Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio no mundo. Traduzindo, a cada três segundos alguém se mata. A cada linha que seus olhos percorrerem destas maldigitadas, uma pessoa vai colocar um ponto final na existência. Aff...
O grau de espanto aumenta ainda mais ao descobrirmos que para cada pessoa que é, digamos, “bem-sucedida” em seu intento, pelo menos outras 20 fracassam. O tema não faz parte do cardápio dos jornais sobreviventes porque acredita-se que a divulgação contribui para o aumento dos casos. Mais uma vez, a internet nos possibilita fugir dos padrões e trocar ideias com total liberdade.
Sem disposição (e estofo) para defecar regras ou dar conselhos, creio que o problema é muuuito maior e as estatísticas não conseguem abranger todas as tentativas contra a vida. Afinal, somos todos suicidas potenciais. Duvida?
Para o romancista francês Honoré de Balzac, “a resignação é um suicídio cotidiano”. Principiando pelo trampo, você é realizado profissionalmente ou pertence à laboriosa classe das prostitutas? Não há terceira opção. Ou você curte o que faz ou aluga o seu tempo por dinheiro num escambo conformista. A desvantagem em relação às mães de certos senadores é que não é possível lavar o tempo e usá-lo novamente.
Algumas pessoas se saíram bem ao trocar projetos legais por outros mais rentávei$. Um caso comumente citado é a transformação do Fausto Silva do Perdidos na Noite para o Faustão dominical. No caso dele, virar bundão ao quadrado encheu as burras (e o pavilhão retofuricular) de dinheiro. Para tantos outros, a grana envolvida é ligeiramente menor. Basta consultar o seu holerite.
Relações amorosas sem futuro também são formas institucionalizadas de suicídio. As doses são pequenas e administradas lentamente (como a velocidade dos dias), mas cadê a força para lutar? A casa vira um proscênio de encenações cotidianas, mas a produção artística assemelha-se às novelas da TV Record. Da mesa de jantar à cama (nem sempre nessa ordem), imperam os clichês modorrentos de sempre. E não adianta reclamar com o bispo...
A imperativa busca de saúde também pode ser considerada um suicídio a prestação. Afinal, quem curte a ideia de trocar uma suculenta picanha mal passada por um bife de soja acompanhado de salada de broto de alfafa? À mesa, renúncias e sacrifícios são necessários para que supostamente a gente viva um pouco mais. Que tal trocar de vez a alfafa por capim e assumir o caráter meio asinino dessas escolhas?
A decantada síndrome de Gabriela (“Eu nasci assim”) é responsável por divórcios com o espelho, numa tentativa geralmente vã de literalmente não olhar para si mesmo. Sempre me encasquetei com o fato de algumas mocinhas acima do peso terem uma coleção de correntinhas para o tornozelo. Não seria melhor colocar seus pezinhos com unhas esmaltadas em fúcsia para flanar numa esteira de vez em quando? À noite, se entopem de brigadeiro e, por vezes, não rola nem com um cabo raso. “Decidi assumir que sou uma gordelícia”, resignam-se...
Dá até medo de fazer blague com gordurinhas porque o mundo está cada vez mais dominado por patrulhas como as do governador paulista José Serra. Aliás, a expressão de higidez física e o bom humor dele são provas da inutilidade de sua cartilha. O cigarro está liberado nos anos bissextos para tabagistas cujo nome contenha simultaneamente as consoantes k, h e a sílaba “da”. Nas cantinas das escolas, coxinha (assada) de ricota com aveia para a garotada. Só falta agora os planos de saúde recusarem cobertura para quem assiste aos programas da Sonia Abrão e da Luciana Gimenez, indicadores eloquentes de perfil suicida no mais alto grau.
Lamento desfazer seu sorriso tão amarelo quanto o pintinho do Gugu. Mesmo que não tenha se enquadrado nos exemplos acima, se teve escroto de chegar até aqui, acabou de cometer um pequeno suicídio. Yes, para o vovô porra-louca Millor Fernandes, “quem mata o tempo não é assassino; é suicida”. Eu, eu, eu. Você se deu mal. =)
PS.: Para sorte (e gáudio) dos leitores, nossos encontros neste espaço vão ocorrer em ritmo de menstruação atrasada: 28 + 2. Agradeço a são Lucas a graça (quase) alcançada.
terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Pra você...
Era miudinha, não, na verdade era raquídica, a sexta colocada na fila dez irmãos. Gostava de brincar nos matos, em especial com o irmão Zé que era menor-chorão. Não tinha brinquedos, o único dado com tanto esforço pelo pai era uma boneca de pano, cabeluda e colorida. Amava aquela boneca e raramente brincava com ela na terra ou nos matos, gostava de olhar seus cabelos e corpo colorido quando na rede em que dormia e pela frestinha da porta entrava a luz do lampião deixando mais bonita. Não dividia a boneca por nada, as irmãs tinham raiva quando escondia, pois gostavam de provoca-la ameaçando jogar nos matos ou no curral das vacas. O amor não era pelo material mas de saber que aquele seria o único presente vindo de seu pai. O nome da boneca era Camila. Um dia brigou com a irmã Margarida sempre se engalfinhando pela casa, mostrando língua uma pra outra se atracando no terreiro escondido da mãe; por que se a dona Francisca visse aquele fuzuê era surra de cipó nas duas, mais nela do que na outra irmã, pois sentia uma preferência no ar. Ficavam de mal o tempo todo, pois Margarida era ciumenta que só, não gostava do carinho que os irmãos tecia pela irmã. Certa vez achou o esconderijo secreto, onde guardava a Camila, saiu correndo pedindo pelo amor de Deus “me dá a boneca”, Margarida numa risada escandalosa e maldosa disse “olha o que faço com ela”, de longe viu arrancar os cabelos, rasgar a roupinha e queima-la. Ainda se lembra deste dia e como chorou durante dias por não ter mais Camila, por não mexer nos cabelos, balança-la para alto e aperta-la contra o peito.
Passado alguns dias, foi consolada com um presente vindo do pai, que se entristecera com o que ocorreu a Camila, pelo choro e tristeza de dias de sua filha amada e discretamente preferida. Era pequeno, olhos meigos, amarelado lembra um labrador, balançava a metade de um rabo, sim, tinha defeito mas ficou tão feliz que não ligou, entregou o vira lata Tobi em suas mãos, nome que lhe dera na hora.
Passado alguns dias, foi consolada com um presente vindo do pai, que se entristecera com o que ocorreu a Camila, pelo choro e tristeza de dias de sua filha amada e discretamente preferida. Era pequeno, olhos meigos, amarelado lembra um labrador, balançava a metade de um rabo, sim, tinha defeito mas ficou tão feliz que não ligou, entregou o vira lata Tobi em suas mãos, nome que lhe dera na hora.
Virou seu amigo e onde ia lá estava Tobi, ficavam nos matos e saiam correndo ao sinal do grito da dona Francisca no ar “ohh menina bora comer, diacho onde essa menina se meteu”, sem pensar saia correndo, quase sem ar, sabia que se atrasasse o almoço era inevitável a pragata com prego nas costas ou no rosto. Certa vez Tobi foi atravessar a única pista que dividia a vila e viu seu melhor amigo morrer atropelado. Ficou tão triste que prometeu nunca mais ter outro pois ninguém assumiria o lugar de Tobi. Começou a trabalhar cedo, a fazer comida no fogão de lenha que mal alcançava, mas colocava um banquinho pra mexer nas panelas de ferro tão pesadas e quente. Sabia o que tinha de fazer pois os pais trabalhavam na roça e vê-los chegar com fome para ainda fazer,era demais. Então compreendeu cedo que precisavam de ajuda.
Não era a mais formosa entre amigas, na escola raramente fazia sucesso entre os meninos, até crescer e virar mocinha; para comprar roupas, perfumes ou maquilagem saia batendo na porta da vizinhança e perguntava quem queria avon.Já tinha 15 anos e era a época da brilhantina, usar meias coloridas e purpurinadas com sandália de salto alto, fazer vestidos de renda, rodados e coloridos na dona Toinha. Adorava dançar, perdia a noção do tempo, jogava as mãos pro ar, sem querer saber quem olhava, sabia que chamava a atenção que a menina outrora sem graça e sem jeito arranca alguns suspiros quando passava. Mas não ligava era tímida e recata demais para ar atenção e ai se os irmão João e Antonio soubesse, era briga na certa.
Casou cedo, com 17 anos, por um descuido uma visita inesperada a forçou a tomar uma atitude, pois mulher solteira naquela condição era sem vergonha e não merecia ficar entre o povo direito, religioso e de família. Não sabia que aqueles seriam anos difíceis de conviver com alguém complexo,difícil, genioso e violento. Certos tipos de lobos só viram cordeirinhos quando é conveniente. Embora a dificuldade fosse a prova de que cometera um erro, se deixava ser feliz por dois motivos pequenos e frágeis que concebera.
A vida errante e mais certo dizer que se encaixava perfeitamente na história Vidas Secas (de Graciliano Ramos), seria um resumo de parte de sua história. Certa vez duvidou da existência de Deus e fez a seguinte reza “se existe mostra-me um lugar que tenha fartura e que não passe por tanta necessidade”, o Senhor estava atento e ouviu sua súplica.Mais dois meses e se mudou para um paraíso na terra, a bela e encantadora cidade de São Sebastião da Grama. Não podia acreditar, olhava perplexa o lugar, rios, cachoeiras, pomar gigantesco, um horta mal cuidada, leites de cabra, vaca do que quisesse, finalmente o alivio, ali não passariam necessidade.
Não era a mais formosa entre amigas, na escola raramente fazia sucesso entre os meninos, até crescer e virar mocinha; para comprar roupas, perfumes ou maquilagem saia batendo na porta da vizinhança e perguntava quem queria avon.Já tinha 15 anos e era a época da brilhantina, usar meias coloridas e purpurinadas com sandália de salto alto, fazer vestidos de renda, rodados e coloridos na dona Toinha. Adorava dançar, perdia a noção do tempo, jogava as mãos pro ar, sem querer saber quem olhava, sabia que chamava a atenção que a menina outrora sem graça e sem jeito arranca alguns suspiros quando passava. Mas não ligava era tímida e recata demais para ar atenção e ai se os irmão João e Antonio soubesse, era briga na certa.
