sábado, 30 de março de 2013

É a chuva chovendo, é conversa ribeira

Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada
Do outono, quando a terra, em sede requeimada,
Bebera longamente as águas da estação...

O Caçador de Esmeraldas
Olavo Bilac


"É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo”

J.B. de Carvalho, do Conjunto Tupi


É muito provável que parte dela saiu dessas duas referências que cito acima, seu primeiro rascunho foi feito em um papel de embrulho de pão, foi lançada em 1972 pelo jornal O Pasquim, em uma sacada genial com o projeto “Disco de Bolso” onde o Lado A era reservado para um cantor consagrado, e o Lado B destinado a um estreante, que no caso era um tal de João Bosco.

Esta foi a primeira versão da música:

 
 

Depois dessa ai você já sabe né?




Até logo Março

Abraço
Jeff

sexta-feira, 29 de março de 2013

recado:


postado na quinta-feira à noite. não sei o que aconteceu virou rascunho. mais um de tantos desastres, só para variar ou ações malignas do inferno para que o recado não fosse postado? eis a questão, a eterna dúvida cruel, ficará no oculto, sem tempo e vida para desvendar. já que o recado virou rascunho, e não foi minha culpa, juro! vai hoje mesmo, com atraso aí de três dias. ressalto que este recado é baseado na comissão de verdades e mentiras e se sobrar, direito, espalhado jogado em qualquer canto. não leve a sério, mas se levar, ajude na campanha ok. desde uma certa entrevista, para certa apresentadora, de um certo também pastor, tenho me contido em comentar a tremenda ascensão (em números de fiéis pelo brasil e em números de cadeiras na câmara) em todos os espaços. desta entrevista, para a boa intenção da rede grobo na sexta-feira em responder a pergunta: o que é ser cristão? com direito a dois lados, para católicos e evangélicos. achei lindo e quase caiu uma lágrima de tanta emoção, se não fossem interesses políticos e econômicos em jogo. segundo pesquisas cresce a classe média e com ela números de adeptos ao cristianismo, alguma semelhança, acaso, ou resposta divina para alguns. isto explica por exemplo encontros de peso entre líderes de certas cadeiras na igreja e câmara com membros da cúpula da plin plin, em por exemplo requerer, não mentira, na verdade cutucadas  para que em telenovelas apareçam mais personagens evangélicas, modernas, com pernas depiladas (e sovacos também) com posição social elevada, que tal como personagem principal? estranho é que no meu tempo, televisão era coisa do satanás, de gente desocupada que não tinha o que fazer, melhor era buscar a deus. revisto alguns conceitos, outros tempos,  agora o novo testamento, outra leitura além do velho testamento e erro de interpretação, agora podemos assistir televisão e olha só até exigimos papéis em novelas. que coisa não? vai além, grandes gravadoras nos querem e com isto bomba shows  em casas de pesos, em estádios, mas óbvio isto nada tem a ver com o mercado que muda seu foco, conforme o consumo. é mais ou menos assim, como david disse, o capital não resolve o problema, ele apenas o desloca, ou seja, sirvo o público que atende a demanda, onde há demanda, ali está a atenção, quando isto decair, como vem acontecendo com católicos, mudamos o foco. longe de qualquer comparação, nada a ver também com a guerra entre rede record, quer dizer universal e o reino do dinheiro com a soberania do império das comunicações. sonhei com isto, e estou aqui descrevendo, é fruto de uma desviada, sem fé, com família problemática. daria para escrever um livro sobre a crescente elevação da igreja, limitada a falar da evangélica, por ver o