– Querida, que débito é esse de R$ 600 na nossa conta no dia de Natal?
– Taqueuspa. Você fez de novo...
– Fez de novo o quê, criatura?
– Você novamente se esqueceu do chip que detecta tudo o que acontece no carro. Basta avançar o sinal e a multa é debitada imediatamente.
– Mas por que R$ 600?
– No mínimo, você também foi flagrado pelo sensor do bafômetro acoplado no painel.
– Duas taças de sidra vagabunda... Deveriam multar sua mãe por continuar sendo tão mão-de-vaca.
– Nesta semana vence o prazo para você fazer a atualização do chip da obesidade, mais um projeto aprovado pelo Senador Sarney para poupar os cofres públicos.
– Poupar os cofres públicos e terminar o aeroporto internacional na Ilha do Curupu...
– Agora preciso ir ao açougue para abastecer o freezer. Não agüento mais comer carne de avestruz.
– É a única liberada por causa do colesterol. Esse projeto do Serra foi o melhorzinho. Pior foi a tornozeleira eletrônica com GPS que os fumantes agora são obrigados a usar.
– Mas a expectativa de vida vai chegar quase aos 80 anos. E os idosos vão viver melhor com a bolsa senilidade que a Dilma instituiu.
– Amor, hoje passei na farmácia e recebi o kit Marta Suplicy: uma caixa de Viagra e 12 camisinhas.
– Camisinhas foram banidas, querido. Nos dois dias da semana em que o sexo está liberado é necessário ir ao Centro de Saúde e lacrar o bilau. Genial a ideia de usar o protect bag dos aeroportos para prevenir doenças venéreas. Meio incômodo, mas nunca antes neste país os índices diminuíram tanto...
– “Nunca antes neste país”? Que frase mais antiga...
– Meu bem, você sabe que sou uma periguete aposentada que gosta de preservar as tradições. Viva o Ano Novo que está às portas.
– Feliz 2020, amor.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Nada será como antes
- Sei que nada será como está, amanhã ou depois de amanhã...nada será como antes!
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ana karla
"...Ontem o mundo me expulsou da vida. Hoje a vida nasceu.
Ventania, muita ventania. Que instabilidade. Me muero.
Vivo no futuro da ventania.
Por que é que tudo se diz: fica para a semana que vem?
Eu estou aqui, aqui à espera.
Vivo agora e o resto que vá para a puta que o pariu...." (Clarice Lispector)
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Os não-vaidosos
Os não-vaidosos. Seres superiores, são eles. Colocam boné na cabeça antes de casa e não olham para o espelho do elevador. Não há bad-hair day para um não-vaidoso. Eles desconhecem a aflição da espinha na ponta do nariz e a vergonha de uma bunda peluda.
Há quem diga que são mais felizes. O armário é cheio de possibilidades. Todas as roupas combinam entre si como uma paleta de cores para um daltônico. Para os calçados, basta acertar o número. Se é um tênis surrado, sapado caramelo ou papete, tanto faz, desde que seja tamanho 41.
Cientistas americanos tem estudado há um certo tempo esses mutantes. Indiferentes a qualquer manifestação fashion, caminham pela cidade se destacando pela simplicidade. Hoje, todo mundo é muito fashion, muito alternativo, muito descolado e pouco tranquilo. Os não-vaidosos ganham uma certa dose de estilo por isso.
Em tempos em que garotos roubam o lápis de olho da mãe, usam camisetas embaladas à vácuo e correm o risco de caírem por falta de mobilidade em suas calças skinny, os não-vaidosos circulam livres, soltos e com aquele sorriso que só a tranquilidade é capaz de dar uma pessoa. São belos. E bate até uma inveja...mas como chorar de raiva sem borrar a maquiagem?
domingo, 27 de dezembro de 2009
Metrôs do mundo
Vai viajar? É daqueles que programa até o deslocamento de metrô no dia-a-dia da viagem?
Seus problemas se acabaram!
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Fotógrafo, viajante, blogueiro e pai babão.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Viva!! 1 mês de alegrias!!!
Amigos leitores do nosso blog, há 1 mês minha vida se transformou devido à entrada de uma das coisas mais maravilhosas que já me apareceram: a Camila.
Bem, vamos parar a babação de ovo e postar logo 1 fotinha da gatinha.
[ ]'s
Feliz Ano Novo!!!
Muita Paz e Prosperidade em 2010!!
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Ser poeta...
Todas as profissões têm férias remuneradas...
Décimo terceiro...
Décimo quarto...
E por que eu?
Que nem ganho, pra escrever...
Eu, que deixo um pedaço de mim em cada verso...
Não consigo descansar?
Eu posso esconder todos os papéis e canetas...
Posso desligar o computador, a máquina de escrever...
Ainda sobrará sangue... fervilhando em meu pulso...
Mandando-me escrever...
Recuso-me a falar do natal e do ano novo:
Reservo-me no último direito - que acho que tenho.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Que venha 2010
Termino o ano mais gorda que comecei. E mais leve, mais feliz, mais forte.
Troquei de namorado, de terapeuta, de máquina de lavar.
Mantive o emprego.
Parei de roer unha.
Entrei na academia.
Fiz novos amigos.
Parei de correr.
Fui em 5 casamentos. Nenhum meu.
Ainda não aprendi a cozinhar.