Casou cedo, com 17 anos, por um descuido uma visita inesperada a forçou a tomar uma atitude, pois mulher solteira naquela condição era sem vergonha e não merecia ficar entre o povo direito, religioso e de família. Não sabia que aqueles seriam anos difíceis de conviver com alguém complexo,difícil, genioso e violento. Certos tipos de lobos só viram cordeirinhos quando é conveniente. Embora a dificuldade fosse a prova de que cometera um erro, se deixava ser feliz por dois motivos pequenos e frágeis que concebera.
A vida errante e mais certo dizer que se encaixava perfeitamente na história Vidas Secas (de Graciliano Ramos), seria um resumo de parte de sua história. Certa vez duvidou da existência de Deus e fez a seguinte reza “se existe mostra-me um lugar que tenha fartura e que não passe por tanta necessidade”, o Senhor estava atento e ouviu sua súplica.Mais dois meses e se mudou para um paraíso na terra, a bela e encantadora cidade de São Sebastião da Grama. Não podia acreditar, olhava perplexa o lugar, rios, cachoeiras, pomar gigantesco, um horta mal cuidada, leites de cabra, vaca do que quisesse, finalmente o alivio, ali não passariam necessidade.
A atitude impensada de um homem que não sossegava, que tinha um espírito inquieto e dissimulado, pois achava por bem concertar seus erros fugindo,destrói mais um sonho. Não demorou muito pra conhecer o mar, praia, areia branquinha, conchas coloridas e um céu azul. Sim, ali seria um bom lugar para recomeçar. A imagem sentada na praia, mexendo na areia, nas conchas e olhando o mar vagueia sempre nos pensamentos. O lugar lindo e acolhedor era palco de lágrimas que rolavam sem parar, hora pelas dificuldades, hora por ele, hora por inquietações da alma. Não a deixava só, sentava do lado e perguntava o que tinha, mas não respondia, dizia que era nova demais para entender. Certa vez foi surpreendida, havia dito algo que a fez pensar que não era mais uma menininha e que embora não compreendesse muita coisa estava ali para abraça-la, beija-la e ouvi-la quando precisasse. O tempo é o melhor remédio, e conquistada a liberdade, vive com prazer todos os dias,adora dar risada, contar piada e ainda gosta de dançar,alegre por ter uma imagem jovem, fica tão feliz quando dizem que não aparenta ter a idade que tem,é grata por tudo o que Deus fez/faz em sua vida.
Talvez por isso goste tanto do sol, do mar, do céu e da praia. Por que foram palco de um fragmento inesquecível, que guardo até hoje; naquele exato momento nascia uma grande amizade.
Sim, estou falando dela.
Minha melhor amiga.
Minha mãe-mainha.
foto: Rosy Pimenta/net/Valmir
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ana karla
"...Ontem o mundo me expulsou da vida. Hoje a vida nasceu.
Ventania, muita ventania. Que instabilidade. Me muero.
Vivo no futuro da ventania.
Por que é que tudo se diz: fica para a semana que vem?
Eu estou aqui, aqui à espera.
Vivo agora e o resto que vá para a puta que o pariu...." (Clarice Lispector)
domingo, 28 de junho de 2009
O Preço do Sossego
Tarde de sexta-feira, fim de férias. Esses últimos dias parecem passar tão rápido que são perfeitos para não se fazer nada. Tentar resolver tudo em um dia só apenas torna a sensação de tédio ainda mais forte.
Pegou a bicicleta para dar uma volta, lembrando que a ganhou de seu pai num aniversário qualquer há muitos anos. Talvez, nem tantos anos assim, mas parecia que por um longo tempo que não ganhava nada novo. Aquela bicicleta poderia ter sido o último presente que recebeu, mas ele não se recordaria.
Com um misto de saudade e senso de obrigação com sua consciência, foi visitar a casa do pai, como surpresa. Imaginou a sensação do velho de ver o filho ali, disposto a passar a tarde com ele. Por outro lado, viu a possibilidade de ele não estar ali. Nesse caso, poderia subir, assistir TV e acender um cigarro.
O caminho era curto, os pensamentos soltos, em poucas pedaladas, estava ali, em frente ao prédio. Não lembrava o número do apartamento. Sentiu vergonha. Como poderia não saber onde seu pai morava? Ligou para a irmã que afirmou: apartamento 25. Tocou. Sem resposta. Tocou novamente. Uma voz de mulher atendeu. Um susto. Ficou mudo, paralisado. “Alô, alô, quem ta aí?”, ela disse. Ele pegou a bicicleta e deu meia-volta, sem responder. Sempre soube que seu pai poderia estar com outra pessoa, mas não há nada como ouvir a voz que por tanto tempo imaginou. Era a voz da outra. Ela não era um demônio, um monstro ou algum tipo de vilã de desenho animado. Era alguém que atendia ao interfone, falando "alô" como qualquer um. Como sua mãe faria.
Desde o começo, ele se recusou a conhecê-la, por orgulho e por preservação. Não é um defensor da moral e dos bons costumes, mas se negava a aceitar como aquilo havia começado. Um caso que tinha que terminar, e ponto. Não sabia como lidar em ver seu pai com outra mulher, fazendo planos, trocando risos e olhares, coisa que ele não via há tanto tempo em sua própria casa.
Sentiu pena do pai, que não via sua nova vida aceita pelos filhos. Pena de sua mãe, que ainda tinha esperança que os dois pudessem voltar, para tentar, mais uma vez, ser o que nunca foram. Pena de si mesmo, por ter que aceitar que não havia como negar. Algo mudou, se não tudo. Quase tudo. Aquela bicicleta não mudou. Por mais que houvesse uma ferrugem ou outra que insistisse em corroer a estrutura, ela permanecia em pé, funcional, segura. Foi um presente de aniversário, há muitos anos. Mas ainda era um presente, por todos os aniversários.
Ele se lembrava, sim, de quando ganhou a bicicleta. Foi aos 12 anos, era uma noite de calor de julho, com toda a família em sua casa. A camiseta que vestia era vermelha, sua primeira calça jeans e all-star azul, desamarrado. Ele ia tropeçar, sua mãe disse. Não tropeçou. O cheiro de bolo de chocolate, de vela queimada, de bala de coco, de crianças alegres. Ah, ele lembrava, sim. Só fingia não lembrar para tornar mais fácil suportar a dor de saber que aquilo tudo não iria voltar.
Era melhor voltar para casa. Podia chegar ali e contar para sua mãe sobre o que tinha visto. Não há nada como a verdade para nos fazer acordar. Ela iria ouvir por alguns minutos, chorar por algumas horas e se entristecer por uma vida toda que não volta mais. Não parecia bom ter essa conversa. Calculou o preço da honestidade e viu que o resultado era negativo. O silêncio paga a prazo, a verdade é à vista. . Melhor, o silêncio, por hoje. Era o preço da bicicleta. Era o preço do sossego. Quanto vale o teu silêncio?
Pegou a bicicleta para dar uma volta, lembrando que a ganhou de seu pai num aniversário qualquer há muitos anos. Talvez, nem tantos anos assim, mas parecia que por um longo tempo que não ganhava nada novo. Aquela bicicleta poderia ter sido o último presente que recebeu, mas ele não se recordaria.
Com um misto de saudade e senso de obrigação com sua consciência, foi visitar a casa do pai, como surpresa. Imaginou a sensação do velho de ver o filho ali, disposto a passar a tarde com ele. Por outro lado, viu a possibilidade de ele não estar ali. Nesse caso, poderia subir, assistir TV e acender um cigarro.
O caminho era curto, os pensamentos soltos, em poucas pedaladas, estava ali, em frente ao prédio. Não lembrava o número do apartamento. Sentiu vergonha. Como poderia não saber onde seu pai morava? Ligou para a irmã que afirmou: apartamento 25. Tocou. Sem resposta. Tocou novamente. Uma voz de mulher atendeu. Um susto. Ficou mudo, paralisado. “Alô, alô, quem ta aí?”, ela disse. Ele pegou a bicicleta e deu meia-volta, sem responder. Sempre soube que seu pai poderia estar com outra pessoa, mas não há nada como ouvir a voz que por tanto tempo imaginou. Era a voz da outra. Ela não era um demônio, um monstro ou algum tipo de vilã de desenho animado. Era alguém que atendia ao interfone, falando "alô" como qualquer um. Como sua mãe faria.
Desde o começo, ele se recusou a conhecê-la, por orgulho e por preservação. Não é um defensor da moral e dos bons costumes, mas se negava a aceitar como aquilo havia começado. Um caso que tinha que terminar, e ponto. Não sabia como lidar em ver seu pai com outra mulher, fazendo planos, trocando risos e olhares, coisa que ele não via há tanto tempo em sua própria casa.
Sentiu pena do pai, que não via sua nova vida aceita pelos filhos. Pena de sua mãe, que ainda tinha esperança que os dois pudessem voltar, para tentar, mais uma vez, ser o que nunca foram. Pena de si mesmo, por ter que aceitar que não havia como negar. Algo mudou, se não tudo. Quase tudo. Aquela bicicleta não mudou. Por mais que houvesse uma ferrugem ou outra que insistisse em corroer a estrutura, ela permanecia em pé, funcional, segura. Foi um presente de aniversário, há muitos anos. Mas ainda era um presente, por todos os aniversários.
Ele se lembrava, sim, de quando ganhou a bicicleta. Foi aos 12 anos, era uma noite de calor de julho, com toda a família em sua casa. A camiseta que vestia era vermelha, sua primeira calça jeans e all-star azul, desamarrado. Ele ia tropeçar, sua mãe disse. Não tropeçou. O cheiro de bolo de chocolate, de vela queimada, de bala de coco, de crianças alegres. Ah, ele lembrava, sim. Só fingia não lembrar para tornar mais fácil suportar a dor de saber que aquilo tudo não iria voltar.
Era melhor voltar para casa. Podia chegar ali e contar para sua mãe sobre o que tinha visto. Não há nada como a verdade para nos fazer acordar. Ela iria ouvir por alguns minutos, chorar por algumas horas e se entristecer por uma vida toda que não volta mais. Não parecia bom ter essa conversa. Calculou o preço da honestidade e viu que o resultado era negativo. O silêncio paga a prazo, a verdade é à vista. . Melhor, o silêncio, por hoje. Era o preço da bicicleta. Era o preço do sossego. Quanto vale o teu silêncio?
sábado, 27 de junho de 2009
Pisando em Ovos
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Márcio Nel Cimatti,
pisando em ovos
Fotógrafo, viajante, blogueiro e pai babão.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Tour de France - Um pouco de história.
