cara de fim.

No século que nasci a gente cochichava durante as aulas e falava muito nos intervalos e dava risada, muita risada, mais risada do que esses vídeos na internet provocam.
Tem alguma coisa mórbida nesse silêncio que acompanha a vida online. Também caem gotas de solidão nessa conexão plástica. Alguém disse que isso é o futuro, a revolução da comunicação. Pra mim parece o fim. Não escutar minha risada é como estar morta, apesar das nossas tentativas é o outro que nos faz perceber que estamos vivos, porque estar online não quer dizer estar viva.
Fiquei meses longe de quem amava e a vida virtual não me provocou nenhuma risada, pelo contrário, meu silêncio foi longo, mas agora acabou. É só lembrar da pessoa que dou risada e sou feliz. Ainda carrego a simplicidade das emoções do século passado, quando para rir a gente precisava do outro.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Café e Bobagem

Foi quase! Por muito pouco mesmo. Ali, na beirada daquele jardim de rua com um chafariz de águas amareladas que quase senti os lábios de Antônio sobre os meus. O calor e a tremedeira tomavam conta da minha razão e eu esfacelava em sentimentos. Mas ali, naquele quase momento perfeito, Antônio falou sobre a parte do corpo que ele mais gostava em uma mulher. Sentiu que foi ali o melhor momento para comentar: “as mãos finas e delicadas de uma menina”.

E foi ali que vi voltando para mim. A tremedeira e o calor transformaram-se em frio e desespero. Prantos.

Corri por entre os carros e as buzinas. Freadas bruscas acompanharam minha semana enquanto admirava tão abismada minhas próprias mãos marcadas pela infância dura na plantação do meu pai. A brincadeira mais divertida era contar frutos de café pra descobrir até onde chegavam os números. A mais inesquecível foi contar as estrelas, pra ver se tinham tantas quanto aos cafés que já colhi. Mãos duras e sem delicadeza nenhuma. Antônio não merecia isso. Também nunca mais me procurou, e eu? Chorava. Derramei ainda mais lágrimas do que as estrelas e os frutos de café já torrados por tantos outros por aí.

Encontre mais no livro Rascunhos Vivos

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Feliz... dia das crianças

Um beijo? – de mainha. Um abraço? – de painho. Um cuidado? – de vovó. Uma dor?- o arranhão de ontem na perda esquerda. Luísa já estava ficando triste, pois em nenhuma de suas perguntas Pedrinho tinha lhe dito o seu nome. Mas Luísa é insistente e se assombra com as próximas respostas. Um dia feliz? – quando você entrou na sala de aula. Um dia triste? – quando fiquei sem falar com você. Um lugar legal para ficar? – seu colo. Uma frase bonita? – o seu nome. P.S.: Feliz dia das crianças.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A Vida é Bela! sqn

figura: BUSCH, Wilhelm. Juca e Chico. História de Dois Meninos em Sete Travessuras. (tradução: Olavo Bilac)
  
O filme é bom, a vida é uma droga.

  Não estou em um dia ruim, tô até de bem com a vida, cheguei a essa conclusão de maneira puramente racional.
  Quando falo mundo, não estou falando desse mundo, do planeta, dessa época, da humanidade, falo do conceito mais básico de tudo que conhecemos.

  Eu adoro comer carne, veja bem, somos feitos de comida. Pense que loucura se você fosse feito de pão de ló ou brigadeiro, pois bem você é feito de bife, bisteca e costela. Se Deus existe, ele é um piadista, fez todos os seres comestíveis, se ele levasse o mundo a sério teria feito as pedras de comer. E não adianta ser vegetariano, somos comida de alguém, também resolvemos não praticar canibalismo, ainda daríamos um suculento churrasco.
  Agente tem prazo de validade, agente estraga e apodrece, e se cair no chão ás vezes quebra e tem que jogar fora.

  Vivemos sem nenhum objetivo, função ou finalidade, agente nasce à-toa, vive à-toa, morre à-toa. A humanidade vive buscando o sentido da vida, mas a vida é completamente aleatória, se houvesse um sentido alguém já teria sacado, todos os sentidos já encontrados são mentiras, consolos, bobas mentiras, dá pra rebater um a um.