Não viajei pra fora do país. Nem pra dentro dele.
Não estudei inglês. Nem nenhuma outra coisa.
Não organizei minha vida. Não juntei dinheiro.
E nem quero nada disso.
Pra 2010 eu quero o mesmo que tive esse ano.
Muita sorte, saúde, amor e magia. O que vier além disso é lucro.
Todos os dias têm sido sexta feira pra mim.
Estou apaixonada.
Troquei de namorado, de terapeuta, de máquina de lavar.
Mantive o emprego.
Parei de roer unha.
Entrei na academia.
Fiz novos amigos.
Parei de correr.
Fui em 5 casamentos. Nenhum meu.
Ainda não aprendi a cozinhar.
Não viajei pra fora do país. Nem pra dentro dele.
Não estudei inglês. Nem nenhuma outra coisa.
Não organizei minha vida. Não juntei dinheiro.
E nem quero nada disso.
Pra 2010 eu quero o mesmo que tive esse ano.
Muita sorte, saúde, amor e magia. O que vier além disso é lucro.
Todos os dias têm sido sexta feira pra mim.
Estou apaixonada.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
resoluções 2009 X resoluções 2010
Me recordo muito bem que na segunda-feira, 29 de dezembro de 2008, eu estava preparando as resoluções de 2009. Dessa vez decidi antecipar a preparação das resoluções 2010 e compará-las, para ver realmente o que mudou, o que não mudou e o que nunca vai mudar. Aí vai!
Para 2009 eu pretendia: tirar a carteira de motorista, arranjar um estágio na área, ganhar muita grana, ganhar na mega-sena (quem sabe ainda não ganho na da Virada!), arranjar um namorado com quem eu consiga passar mais de três meses juntos, não passar o aniversário sozinha, viajar no carnaval, ter alguém pra compartilhar o dia dos namorados (que não seja o Vini - melhor amigo), ganhar e dar presente de dia das crianças, tirar férias, gastar aquela puta grana em alguma coisa que realmente valha, dizer eu te amo mais vezes para a família, não mentir, apenas omitir e por fim, passar o natal com a família e namorado e viajar no ano novo.
Para 2010, ainda pretendo: tirar a carteira de motorista, ganhar muita grana, ganhar na mega-sena, arranjar um namorado com quem eu consiga passar mais de três meses juntos, não passar o aniversário sozinha (isso eu não quero nunca!), viajar no carnaval (novamente!), ter alguém pra compartilhar o dia dos namorados (que não seja o Vini - melhor amigo), ganhar e dar presente de dia das crianças, gastar aquela puta grana em alguma coisa que realmente valha, dizer eu te amo mais vezes para a família, não mentir, apenas omitir e por fim, passar o natal com a família e namorado e viajar no ano novo.
Pra ser sincera, não sei porque existe essa palhaçada toda, afinal é raríssimo realmente acontecer aquilo que você escreve no papel. Pode ver que sou exemplo vivo, há anos (antes até de 2009) que "solicito" um namorado para minha lista e até hoje nada. Mas, acho que o que vale mesmo é você se arriscar a escrever um monte de coisa que deseja em um papel e tentar realizá-las aos poucos.
Este é meu último post do ano e eu praticamente o esqueci. Estava há pouco no banho e recordei desse espaço no qual "ganhei" um monte de pessoas legais em um ano que o mundo perdeu um monte de pessoas legais. Acredito que a última - porém não menos importante resolução de ano novo que desejo agora é não me esquecer desse espaço nunca, e poder, em 2010, conhecer cada um desses que pra mim já fazem parte do meu mundo.
E acaba logo 2009!
Para 2009 eu pretendia: tirar a carteira de motorista, arranjar um estágio na área, ganhar muita grana, ganhar na mega-sena (quem sabe ainda não ganho na da Virada!), arranjar um namorado com quem eu consiga passar mais de três meses juntos, não passar o aniversário sozinha, viajar no carnaval, ter alguém pra compartilhar o dia dos namorados (que não seja o Vini - melhor amigo), ganhar e dar presente de dia das crianças, tirar férias, gastar aquela puta grana em alguma coisa que realmente valha, dizer eu te amo mais vezes para a família, não mentir, apenas omitir e por fim, passar o natal com a família e namorado e viajar no ano novo.
Para 2010, ainda pretendo: tirar a carteira de motorista, ganhar muita grana, ganhar na mega-sena, arranjar um namorado com quem eu consiga passar mais de três meses juntos, não passar o aniversário sozinha (isso eu não quero nunca!), viajar no carnaval (novamente!), ter alguém pra compartilhar o dia dos namorados (que não seja o Vini - melhor amigo), ganhar e dar presente de dia das crianças, gastar aquela puta grana em alguma coisa que realmente valha, dizer eu te amo mais vezes para a família, não mentir, apenas omitir e por fim, passar o natal com a família e namorado e viajar no ano novo.
Pra ser sincera, não sei porque existe essa palhaçada toda, afinal é raríssimo realmente acontecer aquilo que você escreve no papel. Pode ver que sou exemplo vivo, há anos (antes até de 2009) que "solicito" um namorado para minha lista e até hoje nada. Mas, acho que o que vale mesmo é você se arriscar a escrever um monte de coisa que deseja em um papel e tentar realizá-las aos poucos.