Também conhecido como La Grande Boucle (o grande laço), o Tour foi criado em 1903 por Henri Desgrange, fundador do jornal L'Auto (antepassado do diário esportivo francês L'Équipe), baseado em uma idéia do jornalista Géo Lefèvre (1877-1961). O objetivo, na época, era o de fazer concorrência às corridas Paris-Brest-Paris (patrocinada por Le Petit Journal) e Bordeaux-Paris (patrocinada por Le Vélo).
O Tour tem sido disputado anualmente desde 1903, mas foi interrompido durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
Cerca de sessenta ciclistas participaram do primeiro Tour de France. Ele começou em 5 de Julho de 1903 em frente ao café Reveil Matin em Montgeron, na periferia parisiense; era composto por 6 etapas ligando Paris, Lyon, Marselha, Toulouse, Bordéus (Bordeaux) e Nantes. Maurice Garin foi o vencedor deste primeiro Tour de France.
No começo, o Tour era uma corrida de enduro quase contínuo. Os corredores dormiam na beira da estrada e não eram autorizados a receber assistência alguma, mas vários participantes da segunda edição foram excluídos por terem apanhado um trem em parte do percurso. Hoje em dia, o Tour é uma corrida por etapas, isto é, é dividido em etapas diárias. Há veículos de serviço (motocicletas e carros) que fornecem informações, alimento, água, acesso a mecânicos ou até assistência médica. Alguns veículos são "neutros" a todos os corredores pois pertencem à organização, outros são próprios a cada equipe.
A maior parte das etapas são disputadas na França, mas é muito comum algumas etapas serem disputadas em países adjacentes à França, como Itália, Espanha, Suíça, Bélgica, Luxemburgo e Alemanha, e até mesmo em países não adjacentes, como Irlanda, Inglaterra e Países Baixos. As três semanas geralmente incluem dois dias de repouso, que são algumas vezes aproveitados para transportar os corredores quando o final de uma etapa é muito distante do início da etapa seguinte.
Nos últimos anos, a primeira etapa tem sido precedida de uma curta etapa de contra-relógio individual (1 a 15 km), chamada Prólogo ("Le Prologue"), que neste ano será dispiutado no Principado de Mônaco e terá exatos 15,5km. O final tradicional é em Paris, nos Champs-Élysées. Entre essas duas etapas, são disputadas várias outras, incluindo etapas de montanha, contra o relógio individual e por equipe. As etapas restantes são disputadas em terreno relativamente plano. Com a variedade de etapas, os sprinters podem ganhar algumas etapas, mas o vencedor geral final é quase sempre um especialista em etapas de montanhas e contra-relógio.
As Etapas de Montanha
Muitos lugares, e especialmente montanhas, estão freqüentemente presentes no percurso geral do Tour (em praticamente todas as edições), e ganharam relativa fama por isso. As montanhas mais conhecidas são as de "categoria especial" (HC), com picos cuja dificuldade de ascensão está para além de uma categorização normal, e incluem o Col du Tourmalet (Pireneus, 2114 m), Mont Ventoux (Provence, 1909 m), Col du Galibier (Alpes, 2645 m), o Hautacam (Pireneus, 1800 m) e o mítico L'Alpe d'Huez, nos Alpes, com suas famosas 21 curvas, culminando a 1850 m.
De maneira geral, as etapas de montanha, juntamente com as etapas de contra-relógio, decidem o vencedor do Tour de France, já que a diferença de tempo entre os ciclistas costuma ser muito maior nestas que nas etapas em plano.
As Camisetas
Existe uma ordem de prioridade para as diferentes camisetas de líder:
a camiseta amarela ("maillot jaune"), atribuída ao primeiro corredor em tempo individual na classificação geral, é a de maior prestígio. Foi inventada em 1919, em referência ao papel amarelo do jornal L'Auto. É atribuída calculando-se o tempo total gasto por cada corredor, isto é, adicionando-se os tempos de cada etapa. O corredor com o menor tempo é considerado o líder no momento, e, ao final do evento, é declarado o vencedor geral do Tour. O maior vencedor da camisa amarela é Lance Armstrong, tendo terminado 7 vezes com ela, de 1999 a 2005 e que retorna à competição neste ano de 2009.
a camiseta verde ("maillot vert"), atribuída ao primeiro corredor na classificação individual por pontos (sprints). Ao final de cada etapa, ganham-se pontos quando se termina a etapa nos primeiros lugares. O número de pontos depende do tipo de etapa - mais se a etapa for plana, um pouco menos se for intermediária, ainda menos se for de montanha e o mínimo em etapas contra o relógio. Também atribuem-se uns poucos pontos ao corredor que alcança primeiro certos pontos intermediários (as chamadas metas volantes), assim como um bônus em segundos para a contagem da camiseta amarela, mas são geralmente tão poucos que não representam muita coisa no resultado final. No entanto, têm um papel preponderante durante a primeira semana, antes das etapas de montanha, quando os corredores estão relativamente próximos na classificação geral. Erik Zabel (Alemanha) é o corredor que mais vezes terminou o Tour com a camiseta verde, por 6 vezes, todas consecutivas, entre 1996 e 2001.
a camiseta branca com bolas vermelhas ("maillot à pois rouge"), é atribuída ao primeiro corredor na classificação em etapas de montanha; no topo de cada montanha do Tour, atribuem-se pontos aos primeiros a chegar no topo. As subidas são classificadas em categorias de 1 (mais difícil) a 4 (menos difícil) de acordo com seu grau de dificuldade, onde são levados em conta o declive e o comprimento da subida. Uma quinta categoria, chamada categoria especial (HC ou hors catégorie), é reservada às montanhas ainda mais difíceis que as da primeira categoria. O primeiro corredor em uma subida de quarta categoria recebe 5 pontos, enquanto que o primeiro de uma subida categoria especial recebe 40. Enquanto que somente o 2° e o 3°Colocados também ganham pontos em uma subida de quarta categoria, os 15 primeiros em uma subida categoria especial são recompensados com pontos. Apesar de o melhor ciclista em montanha ser distinguido desde 1933, foi somente em 1975 que a camiseta branca com pontos vermelhos foi introduzida para identificá-lo. As cores foram decididas pelo patrocinador da época, Chocolates Poulain, para combinar com um de seus produtos mais populares. Richard Virenque (França) detém o recorde absoluto na montanha, tendo ganho o título de "Rei da Montanha" sete vezes, em 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003 e 2004. Além dele, ganharam o título de "Rei da Montanha" seis vezes: Federico Bahamontes (Espanha) em 1954, 1958, 1959, 1962, 1963, 1964 e Lucien van Impe (Bélgica) em 1971, 1972, 1975, 1977, 1981, 1983.
a camiseta branca ("maillot blanc"): segue os mesmos critérios da camiseta amarela, mas somente disputada por corredores com idade máxima de 25 anos em 31 de dezembro do ano em questão. A categoria, criada em 1975, foi introduzida como forma de reconhecer o desempenho dos ciclistas mais jovens, foi temporariamente extinta em 1998, mas novamente reintroduzida pouco tempo depois. Poucos são os competidores que se podem orgulhar de ter vestido as camisetas amarela e branca no mesmo ano. O francês Laurent Fignon, em 1983, o alemão Jan Ullrich, em 1997, e o espanhol vencedor do Tour de 2007, Alberto Contador são os únicos até agora.
Finalmente, há a classificação por equipes. Para esta classificação, os tempos dos três primeiros corredores de cada equipe são adicionados após cada etapa. O Tour tem atualmente 22 equipes com 9 corredores cada uma (no início), cada equipe patrocinada por uma ou várias empresas. Não há regras específicas quanto à nacionalidade dos corredores de uma mesma equipe, apesar de este ter sido o caso em algumas edições anteriores do Tour.
Finalizando com algumas dicas:
O Tour tem sido disputado anualmente desde 1903, mas foi interrompido durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
Cerca de sessenta ciclistas participaram do primeiro Tour de France. Ele começou em 5 de Julho de 1903 em frente ao café Reveil Matin em Montgeron, na periferia parisiense; era composto por 6 etapas ligando Paris, Lyon, Marselha, Toulouse, Bordéus (Bordeaux) e Nantes. Maurice Garin foi o vencedor deste primeiro Tour de France.
No começo, o Tour era uma corrida de enduro quase contínuo. Os corredores dormiam na beira da estrada e não eram autorizados a receber assistência alguma, mas vários participantes da segunda edição foram excluídos por terem apanhado um trem em parte do percurso. Hoje em dia, o Tour é uma corrida por etapas, isto é, é dividido em etapas diárias. Há veículos de serviço (motocicletas e carros) que fornecem informações, alimento, água, acesso a mecânicos ou até assistência médica. Alguns veículos são "neutros" a todos os corredores pois pertencem à organização, outros são próprios a cada equipe.
A maior parte das etapas são disputadas na França, mas é muito comum algumas etapas serem disputadas em países adjacentes à França, como Itália, Espanha, Suíça, Bélgica, Luxemburgo e Alemanha, e até mesmo em países não adjacentes, como Irlanda, Inglaterra e Países Baixos. As três semanas geralmente incluem dois dias de repouso, que são algumas vezes aproveitados para transportar os corredores quando o final de uma etapa é muito distante do início da etapa seguinte.
Nos últimos anos, a primeira etapa tem sido precedida de uma curta etapa de contra-relógio individual (1 a 15 km), chamada Prólogo ("Le Prologue"), que neste ano será dispiutado no Principado de Mônaco e terá exatos 15,5km. O final tradicional é em Paris, nos Champs-Élysées. Entre essas duas etapas, são disputadas várias outras, incluindo etapas de montanha, contra o relógio individual e por equipe. As etapas restantes são disputadas em terreno relativamente plano. Com a variedade de etapas, os sprinters podem ganhar algumas etapas, mas o vencedor geral final é quase sempre um especialista em etapas de montanhas e contra-relógio.
As Etapas de Montanha
Muitos lugares, e especialmente montanhas, estão freqüentemente presentes no percurso geral do Tour (em praticamente todas as edições), e ganharam relativa fama por isso. As montanhas mais conhecidas são as de "categoria especial" (HC), com picos cuja dificuldade de ascensão está para além de uma categorização normal, e incluem o Col du Tourmalet (Pireneus, 2114 m), Mont Ventoux (Provence, 1909 m), Col du Galibier (Alpes, 2645 m), o Hautacam (Pireneus, 1800 m) e o mítico L'Alpe d'Huez, nos Alpes, com suas famosas 21 curvas, culminando a 1850 m.
De maneira geral, as etapas de montanha, juntamente com as etapas de contra-relógio, decidem o vencedor do Tour de France, já que a diferença de tempo entre os ciclistas costuma ser muito maior nestas que nas etapas em plano.