caminho tortuoso de encontro com a riqueza apenas de líderes e bem pouco de membros para quem sabe daqui 30 ou 50 anos o desvendar do equívoco, como outrora fora a televisão. o pior, julgar, achar  que o capital é agora a resposta de deus para consumidores evangélicos, que vivem para o trabalho, para o consumo, para a servidão. consumidora assumida da editora do senhor que concedeu entrevista a certa apresentadora loira, que diga-se falou e disse, gostaria de saber a quantas anda o processo? assunto para outro vinte e nove da pecadora aqui. agora a urgência de comentar declarações sinistras e vergonhas nas últimas semanas, em especial  hoje. não sei o que assusta, se a falta de preparo do senhor em ocupar este cargo, se a falta de bom senso do partido em repensar posições e reputação e portanto ser mais articulado em ter algum ser humano que substitua outro ou se o despreparo de quem o elegeu, daí é ficar triste e preocupada em saber que uma vez manipulado, sempre será, para servir a quem diz se importar com a sua opinião, num único dia, única vez, único mês (de outubro), uma vez na semana, em um único toque no domingo e trilím trilím lá se foi a sua única chance de votar em alguém que pelo menos tenha a velha e boa vontade com seu voto, de confiança? dizem que maldito é o homem que confia noutro homem, é creio ser a pura verdade. dizem também que o voto tem poder, mas tenho minhas dúvidas, se existem critérios, quer dizer exigem dinheiro para se candidatar, uma vez que não há verba pública em campanhas, é aceito apenas dinheiro advindo de doações, mas só se for de construtoras ou de empresas vindas do além, menos verba pública portanto democrático o processo não é? basta se filiar a qualquer partido,ter pelo menos uns 10 anos de militância ou ser bem conhecido, pode ser cantor, apresentador, palhaço, corajoso ou pastor mesmo, tanto faz, qualquer um pode, assim fica garantida a democracia, mas desde que alguém te financie, pode ser os fiéis, ou o dízimo mesmo. aliás tenho que retificar algo que até ano passado julgava errado, cantores apoiarem candidaturas, o fiz quando critiquei chico buarque por apoiar uma campanha, se a direita o faz, a esquerda dividida deve se armar de igual ou maior força. conclusão depois de (re)pensar com meus botões, assumo o erro, baseada em várias leituras e observações de fatos, requer toda e qualquer articulação para eleger quem de fato está capacitado e cheio da boa vontade em defender direitos, humanos. o leque, de tão restrito, não permite pessoas politizadas e de caráter que comprometidas são com os direitos humanos de se candidatarem, falo isto, por ir a palestras, eventos e ver pessoas que ocupariam com excelência cargos, atestando a confiança do voto, mas que oportunidade não tem.  dizem que não há verba pública, é verdade, a verba é apenas para os caixas dois. que muitos arrotaram por aí, que só existira no governo lulista, ops é petista, engraçado que noutros governos privatizaram o país quase todo e o caixa dois só foi criado em 2000 e tralálá, mas pode ser mentira, contam tantas por aí não? como o calheiros ser [re]eleito presidente? esta mentira acaba com a minha alma! mas como sou pecadora, e o céu anda lotado, com lugar garantido apenas para gente santa dizendo verdades por aí , pouco importa se me mata ou não. o mundo está perdido, então bora salvar pelo menos a consciência do dia, a minha neste caso,  por não me deixar dormir, deus sempre disse que existe um plano prá vida e por isso devo a Ele e somente a Ele qualquer satisfação, explicação de toda ação durante toda vida. sou católica me assumia