Este é meu último post do ano e eu praticamente o esqueci. Estava há pouco no banho e recordei desse espaço no qual "ganhei" um monte de pessoas legais em um ano que o mundo perdeu um monte de pessoas legais. Acredito que a última - porém não menos importante resolução de ano novo que desejo agora é não me esquecer desse espaço nunca, e poder, em 2010, conhecer cada um desses que pra mim já fazem parte do meu mundo.
E acaba logo 2009!
domingo, 20 de dezembro de 2009
A hora da Estrela
Sexta feira estava me sentindo bem sem motivos aparentes. Nada especial havia acontecido ou estava por acontecer, eu apenas estava me sentindo bem, leve, com vontade de viver e ansioso por ver alguns amigos, beber um pouco, jogar conversa fora. Parece tolo eu escrever isso, mas acontece que raramente tenho me sentido bem assim, satisfeito comigo mesmo... por isso achei importante destacar esse sentimento inesperado.
Encontrei alguns amigos e bebemos, conversamos, rimos.
Na volta para casa, umas três horas da madrugada, eu ainda me sentia bem, mas agora potencializado pelo bem estar da leve embriagues e de uma música boa que dava loopings na minha cabeça. Antes de entrar em casa resolvi olhar para o céu, eu sentia que poderia ver Deus se olhasse naquele momento.
Silêncio.
Percebi que há muito tempo eu não parava para contemplar o céu. As poucas estrelas que habitam o céu de São Paulo estavam lá, se esforçando para nos dar um pouco de seu brilho através da fumaça e de toda a luz da cidade, constelações a distâncias que mal podemos compreender... gigantes que, por algum motivo milagroso, emitem sua própria luz, fazendo um espetáculo celestial sobre nossas cabeças, de graça, para sempre.
Pensei, "Esse é a razão de eu existir, estar vivo e ser consciente: contemplar estrelas".
De repente as estrelas pareceram tão impossíveis para mim. Como mitos e folclores, habitantes de contos de fadas e histórias fantasiosas, não da realidade a que eu pertenço. Estrelas brilhando no céu... devo estar enlouquecendo. Se elas existissem, certamente as pessoas as notariam.
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Jornalismo e Informação a serviço da saúde e da vida.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Até que posso, mas não vou não
Podia falar da ansiedade de estar com amigos mais que extraordinários no fim de ano
Posso? posso, mas não vou
Podia falar da alegria que é não ter aula amanhã e assim poder ir com o porco do Eric no forró
Posso mesmo? posso, mas não vou
Podia falar então dá vontade de espremer a Letícia no natal e saber das suas novas
Posso? de verdade? posso, mas não vou também
Podia falar da alegria que foi conhecer Claitão e Rafa esse ano
Ah pronto! posso também? posso, mas nem vou viu
Podia falar do quanto meu Pai é grande, em todos os sentidos
Posso essa também? sério? puta que pariu!, mas não vou não
Podia enfim falar de você, falar pra você
Posso né? lógico que posso, mas não vou também
Eu vou é cantar
LÁLÁLÁLÁLÁLÁLÁLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Posso? posso, mas não vou
Podia falar da alegria que é não ter aula amanhã e assim poder ir com o porco do Eric no forró
Posso mesmo? posso, mas não vou
Podia falar então dá vontade de espremer a Letícia no natal e saber das suas novas
Posso? de verdade? posso, mas não vou também
Podia falar da alegria que foi conhecer Claitão e Rafa esse ano
Ah pronto! posso também? posso, mas nem vou viu
Podia falar do quanto meu Pai é grande, em todos os sentidos
Posso essa também? sério? puta que pariu!, mas não vou não
Podia enfim falar de você, falar pra você
Posso né? lógico que posso, mas não vou também
Eu vou é cantar
LÁLÁLÁLÁLÁLÁLÁLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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eduardo santinon
Ora se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim, dispenso a previsão
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
De ver e sentir
- Você comprou um livro infanto-juvenil?
Comprei. E foi um dinheiro tão bem investido, como há muito eu não investia. Finalmente li o que a Tatiana, a outra, a Belinky, já disse. Descobri muitas coisas pelos olhos puxados dela. Balancei a cabeça sorrindo. Pensei se as histórias eram reais, ou fruto da imaginação. Pensei nela, nessa velhinha fudidona, de olhinhos puxados e mãozinha no queixo, nessa avó, na mulher que se resfria, na moça que viveu num tempo tão diferente do meu, na criança russa encantada por bananas. Eu me reconheci, ou pelo menos procurei me reconhecer, como sempre faço com mulheres especialmente admiráveis. Senti um orgulho danado de ter o mesmo nome dela. Lembrei que meu nome é russo, como a nacionalidade dessa escritora, que fala quatro línguas, mas é no português que vive, pensa, escreve e fala. E é no português que ela me fez conhecer um pedaço do mundo através dos seus olhos.
Obrigada por me fazer conhecê-la.