As Camisetas
Existem diversos prêmios a serem disputados, e a cada prêmio corresponde uma camiseta.
Existe uma ordem de prioridade para as diferentes camisetas de líder:
a camiseta amarela ("maillot jaune"), atribuída ao primeiro corredor em tempo individual na classificação geral, é a de maior prestígio. Foi inventada em 1919, em referência ao papel amarelo do jornal L'Auto. É atribuída calculando-se o tempo total gasto por cada corredor, isto é, adicionando-se os tempos de cada etapa. O corredor com o menor tempo é considerado o líder no momento, e, ao final do evento, é declarado o vencedor geral do Tour. O maior vencedor da camisa amarela é Lance Armstrong, tendo terminado 7 vezes com ela, de 1999 a 2005 e que retorna à competição neste ano de 2009.
a camiseta verde ("maillot vert"), atribuída ao primeiro corredor na classificação individual por pontos (sprints). Ao final de cada etapa, ganham-se pontos quando se termina a etapa nos primeiros lugares. O número de pontos depende do tipo de etapa - mais se a etapa for plana, um pouco menos se for intermediária, ainda menos se for de montanha e o mínimo em etapas contra o relógio. Também atribuem-se uns poucos pontos ao corredor que alcança primeiro certos pontos intermediários (as chamadas metas volantes), assim como um bônus em segundos para a contagem da camiseta amarela, mas são geralmente tão poucos que não representam muita coisa no resultado final. No entanto, têm um papel preponderante durante a primeira semana, antes das etapas de montanha, quando os corredores estão relativamente próximos na classificação geral. Erik Zabel (Alemanha) é o corredor que mais vezes terminou o Tour com a camiseta verde, por 6 vezes, todas consecutivas, entre 1996 e 2001.
a camiseta branca com bolas vermelhas ("maillot à pois rouge"), é atribuída ao primeiro corredor na classificação em etapas de montanha; no topo de cada montanha do Tour, atribuem-se pontos aos primeiros a chegar no topo. As subidas são classificadas em categorias de 1 (mais difícil) a 4 (menos difícil) de acordo com seu grau de dificuldade, onde são levados em conta o declive e o comprimento da subida. Uma quinta categoria, chamada categoria especial (HC ou hors catégorie), é reservada às montanhas ainda mais difíceis que as da primeira categoria. O primeiro corredor em uma subida de quarta categoria recebe 5 pontos, enquanto que o primeiro de uma subida categoria especial recebe 40. Enquanto que somente o 2° e o 3°Colocados também ganham pontos em uma subida de quarta categoria, os 15 primeiros em uma subida categoria especial são recompensados com pontos. Apesar de o melhor ciclista em montanha ser distinguido desde 1933, foi somente em 1975 que a camiseta branca com pontos vermelhos foi introduzida para identificá-lo. As cores foram decididas pelo patrocinador da época, Chocolates Poulain, para combinar com um de seus produtos mais populares. Richard Virenque (França) detém o recorde absoluto na montanha, tendo ganho o título de "Rei da Montanha" sete vezes, em 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003 e 2004. Além dele, ganharam o título de "Rei da Montanha" seis vezes: Federico Bahamontes (Espanha) em 1954, 1958, 1959, 1962, 1963, 1964 e Lucien van Impe (Bélgica) em 1971, 1972, 1975, 1977, 1981, 1983.
a camiseta branca ("maillot blanc"): segue os mesmos critérios da camiseta amarela, mas somente disputada por corredores com idade máxima de 25 anos em 31 de dezembro do ano em questão. A categoria, criada em 1975, foi introduzida como forma de reconhecer o desempenho dos ciclistas mais jovens, foi temporariamente extinta em 1998, mas novamente reintroduzida pouco tempo depois. Poucos são os competidores que se podem orgulhar de ter vestido as camisetas amarela e branca no mesmo ano. O francês Laurent Fignon, em 1983, o alemão Jan Ullrich, em 1997, e o espanhol vencedor do Tour de 2007, Alberto Contador são os únicos até agora.
Finalmente, há a classificação por equipes. Para esta classificação, os tempos dos três primeiros corredores de cada equipe são adicionados após cada etapa. O Tour tem atualmente 22 equipes com 9 corredores cada uma (no início), cada equipe patrocinada por uma ou várias empresas. Não há regras específicas quanto à nacionalidade dos corredores de uma mesma equipe, apesar de este ter sido o caso em algumas edições anteriores do Tour.
Finalizando com algumas dicas:
- Link do YOUTUBE pra vcs terem idéia do percurso deste ano do Tour de France,
- Pra quem quiser ver o TdF pela televisão, a ESPN Brasil transmite ao vivo todas as etapas de prova, bem como a RAi,
- Pra quem quiser acompanhar o Tour de France 2009, segue aqui o link do site oficial: Tour de France 2009 ,
- Meu link no twitter, onde a partir de dia 04/07 farei comentários em tempo real (sempre que possível!) da prova: Twitter do Omar ,
- No meu próximo post em 26/07, farei um resumo do que foi o TdF 2009 com a definição do campeão,
- E por fim, 5 linhas de "jaba" , mas ultimamente tenho usado um programa de Windows Mobile pra atualizar constantemente meu twitter. Ele tem se mostrado prático, leve e eficiente. Como acho que a maioria do pessoal deve acessar o twitter, eu recomendo o twikini da Trinket Software, que tem como grande vantagem ser gratuito e bem simples de instalar. Vai aqui uma tela da demo.
[ ]'s
ps: postei às 0:20hs, mas o blogger marcou como dia 25/06 às 22:00hs, blz? Mas foi no dia 26.
- Pra quem quiser ver o TdF pela televisão, a ESPN Brasil transmite ao vivo todas as etapas de prova, bem como a RAi,
- Pra quem quiser acompanhar o Tour de France 2009, segue aqui o link do site oficial: Tour de France 2009 ,
- Meu link no twitter, onde a partir de dia 04/07 farei comentários em tempo real (sempre que possível!) da prova: Twitter do Omar ,
- No meu próximo post em 26/07, farei um resumo do que foi o TdF 2009 com a definição do campeão,
- E por fim, 5 linhas de "jaba" , mas ultimamente tenho usado um programa de Windows Mobile pra atualizar constantemente meu twitter. Ele tem se mostrado prático, leve e eficiente. Como acho que a maioria do pessoal deve acessar o twitter, eu recomendo o twikini da Trinket Software, que tem como grande vantagem ser gratuito e bem simples de instalar. Vai aqui uma tela da demo.
[ ]'s
ps: postei às 0:20hs, mas o blogger marcou como dia 25/06 às 22:00hs, blz? Mas foi no dia 26.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Não sei.
No meio de tanta informação, twitter, tv a cabo, iphone, celulares, novidades, blogs, crack da bolsa, gripe suína e porcos fosforecentes, é praticamente obrigatório ter uma opinião sobre tudo.
Fim da obrigação do diploma de jornalismo? Tenho que dizer o que penso, mesmo não tendo nada a ver com isso. Sarney acusado de corrupção? Mando lá meus pensamentos. Luxemburgo está decadente? Lá vou eu dar pitaco sobre futebol. Crise da bolsa? Esperem um pouquinho e ouçam já porque manjo muito de economia, mesmo vivendo com o cheque especial no vermelho.
Dizer "Não sei" parece que virou uma afronta, uma ofensa. Com tanta informação disponível, não ter uma opinião é quase burrice. Parece que você não lê, que não está ligado no mundo, que é um alienado de tudo. Será mesmo?
Trabalho com TV e diariamente tenho que aprovar peças audiovisuais. Às vezes tenho minhas dúvidas. Ousei dizer "não sei" uma vez e me fulminaram com o olhar. Como que você, o cara que tem que aprovar, não sabe? Ou gosta ou não gosta! Você não pode não saber. Precisamos da sua opinião.
Vamos parar um pouquinho antes que nos transformemos em pequenos Caetanos Velosos, dando opinião de qualquer coisa, como se tivéssemos um grande conhecimento de causa de tudo que nos rodeia.
Tenha coragem, encha o peito e diga "Não sei"!
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Puberdade da alma
(Puberty - Munch)
Ela dormia com as luzes acesas.
Todas as noites:
A noite toda mantinha a casa inteira iluminada,
Pra não acordar de madrugada e dar de cara com si mesma.
Vestia roupas normais.
E o normal simplesmente não agrada, nem irrita.
Não favorece os olhos,
Nem espanta a alma.
É normal.
E passa...
Sem que ninguém note...
Não era feia, meu Deus!
Juro que não era.
Mas era pior:
Cara de coisa, voz de qualquer um, jeito sem graça.
Não chamava atenção,
Nem pro mal, nem pro bem.
Era conjunto vazio perdido no infinito.
Admirava as belas...
E seus longos saltos altos, bicos finos, decotes em V.
E por pior que seja,
Também gostava das medonhas...
Elas sim, pareciam ter:
Uma razão justa, palpável e compreensível,
Pra toda cara de sofrimento, arranhado no rosto e unhas mal lixadas.
Era pedra bruta, cascalho, pedregulho.
Sabe a pedra pequena?
Que não chega a atrapalhar o caminho, nem entrar no sapato?
Ninguém sabe...
Ninguém vê...
Ninguém nota...
Ela era pedra.
Ela guardava uma caixinha de sonhos
Embaixo do braço, enquanto dormia.
Vez ou outra desgarrava um rebelde...
E adentrava naquela cabeça insossa de menina
(sem corpo de mulher, sem cara de criança)
Ela então acordava sufocada
Pelos próprios desejos,
Pelos impossíveis sonhos.
E voltava a dormir.
Uma noite sonhou que podia ser lagarta.
Que apesar da feiúra intragável do animal,
A hora bendita,
A hora da estrela,
Sua hora e vez,
Iria chegar.
Chegou...
E da lagarta feia e estranha,
Nasceu uma borboleta:
Não-azul, não-desenhada, não-agradável, não-borboleta.
Uma borboleta sem cor:
Comum, fria e sem dó.
(Mayra Massuda - junho/09)
Todas as noites:
A noite toda mantinha a casa inteira iluminada,
Pra não acordar de madrugada e dar de cara com si mesma.
Vestia roupas normais.
E o normal simplesmente não agrada, nem irrita.
Não favorece os olhos,
Nem espanta a alma.
É normal.
E passa...
Sem que ninguém note...
Não era feia, meu Deus!
Juro que não era.
Mas era pior:
Cara de coisa, voz de qualquer um, jeito sem graça.
Não chamava atenção,
Nem pro mal, nem pro bem.