assim, com oito anos, ia para igreja, rezar, ia a missa e carregava minha mãe, talvez, por ser criança e ser atormentada desde muito cedo com a bendita dúvida: "mãe quando a gente morre vai prá onde?" e ser calada com "deixa de ser besta menina, pergunta mais sem cabimento!" e eu com cara de ? e até agora com cara de ? compreendi que ela não poderia responder diferente, e se moscar se tiver um filho talvez eu responda da mesma forma. a jornada é longa, de católica para isotérica, depois espírita, depois nada, conhecendo umbanda, depois nada, depois cristã, daí é pensar enes igrejas, várias mesmo, para chegar o hoje sem a certeza da resposta e sem ser nada, oficialmente, apenas um ser humano que deposita sua fé em deus, é estudante de serviço social (ainda, ai dívida, ai tcc, ai estágio, só por deus!) que não reconheci atual reitora da universidade é simpatizante da obra de marx, gosta de anarquistas, e ser humano que sabe respeitar. a cada alimento lido, a cada vivência adquirindo oportunidades em alterar, acrescentar, jamais diminuir. tenho acompanhado declarações do senhor marco feliciano, tenho que tratá-lo assim, no maior respeito do mundo, pois quero que me trate da mesma forma, de senhora, não filha do dêmo por não concordar com sandices que anda dizendo, pela falta de desconfiômetro em não se apropriar do mínimo necessário para saber o que  é direitos humanos para presidir a comissão e quem sabe, sonhando alto, bem alto, muito alto matar de orgulho em ter um cristão a frente de cargos de destaque. deveria também se apropriar da ética e saber que defender direitos não ofende a sua fé. ler quem sabe marx ou a bíblia mesmo e saber que jesus não acumulou riquezas enquanto esteve por aqui. mas é obvio que um filho de deus deve andar entre "reis" e desfrutar do bem desta terra, pense desta forma quando mencionar algo do comunismo/socialismo ou parte da sigla do seu partido pSOCIALc , não se trata de socializar a pobreza, mas a riqueza entre todos, recursos naturais, direitos de acessos, caixas dois, licitações de construtoras que se transformaram em doações, absolutamente o todo partilhado entre todos igualmente, não tem nada a ver com o demônio, sinto decepcioná-lo ao dizer esta verdade, que pode ser uma mentira não é? não se trata de tomar casa de pobre, de invadir cdhu, ou a minha casa minha dívida conquistado a duras burocracias e por aí desci a ladeira e para compreender é preciso ler, ouvir, reler, escutar e ler outra vez e assim sucessivamente. não compartilho destas declarações senhor, não confunda falta de argumento com ignorância e pior não junte os dois que vira isso aí. quem preside uma comissão de direitos da minoria jamais poderá ser contra ela. não perdure na arrogância, pelo amor de deus, de ocupar o cargo mesmo depois de tantas manifestações. não bastasse a declaração sobre a África, negros, pitbull, homossexuais, direitos da mulher, agora mais esta, todo o antes era amaldiçoado, endemoniado? menos o senhor que vítima se diz ser? que sequer têm a humildade de assumir os erros, o que foi àquilo sobre o comunismo? se tivesse temor, saberia que o fato de muitos cancelarem eventos se trata da não representação, de não concordar com o que vêm sendo dito, mas isto, é demais aceitar. é humilhação admitir erros? o pior é o partido do senhor ignorar a quantidade de manifestação e ainda por cima, querer que os assuntos sejam tratados a portas fechadas, sendo negado ao bando de baderneiros (movimentos sociais que se manifestaram na câmara) o direito de ser ouvido.
se sabemos gritar? é óbvio senhor, aí vai um dos tantos, o meu GRITO:

MARCO FELICIANO NÃO ME REPRESENTA!!!

já que tantas vozes humanas não servem e milhares de gritos não são o bastante,
então fica com o ET, talvez o senhor ouça:

quarta-feira, 27 de março de 2013

Gregor Samsa na cozinha

Fui tomar um copo d´água e me deparei com um Gregor Samsa no chão da cozinha. O bichinho monstruoso estava ali movimentando ligeiramente as inúmeras patinhas e as antenas longas como que conhecendo o ambiente. Levei um susto e imediatamente saí do meu estado sonolento porque não é comum aparecer tal ser por aqui – a não ser no livro do Franz Kafka. De onde será que ele saiu? Quais os caminhos que percorreu? Será que transitou pela minha xícara? Não quis nem imaginar. Conferi se a minha amiga que mora comigo estava realmente dormindo em seu quarto, afinal, depois de ler “A metamorfose” nunca se sabe, não é? Ufa! Ela estava lá em seu sono tranquilo. Então, tratei de pegar a vassoura para me livrar do intruso. Depois de persegui-lo pela cozinha e dar muitas vassouradas, consegui apenas atingi-lo de leve na parte posterior, quebrando algumas patinhas e imobilizando-o. Fui dar os golpes fatais, mas me dei conta que era madrugada e a vizinha de baixo não iria gostar nadinha da barulheira que eu estava fazendo. Não posso esmagá-lo com o chinelo, pois definitivamente eu não suporto o barulho do clac seguido da gosma branca, não adianta, eu não consigo. Fui até a área de serviço, não encontrei veneno, mas avistei o recipiente de água sanitária. Experiência química, por que não? Despejei um pouco sobre o inseto asqueroso imaginando que seria uma intoxicação total. Enganei-me. Mesmo sem as patinhas de trás ele fugiu velozmente da poça, indo parar mais adiante, cansado. Vi o vinagre na prateleira de temperos. Vinagre é ácido! Mais uma vez despejei a substância sobre o bichinho e ao contrário do que eu imaginei, ele se deleitou no líquido, afogando-se, embriagando-se, perdendo sua potência vital aos poucos. Olhei para ele por alguns instantes e de repente estava me sentindo como a personagem do livro “A paixão segundo G.H.”, de Clarice Lispector. G.H. também massacra um ser asqueroso assim e em seguida começa com seus existencialismos. Antes que eu me entregasse completamente aos meus existencialismos, lembrei-me daquela cena reveladora em que a personagem come o isento. Argh! O que a literatura faz! Fiquei observando o fim daquele sujeito – porque naquela altura ele já era um sujeito – virado com as patinhas que sobraram para cima. As antenas ainda se mexiam lentamente até que senti que acabara. Peguei a pá, a vassoura e segui para a lixeira. Ao colocá-lo na cova vi que ainda estava vivo! Senti o paradoxo de ser por um lado, a torturadora, e por outro, a torturada por aquela sobrevivência que estava me cansando. Completamente desiludida, peguei uma colher de sal e despejei sobre ele. Admito: minhas técnicas de tortura são as piores. O bicho ainda gozou o sabor da substância, lambia as patinhas. Sou uma covarde mesmo, por que não deixei o bicho horroroso vivo? Ou então, por que não o matei de uma vez? Optei pela forma mais dolorosa – e mais culinária – possível e o inseto ficou ali por minutos na sua morte lenta e saborosa. Enfim, morreu. Altas horas da madrugada, o meu sono morreu faz tempo. Tudo por causa de um ser resistente, tudo por causa de Kafka e de Lispector! Acho mesmo que só as baratas sobreviverão ao absurdo do mundo. Vou dormir as poucas horas que me restam e espero que pela manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, não dê por mim na cama transformada num gigantesco inseto.

segunda-feira, 25 de março de 2013

A (minha) crise dos 30 anos.


2012 foi um ano peculiar. O Corinthians venceu a tão sonhada e inédita Copa Libertadores, o mundo não acabou como muitos apostavam e até o Oscar Niemeyer cansou dessa vida e resolveu dar risada com a gracinha da Hebe Camargo no andar de cima. Nada me assombrava até lembrar que 2012 era o ano que eu daria tchau aos vinte e poucos anos. Feliz? Não, tudo o que eu pensava era na clássica cena de Joey do Friends.

Lááááá na década de 90 quando a casa dos trinta parecia bem longe, eu planejava um milhão e meio de coisas. Trinta anos era sinal de velhice, desfilar de salto alto, estar formada, com um ótimo emprego, casada e com um filho pequeno para a alegria das minhas avós. Pra que se preocupar agora? Tempo eu tinha. 

Entrei na casa dos vinte "curtindo a vida adoidado" com medo de não dar conta da década que seria A DÉCADA na minha vida. Esse negócio de casar e ter filhos ficou pra depois. Os planos eram outros, viajar, sair, apaixonar como se não houvesse amanhã, tudo para que na virada da década, eu pudesse viajar até a India, cuidando do meu lado espiritual e de alguma forma, recompondo-me de todas as merdas que ainda faria (sim, eu pensei em fazer inúmeras besteiras também). 

Chegou o dia. E por que raios, nasci prematura? Cadê os dois meses a mais de 29 anos? Hora de jogar os cremes "25 a 29 anos" fora. Meu bem, encare o fato que agora você compra cremes "30 a 34 anos". Nada de dormir de maquiagem na cara. Sua pele está envelhecendo e você também. Desapontei minhas avós e minha mãe sem casório, sem noivo, sem namorado sério. Desapontei meu avô sem um diploma pendurado na parede. Tinha chegado o dia e eu estava sem emprego há menos de uma semana, sem a passagem para a India e qualquer perspectiva para o próximo mês.