Comprei. E foi um dinheiro tão bem investido, como há muito eu não investia. Finalmente li o que a Tatiana, a outra, a Belinky, já disse. Descobri muitas coisas pelos olhos puxados dela. Balancei a cabeça sorrindo. Pensei se as histórias eram reais, ou fruto da imaginação. Pensei nela, nessa velhinha fudidona, de olhinhos puxados e mãozinha no queixo, nessa avó, na mulher que se resfria, na moça que viveu num tempo tão diferente do meu, na criança russa encantada por bananas. Eu me reconheci, ou pelo menos procurei me reconhecer, como sempre faço com mulheres especialmente admiráveis. Senti um orgulho danado de ter o mesmo nome dela. Lembrei que meu nome é russo, como a nacionalidade dessa escritora, que fala quatro línguas, mas é no português que vive, pensa, escreve e fala. E é no português que ela me fez conhecer um pedaço do mundo através dos seus olhos.
Obrigada por me fazer conhecê-la.
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tatiana lazzarotto
Tenho memórias que são quase, tenho memórias inteiras, tenho memórias que me escapam mente afora.
E-mail: tatilazz@gmail.com
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O que vou pedir ao Papai Noel?
Tava pensando nisso nessa noite.
Caso eu encontrasse aquele porco capitalista o que eu pediria?
Lembrei de todas as coisas que ganhei de Natal, o quanto era broxante aquela história de 1 presente vale por 2 (aniversário e natal) e cheguei a conclusão que gostaria de ganhar a alteração na data do Natal, poderia ser Agosto.
Dessa forma eu ganharia 2 presentes.
Caso eu encontrasse aquele porco capitalista o que eu pediria?
Lembrei de todas as coisas que ganhei de Natal, o quanto era broxante aquela história de 1 presente vale por 2 (aniversário e natal) e cheguei a conclusão que gostaria de ganhar a alteração na data do Natal, poderia ser Agosto.
Dessa forma eu ganharia 2 presentes.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
Sessão sofá
Ele nunca tinha ido ao cinema, mas tinha visto muitos filmes em preto e branco na tevê. Tudo girava em botões, sem vestígios de controles-remotos. O gato da casa gostava de dormir ronronando no calor do teto da tevê de válvula, edifícios iluminados dentro da caixa de madeira. Na tela, o mar vermelho se abria deixando passar os fiéis do deserto, com o faraó correndo em bigas, para naufragar quando Moisés descesse seu cajado a mando do Senhor. O cinema, para ele, era o sagrado: Jesus suspenso na cruz ressuscitando ao terceiro dia; Sansão tosado derrubando colunas; Lúcia, Jacinta e Francisco ante o fulgor da virgem de Fátima. O cinema era seu evangelho. As mil possibilidades nas chagas abertas do Cristo, muito antes de 2001, de A guerra do fogo, a metafísica de Solaris. O cinema era sua descida ao inferno. Rezava, herege, para que a professora morresse para não perder a reprise de Fúria de titãs; Simbad, o marujo, Jasão e o velocino de ouro e o tosco vôo de Aladin. Os mesmos filmes exaustivamente repetidos na Sessão da tarde, vistos como se da primeira vez.
Doutor em Literatura (USP), pos-doutorado em Estudos Culturais (UFRJ). Estudou roteiro e cinema na ELCV. Professor. Ensaista de arte. Redige roteiros. Dirige curtas e documentários. Em 2008 lançou um média, em 2009 publicou ensaio do Prêmio Rumos do Itaú Cultural. Atualmente elabora webserie documental entitulada "M": Estratégias de Manipulação.
sábado, 12 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Fundação. Ou memória.
Era o primeiro dia de aula da quinta série. Português. A professora perguntou quem é que se lembrava da primeira palavra que procurou no dicionário. Ele respondeu: alicerce. Ela não se lembrava da sua, mas ficou com antipatia daquele menino de rosto quadrado, óculos redondos, e jeitinho de CDF.
Vinte anos depois, ela ainda se lembrava. Ele não.
O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando, afinam e desafinam.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Casa: um substantivo abstrato
Na sala, cortinas cor salmão que acumularam pó durante um semestre, enquanto esse apartamento de esquina esperasse para dividir o papel do contrato com o número do meu passaporte. Cadeiras desconfortáveis, uma mesa de centro que não combina com a de jantar e um lustre horroroso, mas digno do Palácio de Versailles quando comparado ao do quarto.
O colchão é mais duro que tijolo e não sei como podem as formigas subirem dezessete andares por dentro das paredes até chegar à cozinha. Mas o banheiro está sempre tão limpo que me sinto em Hogwarts. Uma Hermione provocada pela umidade trópica que se enreda nos meus cabelos assimétricos e, agora, anti-gravitacionais.
Durmo só com um lençol e sem meias em cima do colchão sem cama. Passo a noite toda presa naquele limite entre o frio e o conforto e acabo sonhando com narrações machadianas sobre a morte em vida até que a manhã me traz o salvo-conduto para vestir sapatos e uma blusa.
Minhas costas doem eternamente porque as malas são sempre mais pesadas do que deveriam. Um cachecol extra, uma troca de roupa de emergência, o presente coringa e um par de tênis caso o pé reclame em forma de bolha. Todos itens inúteis, porque cachecol só é preciso um, as peças de roupa não combinam entre si, o presente derrete esquecido dentro de um bolso e não há tênis que cale uma bolha bem formada.
Me enfiam em um ônibus, um carro, um bar, um avião, outro avião e perco a minha bússola. E então corro para voar sem saber aonde vou. Avisaria quando eu volto, mas não sei de onde saí. Meu laptop não quer conhecer mais novas redes sem fio e definitivamente não nasceu para o cabo encapado em azul.