Era conjunto vazio perdido no infinito.
Admirava as belas...
E seus longos saltos altos, bicos finos, decotes em V.
E por pior que seja,
Também gostava das medonhas...
Elas sim, pareciam ter:
Uma razão justa, palpável e compreensível,
Pra toda cara de sofrimento, arranhado no rosto e unhas mal lixadas.
Era pedra bruta, cascalho, pedregulho.
Sabe a pedra pequena?
Que não chega a atrapalhar o caminho, nem entrar no sapato?
Ninguém sabe...
Ninguém vê...
Ninguém nota...
Ela era pedra.
Ela guardava uma caixinha de sonhos
Embaixo do braço, enquanto dormia.
Vez ou outra desgarrava um rebelde...
E adentrava naquela cabeça insossa de menina
(sem corpo de mulher, sem cara de criança)
Ela então acordava sufocada
Pelos próprios desejos,
Pelos impossíveis sonhos.
E voltava a dormir.
Uma noite sonhou que podia ser lagarta.
Que apesar da feiúra intragável do animal,
A hora bendita,
A hora da estrela,
Sua hora e vez,
Iria chegar.
Chegou...
E da lagarta feia e estranha,
Nasceu uma borboleta:
Não-azul, não-desenhada, não-agradável, não-borboleta.
Uma borboleta sem cor:
Comum, fria e sem dó.
(Mayra Massuda - junho/09)
terça-feira, 23 de junho de 2009
Dust in the wind
Todo o dinheiro do mundo
Os piores momentos
Os melhores também
O melhor emprego
A maior humilhação
A esperança perdida
Os sonhos realizados
As torres gêmeas
Esse blog
Eu, você, as pessoas que amamos
Todo o universo
Tudo é poeira ao vento
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Não contrariar - indicação do médico
Todo dia na hora de ir dormir ela toma Torval (valproato sódico + ácido valproico). Um remédio de epiléticos para o tratamento de enxaqueca. Sua neurologista que receitou. Aliás, esta ela visita uma vez por mês por causa do tratamento. Anotar todos os dias que tem crises em um calendário e depois verificar se com os remédios (ou mudanças de) obteve melhoras. No mês de maio foram 13 crises no total, sendo pelo menos seis fortes. Já fez ressonância e não deu nada. Mas ela sente que está doente, porém prefere se manter calada... nada de assustar a família!
Quando as crises são fortes ela toma todo e qualquer remédio para dor de cabeça. Qualquer coisa que contenha cafeína e paracetamol e faça passar a dor. É conhecida na família por “roubar” Tylenol da bolsa da mãe ou da irmã. Coisa feia, mas é para o seu bem.
Agora “inventou” a crise de rouquidão. Desde quinta passada fala com voz falha. Foi ao médico e descobriu que é laringite. Sua mãe disse ser “frescurite”. Tudo para ficar em casa e não ir trabalhar. Apesar das dores de garganta que são curadas com amoxicilina e Bi-profenid (cetoprofeno) não é que deu certo o barato de ficar em casa: ganhou atestado médico para três dias! (pessoas do trabalho que estão lendo: estou realmente ruim...)
Nos dez dias pré-menstruais, cruéis para todos que convivem ao seu redor, ingere uma dose de Diserim (bendroflumetiazida + cloridrato de flufenazina), uma espécie de calmante que elimina os hormônios “estressados” através da urina. Não sai do banheiro o dia inteiro. É xixi pra lá e pra cá e bexiga cheia que resultam em um pequeno estresse causado por sua chatice mesmo. Essa nenhum calmante resolve.
Já “naqueles dias” sofre de muita cólica. MUITA mesmo. Já parou no pronto socorro três vezes para tomar buscopan (butilbrometo de escopolamina) com soro na veia. Depois de consultar a doutora gineco passou a tomar um anti-inflamatório de sarar toda dor que existe no corpo: inicox. Quem sofre disso e ainda não experimentou, experimenta! Mas leia a bula antes...
Este foi um breve relato sobre Marina Zyrianoff, sexo feminino, 20 anos. Recentemente descobriu (sozinha) que é hipocondríaca, e procura seriamente terapeuta que resolva o problema. Alguma indicação?
Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado...
Quando as crises são fortes ela toma todo e qualquer remédio para dor de cabeça. Qualquer coisa que contenha cafeína e paracetamol e faça passar a dor. É conhecida na família por “roubar” Tylenol da bolsa da mãe ou da irmã. Coisa feia, mas é para o seu bem.
Agora “inventou” a crise de rouquidão. Desde quinta passada fala com voz falha. Foi ao médico e descobriu que é laringite. Sua mãe disse ser “frescurite”. Tudo para ficar em casa e não ir trabalhar. Apesar das dores de garganta que são curadas com amoxicilina e Bi-profenid (cetoprofeno) não é que deu certo o barato de ficar em casa: ganhou atestado médico para três dias! (pessoas do trabalho que estão lendo: estou realmente ruim...)
Nos dez dias pré-menstruais, cruéis para todos que convivem ao seu redor, ingere uma dose de Diserim (bendroflumetiazida + cloridrato de flufenazina), uma espécie de calmante que elimina os hormônios “estressados” através da urina. Não sai do banheiro o dia inteiro. É xixi pra lá e pra cá e bexiga cheia que resultam em um pequeno estresse causado por sua chatice mesmo. Essa nenhum calmante resolve.
Já “naqueles dias” sofre de muita cólica. MUITA mesmo. Já parou no pronto socorro três vezes para tomar buscopan (butilbrometo de escopolamina) com soro na veia. Depois de consultar a doutora gineco passou a tomar um anti-inflamatório de sarar toda dor que existe no corpo: inicox. Quem sofre disso e ainda não experimentou, experimenta! Mas leia a bula antes...
Este foi um breve relato sobre Marina Zyrianoff, sexo feminino, 20 anos. Recentemente descobriu (sozinha) que é hipocondríaca, e procura seriamente terapeuta que resolva o problema. Alguma indicação?
Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado...
domingo, 21 de junho de 2009
Exija sua nota fiscal...ou não
Aviso aos navegantes: o texto a seguir não é lindo, não é poético e não é uma homenagem. Na verdade, ele é um tanto quanto segmentado, chato, bobo e tem cabeça de mamão.
Finalmente caiu a lei que tornava obrigatório o diploma para exercer a funçao de jornalista. Sim, sou jornalista, passei quatro anos estudando isso e era a favor da queda. Por quê? Primeiro porque acho ridículo se exigir nível superior para exercer certos cargos no Brasil, país no qual apenas a minoria consegue concluir o 1º grau. É claro que para se tornar um neurocirurgião um indivíduo precisa estudar por muitos e muitos anos, não há o que se discutir nesses casos. Porém, existem diversas profissões que independem de técnicas acadêmicas padronizadas para serem bem desempenhadas. Em diversas áreas de atuação a vocação é o suficiente para formar um bom profissional.
A meu ver, um recibo de conclusão de curso [muitas vezes simplesmente financiado e não realmente merecido] para desempenhar o papel de comunicador é absolutamente desnecessário. A raça humana se comunica desde os primórdios e nunca precisou de certificado para tal. Para ser jornalista, por exemplo, basta ao indivíduo saber escrever, coisa que, felizmente, aprendemos logo no pré [para os que conseguem ingressar na escola] e do feeling em saber discernir o que é importante do que não é. Comunicólogos são pessoas munidas de um senso crítico natural. Senso este que não poderá, jamais, ser adquirido na íntegra apenas pela freqüência em salas de aula que discutem de Marilena Chauí ao jogo da seleção brasileira, enquanto muitos alunos saem mais cedo para não perder o paredão do Big Brother ou mesmo para ir ao bar dar uma calibrada nas idéias.
Aí vem neguinho e diz que desperdiçou dinheiro e tempo estudando. Eu digo: se você acha que acumular conhecimento e trocar experiências, por pior que tenha sido sua faculdade, é desperdício, desculpe, mas com ou sem diploma, você não deve ser um bom profissional. As pessoas deveriam enxergar sua opção de vida não apenas como uma mera forma de sobrevivência financeira e constante disputa no mercado de trabalho, mas como uma forma de realização pessoal, afinal, se sua meta é ganhar dinheiro e pronto, existem vários outros cursos muito mais promissores e lucrativos do que o abordado aqui.
Além disso, é muita utopia acreditar que o fim da obrigatoriedade do diploma vai mudar alguma coisa na dinâmica atual da profissão. Quem aqui, enquanto estudante de jornalismo, não fez como estagiário o mesmo trabalho de um efetivo por um terço do valor? Quem, depois de contratado, não deparou com o título de repórter no registro profissional, que, embora tenha as mesmas responsabilidades básicas de um jornalista, ganha menos e nunca precisou de diploma para trabalhar? Tamanha comoção só mostra o quão desinformadas algumas pessoas estão em relação à lei 972/69 e a insegurança de outras várias. São os jornalista que vivem reclamando da falta de liberdade de expressão vivenciada durante o regime militar, mas esquecem-se [ou nem sabem] que o diploma só se tornou obrigatório nessa mesma época, como mais uma forma de controle da informação por parte do governo.
Pois bem, meu diploma ficou pronto. Bacharel em Comunicação Social. A habilitação em jornalismo fica na parte de trás, em um carimbinho. Agora pergunto: o que faço com ele? Penduro num móbile em cima da minha cama? Porque sério, não é ter esse documento que vai fazer de mim, ou de qualquer outro indivíduo, um bom profissional e essa é uma das poucas certezas que tenho na vida. No entanto, não me arrependo nem por um segundo de ter me endividado para consegui-lo. Gosto do título. Gosto de estar 'academicamente' inserida nesse universo e confesso que escolhi jornalismo porque [peço desculpas antecipadas caso ofenda alguém com a conclusão dessa frase] acho que é a única vertente da comunicação realmente interessante. Pois é, aos jornalistas que andam encanados com a manutenção de seus empregos e com a 'desmoralização' da profissão, preocupem-se em aprimorar seus repertórios. Afinal, agora existe uma razão maior[?] do que o bom senso para não se acomodarem jamais.
***
Finalmente caiu a lei que tornava obrigatório o diploma para exercer a funçao de jornalista. Sim, sou jornalista, passei quatro anos estudando isso e era a favor da queda. Por quê? Primeiro porque acho ridículo se exigir nível superior para exercer certos cargos no Brasil, país no qual apenas a minoria consegue concluir o 1º grau. É claro que para se tornar um neurocirurgião um indivíduo precisa estudar por muitos e muitos anos, não há o que se discutir nesses casos. Porém, existem diversas profissões que independem de técnicas acadêmicas padronizadas para serem bem desempenhadas. Em diversas áreas de atuação a vocação é o suficiente para formar um bom profissional.