  Não me venha com religião, Deus provavelmente não existe, e olha que eu quero que exista, quero mesmo, mas a fé é acreditar sem provas, hehehe, caiu nessa? Acreditar sem provas é outra piada, mais do que sem provas, todas as provas apontam é para o contrário. Deus é o papai Noel dos adultos.
  Se Deus existe que me perdoe, (veja só somos inseguros e hipócritas também!) mas se me quisesse fazer acreditar teria me feito diferente, não teria me apresentado a dialética, a bíblia e os fatos. Teria me dado aquele famoso sinal ou chamado que quando ouço falar duvido tanto...
  Se um dia receber o sinal, mudar de ideia, venho contar aqui. O tempo tem me feito mais orgulhosa de mudar de ideia, como um pokemon evoluindo.

  Sabe essa gente que gosta de cuidar da vida da gente? Tem quem se irrite, deveriam achar bom, sua vida, grãozinho de areia, não faz diferença no mundo, achar alguém que se importe é lisonjeiro! Agradeça.
  No mais o mundo também não devia fazer diferença pra você, tente relaxar, se divertir... ... ou se mate, saia gritando na rua, realmente não vai fazer diferença.

sábado, 5 de outubro de 2013

Sem mapas e “por favor, onde fica?”
te procuro em cada neón da cidade.

(Cleyton Cabral)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dos tamanhos que o mar quer ter.


Existem dias nos quais temos a certeza de que vamos nos afogar. E talvez isso seja horrível. Toda vez que penso em afogamento, eu lembro de Julio Verne descrevendo o evento em "As Aventuras de um Chinês na China": depois daquela leitura, eu lembro que pensei, puxa, não quero isso nem ferrando para mim.
Mas eu não sabia, naquela época, que afogamento poderia ser também uma metáfora.
Hoje eu sei.
Então, esses dias foram dias nos quais pensei que fosse me afogar em mim mesmo. Eram pensamentos demais. Eram sentimentos demais. E eu era uma ilha num arquipélago de solidão pronta para submergir.
Porém, para me afogar, eu não poderia saber nadar.
Nem real, nem metaforicamente.
E eu sei.



P.S.: Hoje é dia de São Chiquinho de Assis. Bom para reencontrar o animal em nós.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O taxista


Sempre achei que táxi é uma espécie de terapia móvel. Se o cliente quiser ser abrir, o taxista normalmente está pronto para dar conselhos dos mais variados e ainda se dá ao luxo de usar exemplos concretos de clientes anteriores. Confesso que já me abri no táxi algumas vezes para falar de ex-namoradas, mas normalmente não fico muito distante daquele papinho tempo-turistas-futebol. 

Estávamos no fim da Bartolomeu Mitre quando um ônibus nos fechou de uma forma grotesca. Se o taxista não estivesse atento, teríamos certamente batido.

- Sorte que você está aqui - disse ele, com uma voz mansa. 

- Se você não tivesse aqui eu teria quebrado as lanternas traseiras daquele ônibus. Eu ando com um porrete na mala. Persigo o vagabundo que me fechou até o fim. Se quando eu chegar perto dele, pedir desculpas, tudo bem. Mas se me olhar com cara feia e me xingar, trato logo de tirar o porrete que carrego no porta-malas e quebro as lanternas do filho da puta. Ou lanterna ou retrovisor. Em alguns casos quebro os dois. 

Não sabia muito o que dizer. Dizer o quê para um cara desses? Queria apenas chegar ileso ao meu destino. 

Assim que entrei no carro, ele disse que sabia o meu paradeiro, mas acabou se perdendo no caminho, de modo que a corrida deve ter custado cerca de 10 reais a mais. 

- Desculpe pela confusão no caminho - ele disse.

Pensei em pedir um abatimento de pelo menos 5 reais, mas imediatamente me lembrei do porrete, veterano de guerra, todo calejado, adormecido no porta-malas.

- Imagina, está tudo bem. Tenha uma boa noite.