Estamos eu e ele fartos dessa condição, mas cientes da inexistência de alternativas. Assim como os brasileiros não têm alternativa à desigualdade e os espanhóis não podem fugir do desemprego, nós também seguiremos carregando a casa nas costas. Nos três casos, a solução demanda subverter o sistema e, convenhamos, nenhum de nós tem coragem para tanto.
O colchão é mais duro que tijolo e não sei como podem as formigas subirem dezessete andares por dentro das paredes até chegar à cozinha. Mas o banheiro está sempre tão limpo que me sinto em Hogwarts. Uma Hermione provocada pela umidade trópica que se enreda nos meus cabelos assimétricos e, agora, anti-gravitacionais.
Durmo só com um lençol e sem meias em cima do colchão sem cama. Passo a noite toda presa naquele limite entre o frio e o conforto e acabo sonhando com narrações machadianas sobre a morte em vida até que a manhã me traz o salvo-conduto para vestir sapatos e uma blusa.
Minhas costas doem eternamente porque as malas são sempre mais pesadas do que deveriam. Um cachecol extra, uma troca de roupa de emergência, o presente coringa e um par de tênis caso o pé reclame em forma de bolha. Todos itens inúteis, porque cachecol só é preciso um, as peças de roupa não combinam entre si, o presente derrete esquecido dentro de um bolso e não há tênis que cale uma bolha bem formada.
Me enfiam em um ônibus, um carro, um bar, um avião, outro avião e perco a minha bússola. E então corro para voar sem saber aonde vou. Avisaria quando eu volto, mas não sei de onde saí. Meu laptop não quer conhecer mais novas redes sem fio e definitivamente não nasceu para o cabo encapado em azul.
Estamos eu e ele fartos dessa condição, mas cientes da inexistência de alternativas. Assim como os brasileiros não têm alternativa à desigualdade e os espanhóis não podem fugir do desemprego, nós também seguiremos carregando a casa nas costas. Nos três casos, a solução demanda subverter o sistema e, convenhamos, nenhum de nós tem coragem para tanto.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Era uma vez uma terra afastada e um tanto engraçada: um país que também era ilha, que também era continente. Era uma vez uma terra engraçada que servia de morada a fugitivos vindos do oriente e do ocidente. Nessa terra misturada, todo dia era temporada e toda hora, ilimitada. Acontece que, a terra ilimitada agregava em seus múltiplos uma unidade: todos os que ali se encontravam dividiam o desejo singular de descobrir, de transformar, de recriar. Disto podia se supor o fato de que dividiam também a coragem. É que haviam de se dispor a por tudo a perder, a se desfazer, se esvaziar; haviam de aceitar o inesperado. Vitória queria sentir, Rodrigo queria acreditar, Maria queria uma família, Miriam queria dividir, Meiri queria se libertar. Paulo buscava uma aventura. Miriam conheceu Maria, que conheceu Vitória, que conheceu Rodrigo, que conheceu Meiri, que conheceu Paulo. Vitória se apaixonou, Rodrigo acreditou, Maria encontrou Deus, Mirian entendeu novas possibilidades, Meiri saltou de pára-quedas. Paulo virou pai.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Sobre você no hospital, ás 20:48.
a palavra não é querer
é precisar
me livrar
desse medo de te perder
de repente
poupar sentimento
- mesmo quando dentro de mim
bagunça aquela
ideia fixa
(a falta de acento
me faz pronunciar rígida
como não fosse rigidez a)
morte
o silêncio você rompe
você tem cheiro de fumaça
desperto
eu sei
cigarros são instantes
away from you
mas digo
eu tenho cheiro de fumaça
agora
emergência
seu traje branco
e as paredes
obrigam a calma
quando me desejam
trágica
- ardentemente trágica
porque não basta o dentro
deve haver lágrimas
muitas
mas para eles
você entende
sempre para eles.
preciso lamber meus filhos
antes que seja tarde, mãe.
(antes que seja tarde,
preciso lambê-los.)
é precisar
me livrar
desse medo de te perder
de repente
poupar sentimento
- mesmo quando dentro de mim
bagunça aquela
ideia fixa
(a falta de acento
me faz pronunciar rígida
como não fosse rigidez a)
morte
o silêncio você rompe
você tem cheiro de fumaça
desperto
eu sei
cigarros são instantes
away from you
mas digo
eu tenho cheiro de fumaça
agora
emergência
seu traje branco
e as paredes
obrigam a calma
quando me desejam
trágica
- ardentemente trágica
porque não basta o dentro
deve haver lágrimas
muitas
mas para eles
você entende
sempre para eles.
preciso lamber meus filhos
antes que seja tarde, mãe.
(antes que seja tarde,
preciso lambê-los.)
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Lubi
Tenho vinte e quatro anos e estou perdendo-os apressadamente na sobre-vivência com a visão e audição e olfato e tato e paladar pela intensidade de sentir. Sinto muito. Sou inteira id. Nasci passado e não sei se é corpo ou alma esse envelhecimento. Essas tantas rugas de tão poucos amores como o craquelado de chão sertanejo, até o abismo interior ou o abaixo da terra, esses infernos. Meu imenso ego transborda invisível o físico. Para falar dos outros, falo de mim e até calada. Você jamais me conhecerá inteira porque quando minto, há verdades e elas são minhas e apenas, porque minha prisão é viver o que quer que seja e a libertação é a escrita. Quando eu não suportar mais essas tantas reinvenções de mim mesma pela negação do eu único e profundo e tão só e pelo ódio ao previsível e rotineiro, queimarei meus restos para as moscas não pousarem nesse sagrado, para os insetos não devorarem o que nunca houve. E tocarei um fado, o mais triste, para o tempo parar para sempre.
domingo, 6 de dezembro de 2009
(des) costume do (des) apego
Não tenho a certeza de um sábio, tampouco a constância do amanhecer/anoitecer.