A meu ver, um recibo de conclusão de curso [muitas vezes simplesmente financiado e não realmente merecido] para desempenhar o papel de comunicador é absolutamente desnecessário. A raça humana se comunica desde os primórdios e nunca precisou de certificado para tal. Para ser jornalista, por exemplo, basta ao indivíduo saber escrever, coisa que, felizmente, aprendemos logo no pré [para os que conseguem ingressar na escola] e do feeling em saber discernir o que é importante do que não é. Comunicólogos são pessoas munidas de um senso crítico natural. Senso este que não poderá, jamais, ser adquirido na íntegra apenas pela freqüência em salas de aula que discutem de Marilena Chauí ao jogo da seleção brasileira, enquanto muitos alunos saem mais cedo para não perder o paredão do Big Brother ou mesmo para ir ao bar dar uma calibrada nas idéias.
Aí vem neguinho e diz que desperdiçou dinheiro e tempo estudando. Eu digo: se você acha que acumular conhecimento e trocar experiências, por pior que tenha sido sua faculdade, é desperdício, desculpe, mas com ou sem diploma, você não deve ser um bom profissional. As pessoas deveriam enxergar sua opção de vida não apenas como uma mera forma de sobrevivência financeira e constante disputa no mercado de trabalho, mas como uma forma de realização pessoal, afinal, se sua meta é ganhar dinheiro e pronto, existem vários outros cursos muito mais promissores e lucrativos do que o abordado aqui.
Além disso, é muita utopia acreditar que o fim da obrigatoriedade do diploma vai mudar alguma coisa na dinâmica atual da profissão. Quem aqui, enquanto estudante de jornalismo, não fez como estagiário o mesmo trabalho de um efetivo por um terço do valor? Quem, depois de contratado, não deparou com o título de repórter no registro profissional, que, embora tenha as mesmas responsabilidades básicas de um jornalista, ganha menos e nunca precisou de diploma para trabalhar? Tamanha comoção só mostra o quão desinformadas algumas pessoas estão em relação à lei 972/69 e a insegurança de outras várias. São os jornalista que vivem reclamando da falta de liberdade de expressão vivenciada durante o regime militar, mas esquecem-se [ou nem sabem] que o diploma só se tornou obrigatório nessa mesma época, como mais uma forma de controle da informação por parte do governo.
Pois bem, meu diploma ficou pronto. Bacharel em Comunicação Social. A habilitação em jornalismo fica na parte de trás, em um carimbinho. Agora pergunto: o que faço com ele? Penduro num móbile em cima da minha cama? Porque sério, não é ter esse documento que vai fazer de mim, ou de qualquer outro indivíduo, um bom profissional e essa é uma das poucas certezas que tenho na vida. No entanto, não me arrependo nem por um segundo de ter me endividado para consegui-lo. Gosto do título. Gosto de estar 'academicamente' inserida nesse universo e confesso que escolhi jornalismo porque [peço desculpas antecipadas caso ofenda alguém com a conclusão dessa frase] acho que é a única vertente da comunicação realmente interessante. Pois é, aos jornalistas que andam encanados com a manutenção de seus empregos e com a 'desmoralização' da profissão, preocupem-se em aprimorar seus repertórios. Afinal, agora existe uma razão maior[?] do que o bom senso para não se acomodarem jamais.
sábado, 20 de junho de 2009
Valor real X Valor agregado
Minha primeira contribuição aqui. Gostaria que fosse especial, passei dias buscando um tema interessante, um assunto fascinante... cheguei até ao ponte de ter uma insônia nessa noite. Infelizmente o tal assunto não veio, recorri então a observação do dia e do tempo. Lavei meus olhos, busquei lições dos detalhes. Sai.
Quando andava pela rua, escutei um papagaio assoviar o Hino Nacional Brasileiro. A melodia me transportou no tempo e me levou direto ao dia da minha Colação de Grau.
Particularmente, eu não tinha idéia de como era um evento desses e me surpreendi com seu tom um tanto religioso. No final da Colação, minha mãe queria me levar para um restaurante e fomos, com minha família, para um jantar especial comemorar.
Você quer saber o que isso tem a ver com valor agregado? Vamos lá: Quando chegamos ao restaurante, enquanto entrávamos, nosso excelentíssimo senhor ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saia do recinto, acompanhado de sua esposa e uma fila do que imagino seus assessores.
Eu estava a ver aquela fila passar quando ouço uma voz: “Mas quem é essa linda garotinha?”
Volto o olhar para minha filha e vejo nosso Governador dando um beijo em seu rosto, “essa é a Francis”, educadamente respondi. Eu não sabia se o cumprimentava ou não. Não apertei suas mãos, mas olhei fundo nos seus olhos e vi um homem cansado, preso à suas obrigações públicas e ocultas. Tive pena. Ele acenou com a cabeça e retribui seu aceno.
Ele continuou e vi minha mãe cumprimentando-o, então sorri, pois vi algo muito grandioso saindo daquela mulher de modos simples e origem humilde, mas de coração gigante. Ela ria entusiasmada sem saber que, o gigante ali era ela.
José Serra seguiu com sua caravana e minha mãe sentou-se à mesa, ainda empolgada por conhecer uma pessoa famosa, com tanto valor agregado à sua imagem, mas pensei comigo… que valor?
Por essas e outras que não pago 500 reais num tênis, acredito que toda arte tem valor incalculável e, por isso mesmo não deve ser explorada comercialmente e também não peço autógrafos (tudo bem, só uma vez, mas eram os Doors pô!!!).
Estou feliz por, todos os dias, conviver com pessoas de valor real.
Marcadores:
denis rodrigues
Jornalismo e Informação a serviço da saúde e da vida.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Juntando os Bichos
Bom, comecei escrever o Post do blog dos 30. Por enquanto nada me ocorre que valha a pena ser dito a tão ilustre audiência. Vou até a cozinha e faço um café pra ver se alguma coisa desce do cosmos. Olho a pilha de caixotes na sala e dou um suspiro de saco cheio, coço a cabeça e sento aqui de nôvo. Começar o texto com bom é ruim mas é sempre bom, melhor que começar com não.
.
Na varanda minha mulher lê um livro e pergunta, porquê o gênero humano tem que ser representado por homem. O homem evolui a partir de...etc etc. Digo que talvez por ser assim descrito na biblia, que Deus criou o homem e que dai o erro tornou-se parte das caracteristicas historicas da lingua, não me convenço muito e completo, ah, sei la, parte da mediocridade hipocrita do ser humano. Me parece uma boa conclusão pra tudo que não tenho resposta.
.
Passa um pouquinho escuto de novo: – Porque que é: marido e mulher e não homem e mulher, marido e marida... e o que aconteceu com o ladys first? Ah, digo eu, mais um bom exemplo da mediocridade hipocrita do ser humano. Neste momento sinto toda a força da contradição que me impede de ter uma resposta melhor, colocando-me acima desta condição, quase que me exonerando da culpa do genero masculino, do seu descaso, macho branco sempre no poder, a mediocridade hipocrita do ser humano. Levo um café pra me absolver da culpa, silenciosa e anonimamente. Mas de fato, estou preocupado é com os caixotes. Ja mudei tantas vezes que so a idéia me da urticarias. Caregar é um porre.
.
No meio da tarde pessoas e fatos entram e saem de diversos departamentos de minha cabeça. Sobem descem, fazem perguntas, marcam compromissos e datas. Todas as sub-seções estão ocupadas em atividade frenética. O telefone toca a cada 5 minutos. Carregar, mover coisas. Uma dorzinha aqui outra ali. O cérebro entra em estado de alerta nivel 3. Do lado de fora estou tranqüilo olhando o horizonte como numa ilustração do Normam Rockwell, dentro estou a 100 graus de ebulição. Os caixotes ainda estão lá, pesados, sólidos, imutáveis.
.
Pensei no Noé, aquele sujeito que construiu uma 60 pés e encheu de bichos e saiu de banda no meio da chuva. Quem foi que avisou ele mesmo que ia dar merda? Como conseguiu juntar leão cabra e couve no mesmo conteiner? O mundo não era globalizado mas dizem que recebeu um mail dos céus assinado pelo proprio Deus... hum sei lá se eu recebesse um desses deletava pensando que era spam ou virus, mas ele acreditou, mesmo contra a opinião dos webmasters locais que diziam se tratar de um cavalo de troia que comeria vivo o HD do noé. E navegou por 40 dias e noites sem GPS. (Nas referencias que vi, o barco não tinha velas nem remos, suponho que tivesse um motor de centro movido a macacquinhos pedalantes) Não foi atacado pelos piratas do Caribe nem pelos da Somália, não desapareceu no triangulo das Bermudas nem foi parado pela guarda costeira que o tivesse confundido com algum traficante boliviano de lhamas. E chegou, num tal de Monte Ararat, onde abriu as portas do seu mega barco pros bichos descerem e fazerem xixi. Como o resto da humanidade havia se afogado, devo entender que somos todos descendentes dele, Ah o velho Noé, mal aportou em terra firme e lá vinha o 2012.
.
Desmontamos o que construimos e agora temos que construir tudo de novo. ... é assim que se cresce?
Crescemos mesmo que não queiramos. (Resta saber se aprendemos).
.
Esvaziei meu pensamento (alguns minutos dentro do meu cérebro). Agora sim posso escrever o texto do Blog das 30 pessoas, livre das eternas abobrinhas que povoam minha imaginação e falar algo útil. Aqui vai:
.
Lendas da Internet: Cookies Neiman Marcus
.Neiman-Marcus em Dallas, Texas é uma loja de departamentos muito exclusiva e cara nos Estados Unidos. Uma senhora foi ao restaurante desta loja e no final do almoço pediu a sobremesa. A sobremesa, "Neiman-marcus cookie", estava deliciosa e ela perguntou se o restaurante lhe daria a receita. "Não. Não podemos dar a receita. Mas podemos vendê-la!", responde o garçom. "Qual o preço?", perguntou a senhora. "Two fifty". "OK, ponha na conta." A conta é paga com cartão. Dias depois, ao receber o extrato do cartão, ela tomou um mega susto: o restaurante havia cobrado 250 dólares pela receita. Uma fortuna, um absurdo. Insatisfeita, ela foi até o restaurante e reclamou. Sem sucesso.
.