Cara, para tristeza de alguns, trinta anos é libertador. Uma sensação de "posso fazer qualquer coisa". Tchau, pensamento desesperador do "ai meu Deus, fiz nada da minha vida ainda". Mais velha, mais um pouco de queda de cabelo, peito, pele e mais um pouco de sabedoria também. Posso dormir com os caras que quiser, sem a insegurança da menina de 20 anos (mas com a insegurança da moça de 30 anos, com licença). Há tempo de mudar o curso da faculdade, procurar um emprego em uma nova área, tentar algo diferente. 

O mundo grita que os 30 são os novos 20 e o que eu faço com isso? Acredito. Sabe aqueles planos que eu fiz na década de 90 para os trinta? Fica pra 2022 na comemoração dos 40, os novos trinta.



domingo, 24 de março de 2013

Um passo pra frente, dois pra trás

Vamos, por um instante, subir na máquina do tempo. Ou escorregar por ela. Sempre disseram que o tempo é fluido, que ele escapa pelos dedos. Vamos nos deslocar pelo tempo. Pois bem. Eis uma família almoçando. Seria uma família do futuro mas, como estamos aqui, ela é do presente. Do presente do futuro, no caso. Tempos verbais sempre me incomodaram. Enfim. 

Uma discussão acalorada. Parece o domingo na minha casa. Rá rá. Não, esperem. Olhem de novo. Todos estão falando sem parar, mas cada um está tratando de um assunto diferente. Eles não estão conversando entre si. Parece ainda mais um almoço lá em casa. Olhem, olhem. Estão usando dispositivos de comunicação remota. Quase como o, aquele óculos lá. É, mas mais avançados. Imagens projetadas na frente de seus rostos. Até o cachorro tem uma. E está rosnando pra outro cachorro, pra ver quem é o macho mais macho, acho. Curioso, curioso. Tomem nota de tudo.

Olhem a idosa na cadeira flutuante. Olhem só. Ela parece estar tendo algum problema sério de saúde. Não, não podemos interferir. Se mudarmos alguma coisa no nosso futuro não vai afetar em nada o continuum do espaço-tempo, mas eu soube que isso fará um estrago de 1.21 gigawatts no orçamento do Instituto. Algo a ver com direitos autorais. Ah, fiquem tranquilos. As definições de vírus foram atualizados e a vovó está bem de novo. Percebam que ela deve ter em torno de 130 anos. Meus estudos indicam que as pessoas criaram meios de viverem mais para terminarem todas as fases do Angry Brids. Os avanços da Medicina sempre me emocionam. 

O que parece o filho mais velho resmungou alguma coisa e saiu, apressado. A pessoa na tela dele estava começando a tirar a roupa. Pena, pena. Poderíamos ter visto os rituais de acasalamento (e-acasalamento?) dessa nova sociedade. Ele retirou uma luva virtual da gaveta antes de ir para o quarto. 

Outro fato interessante, percebam, é que os dois pais estão conversando com os amantes bem ali, na mesa do almoço. Neste momento da sociedade, os amantes estão inseridos no dia a dia das famílias, chegando às vezes a fazerem parte de duas ou três ao mesmo tempo. A esposa está discutindo com a amante do marido, algo sobre não poder projetar sua imagem 5D pela casa sem roupa. Isso, 5D. 4D eram as experiências sensoriais, 5D refere-se aos traumas causados nas mentes das pessoas e na queda das notas do filho mais velho, devido à visão da amante do pai sem roupa. Enquanto isso, o pai e o amante da esposa discutem quais lugares vão comprar para o campeonato de vale tudo mesmo galático. O campeão panmundial do ano passado costuma usar membros de membros da plateia para golpear o adversário e, embora seja um show e tanto, o marido vai precisar estar inteiro para trabalhar no dia seguinte. Ah, o progresso. 