Não tenho lápis e papéis mágicos que levem a você umas linhas tortas, escrito: papai, eu te amo. Mas eu sinto, sempre.
Não tenho a forma mais branda para sanar a falta, mas tenho aquela que zela por mim desde o primeiro segundo de vida.
Não tenho ideia do tempo que resta. Não sei o que teu peito sentiu, nem consigo imaginar.
Teus olhos conversaram comigo em segundos cruciais. Minha mente sabia o que viria, meu coração se negava acreditar. Ele me empurrava a te encorajar, enquanto quieta, no silêncio e no escuro eu desabava mais um pouco.
Reaprender com a falta é um começo infortúnio e tolo. Doses diárias de desapego, incertezas, saudades e vontades súbitas de abandonar as horas.
O porto seguro desfez-se num tempo muito curto. Era hora de o barco zarpar? Era hora de eu ouvir adeus?
Das perguntas que estouram constantemente entre meus soluços, fico com a sensação de perda. Só ela acorda e dorme comigo todos os dias.
dcm
*isso estava guardado, selado, embalado pela minha dor, mas resolvi dividir para ir, aos poucos, me dando conta que agora, daqui para frente, assim será.
saudade é algo que não se calcula, não se explica e nem se tira, acostuma-se. Cá estou para aprender a me acostumar.
Não tenho lápis e papéis mágicos que levem a você umas linhas tortas, escrito: papai, eu te amo. Mas eu sinto, sempre.
Não tenho a forma mais branda para sanar a falta, mas tenho aquela que zela por mim desde o primeiro segundo de vida.
Não tenho ideia do tempo que resta. Não sei o que teu peito sentiu, nem consigo imaginar.
Teus olhos conversaram comigo em segundos cruciais. Minha mente sabia o que viria, meu coração se negava acreditar. Ele me empurrava a te encorajar, enquanto quieta, no silêncio e no escuro eu desabava mais um pouco.
Reaprender com a falta é um começo infortúnio e tolo. Doses diárias de desapego, incertezas, saudades e vontades súbitas de abandonar as horas.
O porto seguro desfez-se num tempo muito curto. Era hora de o barco zarpar? Era hora de eu ouvir adeus?
Das perguntas que estouram constantemente entre meus soluços, fico com a sensação de perda. Só ela acorda e dorme comigo todos os dias.
dcm
*isso estava guardado, selado, embalado pela minha dor, mas resolvi dividir para ir, aos poucos, me dando conta que agora, daqui para frente, assim será.
saudade é algo que não se calcula, não se explica e nem se tira, acostuma-se. Cá estou para aprender a me acostumar.
Um pingo no I.
Um ponto de exclamação.
Interrogação quando necessário e intolerante em certas ocasiões.
Nem simpática demais e nem brava ao extremo.
Pulsante.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
todo dia no ônibus.
sempre naquela curva à direita, ela marcava com o dedo a página do livro e erguia a cabeça, olhando do seu lado direito e sentindo no rosto o vento quente. naquela descida o motorista pirava sempre e ia à toda. ela, sacolejando violentamente, imaginava à cada esquina um acidente, seu corpo sentindo o bruto impacto, a inconsciência, a morte não. dela, ele sentia um medo que não se diz. e depois sorria. sorria boba por ter aquela uma aventura. no fim da descida, depois da curva à esquerda, ela não voltava logo ao livro, e ia olhando as cenas nas ruas, pensando e sentindo tudo como estrangeira, como todo dia. num lance, virava-se prá dentro e sorria prá passageira ao lado. sem sorriso de volta, voltava ao livro.
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paulete miletta
quando escrevo uma coisa,logo leio de novo e é outra, assim me confundo com este outro dentro de mim que nasce a todo instante; e eu que agora nem sei se nasci mesmo, ou se morro há tempos,
fico pensando que para responder quem sou eu, devo dizer que eu sou justamente o outro.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Minha breve vida futebolística
Eu não me lembro quando deixei de torcer pro Flamengo, mas acho que o Romário ainda estava por lá. Começou a não fazer muito sentido torcer para um time do Rio, comigo tão longe, no interior de Minas. E futebol, poxa, era preciso ser realista, eu não entendo nada de futebol, então pra que torcer?
Foi assim que a camisa que meu pai me deu acabou perdida em algum lugar do armário, e o Flamengo começou a ser só um motivo pra fazer piada. Walter Minhoca, isso é nome de jogador, Pai? Ganhou a Taça Guanabara, quem se importa? Pai, andei pensando, acho que vou torcer pro Vasco. O que você acha?
De fato, acho linda a camisa do Vasco, mas falava só pra fazer um terrorismo com meu pai, pois cara de desapontamento dele era impagável. E segui assim, cada vez mais distante.
...