Mesmo contrariada, ela pagou a conta. Para não dormir na pia remoendo o acontecido ela resolveu se vingar do restaurante distribuindo entre os conhecidos uma mensagem contando o incidente e distribuindo a receita. Logo abaixo está a receita pela qual ela pagou U$ 250.
.
Ingredientes:
2 xícaras de manteiga
4 xícaras de farinha de trigo
2 colheres de bicarbonato de sódio
2 xícaras de açúcar
5 xícaras de aveia liquidificada (meça a aveia e depois liquidifique até convertê-la em pó)
24 onças (800 gramas) de raspas de chocolate
2 xícaras de açúcar mascavo
1 colher de sal
1 barra de chocolate de 8 onças (264 gramas) (ralada)
4 ovos
2 colheres de fermento em pó
2 colheres de baunilha
3 xícaras de nozes trituradas (se assim o desejar)
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Preparo:
Bata a manteiga com os dois açúcares até formar um creme.
Adicione os ovos e a baunilha.
Misture com a farinha, a aveia, o sal, o pó de fermento e o bicarbonato.
Agregue as raspas de chocolate, a barra ralada de chocolate e as nozes.
Faça pequenas bolinhas (do tamanho de uma moeda de 50 centavos ligeiramente comprimida.
Elas se expandirão no forno tomando a forma de bolachas) e coloque numa forma separadas 5 cm umas das outras.
Mantenha no forno a 375 graus por 10 minutos.
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Testei. Ficou tão bom que não sobrou nenhum.
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PS.: Desculpe ter postado tão cedo mas é que alem da diferença de fuso horário ainda tenho que juntar os bichos....
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sergio cajado
Sou o que devo ser. Opto ante a opção não antes dela. Creio e crio.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Recado pro dia 02
Queria te falar que nesses dias eu fui atropelado, fiquei preocupado, na obra empoeirado, continuei preocupado, fiz uma entrevista e fiquei no aguardo, nesse meio tempo fui amado, 18:40hs ligaram e estava confirmado, no meio da correria fiquei sabendo que estava endividado, fui costurado, entristeci em pensar no seu atual estado,voltei a ficar preocupado, confirmaram que eu estou empregado, quando a Magali mia na poltrona penso na Jujuba, na Peteca e no Polaco, eu e o tio fechamos o telhado, fiquei bebado os 4 dias do feriado prolongado, e agora às 17:05hs cansado por ter dado uma mão pro tio no trabalho, percebo que estou atrasado pro estágio, mas dá tempo de eu te falar que penso muito em você, e que te amo demais, e que isso é fato, beijo do Dú, seu irmão mais chato.
Trilha sonora Seu pensamento, Adriana Calcanhoto
Trilha sonora Seu pensamento, Adriana Calcanhoto
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eduardo santinon
Ora se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim, dispenso a previsão
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Soluçado
Procura-se um gato que eu sempre jurei ter resquícios de siamês, embora na testa dele e na sua inata capacidade de revirar lixos esteja o decreto: sou vira-lata. Procura-se um gato que, não se sabe como, desapareceu do meu apartamento, do prédio e me deixou com cara de boba, carregando o saco de areia caríssimo (e fechado) que comprei para ele.
Cheguei em casa e pela primeira vez em 16 meses ele não me recebeu. Sumiu, escafedeu-se. Foi incapaz de estar em todos os esconderijos prováveis e até nos impossíveis. A ficha de que meu gato havia sumido, mesmo, caiu aos poucos. Eu sustentei, até um certo momento, a ideia de que ele estava dormindo, hibernando sob minhas cobertas e eu não fui capaz de sacudi-las o suficiente para despertá-lo.
Ele volta, todos me dizem. Já faz mais de 24 horas que notei seu sumiço. E desde então, mesmo estando pouco em casa, senti ardidamente o abandono da minha bola de pelos branca e encardida. Ainda na manhã que o deixei em casa pela última vez ele parecia reclamar da minha saída e da solidão que ele (imagino eu) deveria sentir.
E agora, brinda-me com a sua ausência. Disseram-me que gatos quando estão doentes fogem dos donos, para que eles não os vejam morrendo. Acredito que só uma instintiva vontade muito grande de não me decepcionar o faria pular andares abaixo, rumo à boca cheia de dentes de três cachorros nada amigáveis. Coisa que o seu quê de gato de apartamento cagão nunca o permitiu sequer cogitar fazer.
Recuso-me a rever suas fotos e prefiro imaginar que ele está de férias em um hotel fazenda. De todos os seus sons dos quais eu reclamava, nesse minuto eu daria de um tudo para ouvir. Até ele derrubando as coisas na pia ou tentando escalar a geladeira. Agora, não há mais por que retirar os pães da mesa, não há ninguém que vai tentar comê-los. Não há por que deixar o buquê de flores não alto, não há felinos para devorar as pétalas. Nem é preciso ter pressa para desfazer as malas, não haverá uma surpresa branca e peluda dentro dela.
Nesse momento, no qual eu digito, ele estaria pegando no sono nas minhas pernas e, se as marteladas no teclado ou as gargalhadas fossem altas, ele acordaria e passaria as unhas sobre meu pijama, sobrando uns arranhões para as pernas sob o tecido. Hoje só me sobrou o meu pijama de gatinhos que minha mãe fez pensando no gato. O gato sumido.
Já listei mentalmente todas as hipóteses de onde posso encontrá-lo e em seguida refutei todas. Já cogitei procurar em todos os lugares fora daqui e cada vez tenho a certeza de que ele se foi para não mais voltar. Pode ser que tenha sido levado por alguém e, confesso, essa é a alternativa que mais me dói. É aí que tenho a certeza de que devo chorar, mas me recuso, porque oras, ele pode voltar.
Entendo, salvo as devidas proporções, quando dizem que é melhor saber que a criança está morta do que desaparecida. É difícil fazer as tarefas diárias imaginando que aquele ser pode estar machucado, com fome, com sede, esperando por você. É difícil não poder fazer nada por ele. É difícil perder um ser que você mal sabia como tê-lo. Mas, sobretudo, é difícil ter e perder, mesmo sendo um gato arisco e sem pedigree. E não é preciso ter tido um bichano roçando nas pernas para saber que a falta que faz dói, de um jeito que você sabe que vai passar, mas até lá... ah, até lá...
Da campanha: volta, Polaco, volta.
Cheguei em casa e pela primeira vez em 16 meses ele não me recebeu. Sumiu, escafedeu-se. Foi incapaz de estar em todos os esconderijos prováveis e até nos impossíveis. A ficha de que meu gato havia sumido, mesmo, caiu aos poucos. Eu sustentei, até um certo momento, a ideia de que ele estava dormindo, hibernando sob minhas cobertas e eu não fui capaz de sacudi-las o suficiente para despertá-lo.
Ele volta, todos me dizem. Já faz mais de 24 horas que notei seu sumiço. E desde então, mesmo estando pouco em casa, senti ardidamente o abandono da minha bola de pelos branca e encardida. Ainda na manhã que o deixei em casa pela última vez ele parecia reclamar da minha saída e da solidão que ele (imagino eu) deveria sentir.
E agora, brinda-me com a sua ausência. Disseram-me que gatos quando estão doentes fogem dos donos, para que eles não os vejam morrendo. Acredito que só uma instintiva vontade muito grande de não me decepcionar o faria pular andares abaixo, rumo à boca cheia de dentes de três cachorros nada amigáveis. Coisa que o seu quê de gato de apartamento cagão nunca o permitiu sequer cogitar fazer.
Recuso-me a rever suas fotos e prefiro imaginar que ele está de férias em um hotel fazenda. De todos os seus sons dos quais eu reclamava, nesse minuto eu daria de um tudo para ouvir. Até ele derrubando as coisas na pia ou tentando escalar a geladeira. Agora, não há mais por que retirar os pães da mesa, não há ninguém que vai tentar comê-los. Não há por que deixar o buquê de flores não alto, não há felinos para devorar as pétalas. Nem é preciso ter pressa para desfazer as malas, não haverá uma surpresa branca e peluda dentro dela.
Nesse momento, no qual eu digito, ele estaria pegando no sono nas minhas pernas e, se as marteladas no teclado ou as gargalhadas fossem altas, ele acordaria e passaria as unhas sobre meu pijama, sobrando uns arranhões para as pernas sob o tecido. Hoje só me sobrou o meu pijama de gatinhos que minha mãe fez pensando no gato. O gato sumido.
Já listei mentalmente todas as hipóteses de onde posso encontrá-lo e em seguida refutei todas. Já cogitei procurar em todos os lugares fora daqui e cada vez tenho a certeza de que ele se foi para não mais voltar. Pode ser que tenha sido levado por alguém e, confesso, essa é a alternativa que mais me dói. É aí que tenho a certeza de que devo chorar, mas me recuso, porque oras, ele pode voltar.
Entendo, salvo as devidas proporções, quando dizem que é melhor saber que a criança está morta do que desaparecida. É difícil fazer as tarefas diárias imaginando que aquele ser pode estar machucado, com fome, com sede, esperando por você. É difícil não poder fazer nada por ele. É difícil perder um ser que você mal sabia como tê-lo. Mas, sobretudo, é difícil ter e perder, mesmo sendo um gato arisco e sem pedigree. E não é preciso ter tido um bichano roçando nas pernas para saber que a falta que faz dói, de um jeito que você sabe que vai passar, mas até lá... ah, até lá...
Da campanha: volta, Polaco, volta.
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tatiana lazzarotto
Tenho memórias que são quase, tenho memórias inteiras, tenho memórias que me escapam mente afora.
E-mail: tatilazz@gmail.com
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Um lugar para chamar de lar
A avenida Caminho do Mar fica em São Bernardo do Campo, liga o largo do Rudge Ramos ao Jardim Hollywood.
Prefiro usar esse sentido, diferente ao que a prefeitura convencionou. Pois, vou seguir a minha cronologia.
São aproximadamente 2,4 km, 9 faróis, 2 praças, 2 radares escondidos, 1 clube e o finalzinho uma via que adota a mão inglesa.
Tudo começa no Largo de São João Batista ou para aqueles que são de lá, simplesmente Largo do Rudge. Para aqueles que estudam na Metodista, não adianta, vocês não são de lá. Pois, bem, tudo começou nessa igreja.
O casamento dos meus pais foi no 31/03/79. Bem, eu nasci no dia 13/12/79, prefiro acreditar que fui gerado na lua de mel. Um pouco antes, há a Mercy Discos, foi lá que comecei a me interessar por música, tanto que virei amigo do vendedor, com direito a gravação de coletânea rara de Jorge Ben. Mas isso no foi na loja do Metrópóle.