Em 2007, um curto período que estive em São Paulo, comovida com a alegria dos corinthianos em uma final do campeonato, fiquei com vontade de ter um time novamente. Passava na frente das casas do Tatuapé e estavam enfeitadas, com comidas, bebidas, pessoas animadas. Até telão alugavam. Ah, futebol é bonito, quero torcer também. Mas qual? Flamengo não, muito decadente o futebol carioca (Desculpa, pai). Queria um de São Paulo, já que eu estava lá. Resolvi torcer pro Portuguesa, pois acho que sei lá, tem um certo charme.
Meu amigo Emerson resolveu me ajudar e começou a contar histórias da Lusinha. Lusinha, que Lusinha, Emerson? Marcela, você não sabe que o apelido da Portuguesa é Lusinha? Óbvio que eu não sabia. Ah, deixa pra lá, você não merece ser torcedora. Concordei, melhor deixar pra lá.
...
Cansada de ser deixada de lado nas noites de quarta e nas tardes de domingo, comecei a sonhar com o dia que encontraria um homem que não gostasse de futebol. Não é uma tarefa fácil, mas uma vida sem programas de mesa redonda me parecia muito tentadora.
Conversando com a Letícia, descubro que o namorado dela não gosta. Que sorte, pensei. Mas ela gosta, e agora? Sim, o mundo é injusto.
Mais tarde lembrei que já tido sim um namorado que não gostava de futebol, e não era legal. E se tivéssemos filhos? Quem levaria o menino pra ver os jogos? Quem iria levar no parque pra bater uma bola? Eu não quero que meu filho seja o esquisitão da sala. Só vou ter filhos com quem goste de futebol. Está decidido! E tem outra, ser trocada por futebol é melhor que ser trocada por um jogo de rpg. Acredite.
...
Já esse ano a coisa ficou diferente, né? Como ignorar o Brasileirão? Até minha avô deve estar acompanhando! Você abre o jornal e só se fala disso. E agora eu ainda tenho um namorado flamenguista, trabalho com um garçon flamenguista, é só flamengo, flamengo. É um clima de euforia tão grande, que fico com dó de ser contra. Até incomendei uma camisa nova pro meu pai. E ah, já que até o juiz do jogo de domingo passado era flamengo, quem sou eu pra não ser?
p.s: se você ainda sonha com um homem que não sabe o que é um tiro de meta, fica a dica @adrianosv
Foi assim que a camisa que meu pai me deu acabou perdida em algum lugar do armário, e o Flamengo começou a ser só um motivo pra fazer piada. Walter Minhoca, isso é nome de jogador, Pai? Ganhou a Taça Guanabara, quem se importa? Pai, andei pensando, acho que vou torcer pro Vasco. O que você acha?
De fato, acho linda a camisa do Vasco, mas falava só pra fazer um terrorismo com meu pai, pois cara de desapontamento dele era impagável. E segui assim, cada vez mais distante.
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Em 2007, um curto período que estive em São Paulo, comovida com a alegria dos corinthianos em uma final do campeonato, fiquei com vontade de ter um time novamente. Passava na frente das casas do Tatuapé e estavam enfeitadas, com comidas, bebidas, pessoas animadas. Até telão alugavam. Ah, futebol é bonito, quero torcer também. Mas qual? Flamengo não, muito decadente o futebol carioca (Desculpa, pai). Queria um de São Paulo, já que eu estava lá. Resolvi torcer pro Portuguesa, pois acho que sei lá, tem um certo charme.
Meu amigo Emerson resolveu me ajudar e começou a contar histórias da Lusinha. Lusinha, que Lusinha, Emerson? Marcela, você não sabe que o apelido da Portuguesa é Lusinha? Óbvio que eu não sabia. Ah, deixa pra lá, você não merece ser torcedora. Concordei, melhor deixar pra lá.
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Cansada de ser deixada de lado nas noites de quarta e nas tardes de domingo, comecei a sonhar com o dia que encontraria um homem que não gostasse de futebol. Não é uma tarefa fácil, mas uma vida sem programas de mesa redonda me parecia muito tentadora.
Conversando com a Letícia, descubro que o namorado dela não gosta. Que sorte, pensei. Mas ela gosta, e agora? Sim, o mundo é injusto.
Mais tarde lembrei que já tido sim um namorado que não gostava de futebol, e não era legal. E se tivéssemos filhos? Quem levaria o menino pra ver os jogos? Quem iria levar no parque pra bater uma bola? Eu não quero que meu filho seja o esquisitão da sala. Só vou ter filhos com quem goste de futebol. Está decidido! E tem outra, ser trocada por futebol é melhor que ser trocada por um jogo de rpg. Acredite.
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Já esse ano a coisa ficou diferente, né? Como ignorar o Brasileirão? Até minha avô deve estar acompanhando! Você abre o jornal e só se fala disso. E agora eu ainda tenho um namorado flamenguista, trabalho com um garçon flamenguista, é só flamengo, flamengo. É um clima de euforia tão grande, que fico com dó de ser contra. Até incomendei uma camisa nova pro meu pai. E ah, já que até o juiz do jogo de domingo passado era flamengo, quem sou eu pra não ser?
p.s: se você ainda sonha com um homem que não sabe o que é um tiro de meta, fica a dica @adrianosv
Mineira, 27 anos, nunca soube dar estrelinha ou fazer elogios.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
hedonista
.
.
Quero que dezembro passe rápido.
Que janeiro passe devagar.
Que fevereiro seja quente, mas com bastante vento.
Que mais fotos sejam tiradas.
Que o trabalho seja menos maçante.
Que os livros fiquem menos na estante.
Que as passatempos e trakinas sejam substituídas por maçãs e bananas.
Que a paciência aumente.
Que a gente dance mais.
E que dance sempre.
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Quero que dezembro passe rápido.
Que janeiro passe devagar.
Que fevereiro seja quente, mas com bastante vento.
Que mais fotos sejam tiradas.
Que o trabalho seja menos maçante.
Que os livros fiquem menos na estante.
Que as passatempos e trakinas sejam substituídas por maçãs e bananas.
Que a paciência aumente.
Que a gente dance mais.
E que dance sempre.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009
se ao menos eu estivesse com meu livro o tempo passaria mais rápido
desde o momento em que acordei, percebi que faria tudo errado. o próprio fato de acordar, talvez, teria sido o principal erro naquele domingo, 23 de agosto de 2009, 11h35, 19º com chuva e céu parcialmente nublado na região sudeste do país. e daí que chove? aqui em são paulo só chove. porque as pessoas reclamam tanto da chuva? do trânsito? da poluição? mudem-se daqui os que reclamam. mudem-se ou morram.
segunda. se ao menos eu estivesse com meu livro o tempo passaria mais rápido. já faz horas que acordei mas o relógio insiste em dizer que não, que ainda são 11h59. daqui a um minuto é meio-dia e meio-dia jogado fora, lógico. um otimista me diria, calma, você ainda tem a outra metade do dia pra fazer algo que seja útil. eu responderia por que você não pega a utilidade do meu dia e coloca n... "preencha a lacuna com seu oríficio preferido" (__________).
o último metrô. eu sempre pego o último metrô pois é lá que estão os que mentem. ah querida, fiquei até mais tarde no escritório, sabe como é... fechamento! (anrran...). oi mãe, é que fiquei estudando com a turma depois da aula, sabe como é... fuvest! (sei...). então amado, hoje é terça, dia de rodízio, então aproveitei pra dar uma passada na mamãe, sabe como é... idosa! (ahh tá...).
quarta quarta do mês. a última. sempre.
não é sempre que a gente encontra um ator de cinema na rua. será que ele topa tirar uma foto comigo? um autógrafo, um beijo, quem sabe? melhor não. é quinta-feira de manhã e um ator não gostaria de ser incomodado numa quinta de manhã. e outra: eu não acredito em atores. pra mim, eles estão sempre atuando, seja lá o que estão fazendo, mas estão sempre atuando. mas e nós, não?
a gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? mas a gente nunca conhece. quem escreveu isso? chaplin, caetano veloso, janis joplin, bukowski? que importa? hoje é sexta e sexta não é dia de relativizar o amor.
eu nunca dei a mínima pra você e não devo pedir desculpas por isso. o máximo que posso fazer é agradecer pela tua ausência. não ter você por perto fez com que eu olhasse melhor pra mim. e só pra mim. agora - por favor - pega suas coisas e vá embora. deixe apenas o restinho da minha da tua hipocrisia que é pra eu usar de máscara no próximo baile. e corre pra pegar o trem porque amanhã já é domingo.
se ao menos eu estivesse com meu livro o tempo passaria mais rápido.
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o último metrô. eu sempre pego o último metrô pois é lá que estão os que mentem. ah querida, fiquei até mais tarde no escritório, sabe como é... fechamento! (anrran...). oi mãe, é que fiquei estudando com a turma depois da aula, sabe como é... fuvest! (sei...). então amado, hoje é terça, dia de rodízio, então aproveitei pra dar uma passada na mamãe, sabe como é... idosa! (ahh tá...).
quarta quarta do mês. a última. sempre.
não é sempre que a gente encontra um ator de cinema na rua. será que ele topa tirar uma foto comigo? um autógrafo, um beijo, quem sabe? melhor não. é quinta-feira de manhã e um ator não gostaria de ser incomodado numa quinta de manhã. e outra: eu não acredito em atores. pra mim, eles estão sempre atuando, seja lá o que estão fazendo, mas estão sempre atuando. mas e nós, não?
a gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? mas a gente nunca conhece. quem escreveu isso? chaplin, caetano veloso, janis joplin, bukowski? que importa? hoje é sexta e sexta não é dia de relativizar o amor.
eu nunca dei a mínima pra você e não devo pedir desculpas por isso. o máximo que posso fazer é agradecer pela tua ausência. não ter você por perto fez com que eu olhasse melhor pra mim. e só pra mim. agora - por favor - pega suas coisas e vá embora. deixe apenas o restinho da minha da tua hipocrisia que é pra eu usar de máscara no próximo baile. e corre pra pegar o trem porque amanhã já é domingo.
se ao menos eu estivesse com meu livro o tempo passaria mais rápido.
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Jornalista, especialista em Midia, Informação e Cultura pela USP, onde participa do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação. Pesquisador de mídias e redes sociais virtuais, escreveu o livro www.odio - a internet na mira do mal. Atualmente é assessor de comunicação, produtor cultural e atua como jornalista freelancer em matérias sobre Cultura e Comportamento.
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