Subindo a avenida, temos a Praça dos Meninos, as fotos do casamento foram tiradas lá, com gosto duvidoso e foi lá que comecei a anda de bicicleta, lógico que rodinha.
Era uma Ceci Prata, estava na promoção, meu pai era peão da Volks, não deu para ser uma Caloi Cross. Foi adquirida na bicicletaria do Paulo, que basta subir mais um pouco. Um japonês que empregou a família inteira no seu comércio e todos balbuciavam o português.
Em frente a bicicletaria tem o mercado municipal, sempre gostei do pastel, apesar do atendimento não ser primoroso. O cheiro desse mercado sempre me seduziu e sem contar a banca de jornal, lá foi o local que comprei todas as figurinhas do meu único álbum competado (Copa de 90).
Do outro lado da rua, ao lado da bicicletaria do Paulo, sempre teve a UFOSOM, toda vez que passava, sonhava num dia tocar violão, bem, esse sonho permanece.
Continuando a subida, temos o banco Real, que antes era América do Sul e depois Sudameris, local de minha primeira conta bancária. Do outro lado da rua há o clube dos Meninos. A minha família foi sócia dois anos e fomos lá um vez e não me deixaram sentar na mesa de truco.
Na rua acima, a 3 de dezembro, era o hospital e maternidade do Rudge Ramos onde nasci, meu pai foi atendido num pré enfarto, onde fui operado duas vezes de hérnia e tratei as minhas diversas doenças pulmonares.
Subindo mais a avenida tínhamos a loja do carro do "coleguinha" onde comprei o meu primeiro carro e tive que vendê-lo pois não conseguia pagar a dívida. Continuando o trajeto, no outro lado, em cima do auto elétrico do Alemão, foi a minha primeira casa, desconfio que os restos do meu umbigo ainda estejam naquele telhado velho.Já os meus dentes de leite estão no telhado da minha segunda casa na 12 de outubro.
Se descer a Cândido Portinari, temos o Kazue Fuzinaka. Lembro das coisas mais a partir da 5a série, subíamos a Caminho do Mar num grupo de amigos, até a Vila Mussolini, onde os meus pais tinham restaurante. Tímido como sou, tive as minhas paixões platônicas, engraçado, nunca com a gostosona e sempre com as magrelas, com óculos, contudo, tinham sorrisos bonitos. Acho que só fui dar bola as bonitas, depois, na vida adulta.
Falando de Vila Mussolini, nunca morei lá, mas sempre fui do bairro. Verdade que só morei 8 anos no Rudge Ramos e quase 20 em Mauá.
Sim, contudo, não há farsa. Tanto que na Direito SBC me apelidaram de Mussolini. O Nova Coimbra, restaurante que os meus pai tiveram por 23 anos, comigo, quase sempre atrás do balcão, deram-me essa competência de ser um cara do bairro.
Já que estamos no Nova Coimbra, se descermos pouco, tínhamos o Disco que virou Viamar, sobe mais um porquinho tínhamos o Argênzio que virou Bem Barato. Suba, passe a Grob, temos a Fris Moldu Car, o meu primeiro emprego sem o patronato dos meus pais.
Depois da Fris Moldu Car, há a famosa mão inglesa, contudo tenho que falar do lava rápido do português. Conheço o cara desde a minha infância e não sei o seu nome. Sei apenas que torce para a portuguesa e sempre está com o leiaute de lutador de capoeira.
Ainda bem que no lugar da Lins, hoje tem uma concessionária, ela fedia demais, tratavam atum e sardinha. Demorei anos para conseguir comer esses peixes.
Em frente ao Nova Coimbra, vi a morte pela primeira vez aos 11 anos, um rapaz foi atropelado por um Diplomata.
Já na frente do novo Nova Coimbra, sofri o meu primeiro acidente de trânsito, um motoqueiro bateu na traseira do meu Voyage e foi parar no canteiro central.
Continuando na mão inglesa chegamos no Jardim Hollywood, desembocamos na Universal. Sempre íamos jogar contra o pessoal de lá e perdíamos naquela quadra. Nunca fui muito de saltar, mas o morrão era o Oásis para essa prática.
A primeira videolocadora que fiquei sócia ficava lá, lembro-me de sempre alugar comédias. Sempre pensei que ia me casar com alguma moça desse jardim. Talvez, devido aos meus amores platônicos serem dessa região.
Hoje, sobram poucas raízes nessa avenida: a minha dentista e o Alemão que instala som. Mesmo assim, somente lá tenho a sensação de estar em casa.
Prefiro usar esse sentido, diferente ao que a prefeitura convencionou. Pois, vou seguir a minha cronologia.
São aproximadamente 2,4 km, 9 faróis, 2 praças, 2 radares escondidos, 1 clube e o finalzinho uma via que adota a mão inglesa.
Tudo começa no Largo de São João Batista ou para aqueles que são de lá, simplesmente Largo do Rudge. Para aqueles que estudam na Metodista, não adianta, vocês não são de lá. Pois, bem, tudo começou nessa igreja.
O casamento dos meus pais foi no 31/03/79. Bem, eu nasci no dia 13/12/79, prefiro acreditar que fui gerado na lua de mel. Um pouco antes, há a Mercy Discos, foi lá que comecei a me interessar por música, tanto que virei amigo do vendedor, com direito a gravação de coletânea rara de Jorge Ben. Mas isso no foi na loja do Metrópóle.
Subindo a avenida, temos a Praça dos Meninos, as fotos do casamento foram tiradas lá, com gosto duvidoso e foi lá que comecei a anda de bicicleta, lógico que rodinha.
Era uma Ceci Prata, estava na promoção, meu pai era peão da Volks, não deu para ser uma Caloi Cross. Foi adquirida na bicicletaria do Paulo, que basta subir mais um pouco. Um japonês que empregou a família inteira no seu comércio e todos balbuciavam o português.
Em frente a bicicletaria tem o mercado municipal, sempre gostei do pastel, apesar do atendimento não ser primoroso. O cheiro desse mercado sempre me seduziu e sem contar a banca de jornal, lá foi o local que comprei todas as figurinhas do meu único álbum competado (Copa de 90).
Do outro lado da rua, ao lado da bicicletaria do Paulo, sempre teve a UFOSOM, toda vez que passava, sonhava num dia tocar violão, bem, esse sonho permanece.
Continuando a subida, temos o banco Real, que antes era América do Sul e depois Sudameris, local de minha primeira conta bancária. Do outro lado da rua há o clube dos Meninos. A minha família foi sócia dois anos e fomos lá um vez e não me deixaram sentar na mesa de truco.
Na rua acima, a 3 de dezembro, era o hospital e maternidade do Rudge Ramos onde nasci, meu pai foi atendido num pré enfarto, onde fui operado duas vezes de hérnia e tratei as minhas diversas doenças pulmonares.
Subindo mais a avenida tínhamos a loja do carro do "coleguinha" onde comprei o meu primeiro carro e tive que vendê-lo pois não conseguia pagar a dívida. Continuando o trajeto, no outro lado, em cima do auto elétrico do Alemão, foi a minha primeira casa, desconfio que os restos do meu umbigo ainda estejam naquele telhado velho.Já os meus dentes de leite estão no telhado da minha segunda casa na 12 de outubro.
Se descer a Cândido Portinari, temos o Kazue Fuzinaka. Lembro das coisas mais a partir da 5a série, subíamos a Caminho do Mar num grupo de amigos, até a Vila Mussolini, onde os meus pais tinham restaurante. Tímido como sou, tive as minhas paixões platônicas, engraçado, nunca com a gostosona e sempre com as magrelas, com óculos, contudo, tinham sorrisos bonitos. Acho que só fui dar bola as bonitas, depois, na vida adulta.
Falando de Vila Mussolini, nunca morei lá, mas sempre fui do bairro. Verdade que só morei 8 anos no Rudge Ramos e quase 20 em Mauá.
Sim, contudo, não há farsa. Tanto que na Direito SBC me apelidaram de Mussolini. O Nova Coimbra, restaurante que os meus pai tiveram por 23 anos, comigo, quase sempre atrás do balcão, deram-me essa competência de ser um cara do bairro.
Já que estamos no Nova Coimbra, se descermos pouco, tínhamos o Disco que virou Viamar, sobe mais um porquinho tínhamos o Argênzio que virou Bem Barato. Suba, passe a Grob, temos a Fris Moldu Car, o meu primeiro emprego sem o patronato dos meus pais.
Depois da Fris Moldu Car, há a famosa mão inglesa, contudo tenho que falar do lava rápido do português. Conheço o cara desde a minha infância e não sei o seu nome. Sei apenas que torce para a portuguesa e sempre está com o leiaute de lutador de capoeira.
Ainda bem que no lugar da Lins, hoje tem uma concessionária, ela fedia demais, tratavam atum e sardinha. Demorei anos para conseguir comer esses peixes.
Em frente ao Nova Coimbra, vi a morte pela primeira vez aos 11 anos, um rapaz foi atropelado por um Diplomata.
Já na frente do novo Nova Coimbra, sofri o meu primeiro acidente de trânsito, um motoqueiro bateu na traseira do meu Voyage e foi parar no canteiro central.
Continuando na mão inglesa chegamos no Jardim Hollywood, desembocamos na Universal. Sempre íamos jogar contra o pessoal de lá e perdíamos naquela quadra. Nunca fui muito de saltar, mas o morrão era o Oásis para essa prática.
A primeira videolocadora que fiquei sócia ficava lá, lembro-me de sempre alugar comédias. Sempre pensei que ia me casar com alguma moça desse jardim. Talvez, devido aos meus amores platônicos serem dessa região.
Hoje, sobram poucas raízes nessa avenida: a minha dentista e o Alemão que instala som. Mesmo assim, somente lá tenho a sensação de estar em casa.
Vezdavoz
I
há
som
na
margem
do sentido:
a
vida
por
dentro
do grito.
II
todo
começo
é meio
todo
fim
é meio
todo
meio
é voz:
soa
por si.
III
dos
restos
de silêncios
sobra
sempre
uma
vaga
certeza
de que
tudo
nunca
foi dito.
IV
a
partitura
da fala
não
se resume
à letra.
saber
ouvir
o escrito
fazer
cantar
o sentido
querer
dizer
o não-dito.
V
palavras
ecos
e nadas...
pranto:
silêncio
em pó
na página
em branco.
VI
o som
da sina
sobrevoa
os signos
silenciosos.
sentencia
a sorte
de todos
nós:
a voz
da palavra
viva
a vez
da palavra
voz.
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