sábado, 23 de março de 2013

RIP Draco

Fevereiro levou um grande amigo,
Um loirinho esperto,  alegre, carinhoso, carente e chorão.
Ele adorava colo, caixa de pizza, rasgar lençol e comer papel higiênico, pen drive e moldura de quadros. Tem sinais dos seus dentinhos pela casa toda. 
Lembro da sua boca sempre machucada por isso,
Lembro de quando o prendi no armário por um dia todo... e ele saiu no final do dia me amando como se nada tivesse acontecido..
Como ele se desesperou quando a Amelie fugiu por 5 minutos.
Lembro da carinha e do andar bêbado de sono que vinha me receber todos os dias quando eu chegava do trabalho,
Dele doido com o mouse na televisão, e de como ele adorava assistir futebol...
Alucinado com laser point e com mosquitos.
Brincando de esconde-esconde, cobrindo apenas a cabeça (ele era o pior jogador de esconde-esconde do mundo)... 
Se aconchegando no meu colo quando eu estava no computador, da minha perna gangrenar e eu não querer mexer para não incomodá-lo.
Me acordando às 6:00 no sábado e domingo.. 
Me acompanhando de cima do box durante o banho, ou brincando com a espuma pelo vidro. 
Da loucura por uma bolinha de papel, do seu brinquedo preferido (um peteca), da massagem que ele fazia pisando nas minhas costas e finalmente dormindo na minha bunda..
Eu penso em você todos os dias, Draco.
Sinto muito por você ter partido tão cedo,
Sinto tanto a sua falta,

sexta-feira, 22 de março de 2013

Jukebox


Clique em qualquer palavra deste post e o desfrutará mais plenamente
(in Manual do leitor de posts obscuros, 3ª edição)



quinta-feira, 21 de março de 2013

Sem saber o por quê...

Acordou.
O sol já estava alto.

Nem levantou, já esboçou um sorriso, pensando que naquele dia haveria de vê-la!

Ela, que era a sua inspiração para escrever. Por ela, arriscava vez ou outra um verso aqui, outro ali.
Só não estava tão tranquilo pois não a via desde três dias atrás.

De repente, parece que as felizes coincidências não mais aconteciam.
Os telefonemas também cessaram. 
E até as mensagens inbox no Facebook diminuíram.

Foi alertado. Falaram pra ele. Mas não quis acreditar.
Acreditar que alguém é riscado do mapa com tamanha facilidade por outra pessoa era demais para ele.

Sua esperança era que, naquele dia, no mesmo horário e lugar, a veria, com aqueles cabelos esvoaçantes, aquele sorriso e olhar que lhe eram peculiares!

Tirou aquele dia para ele mesmo. Sim, tinha de se arrumar!

Colônia nova, roupa também, lá foi ele!
Lembranças daquele mesmo lugar pipocavam em sua mente. Risos, frases soltas, gostosas e com desprendimento.

Não!

Ela não poderia tê-lo esquecido assim, tão facilmente.



"Ela vai aparecer!"

Olhou o relógio. Faltava pouco.
Um bando de crianças barulhentas de repente tirou sua atenção. Deviam ter saído da escola àquela hora. Um mal estar leve e repentino tomou conta do seu organismo, mas estava tudo bem. Era a irritação típica daquele horário da tarde.

De repente, desponta na avenida o ônibus onde sua amada iria aparecer. No qual deveria estar!

Seu coração foi a mil! Sim! Lá estava o motivo do seu sorriso nos últimos meses!

"Ela está lá! Tem de estar!"

Mas não estava.

As pessoas desceram, tomaram seus respectivos rumos, e ele ali, com o buquê nas mãos.
Disfarçou, assoviou uma música qualquer, olhou no relógio mais uma vez, agora para disfarçar. E constatou: ela não vinha mesmo.

Tomou o rumo de casa.

Olhou os bilhetes. Releu as conversas salvas no MSN e na rede do Zuckerberg.
Nenhum indício de que ele a fizera infeliz ou incompleta.

Onde andaria a menina dos seus sonhos?

Todas as recordações agora vinham com força total.
Momentos ternos de carinho, intimidade e amizade, de onde brotou nele aquele amor!
E pensava ele, que com ela havia sido assim também.

Ligou pra umas duas ou três pessoas (amigos/as em comum) para saber se sabiam do paradeiro dela. Nada.

Mandou mensagem. Telefonou. Nada.

Resolveu ir na casa dela.

Alguma coisa de muito grave deveria ter acontecido. Só podia.

Pegou a blusa (a noite prometia ser mais fria do que aparentava), e lá foi nosso herói.

No celular, as músicas dos dois! Amavam Gun's!

Certa noite, estavam os dois deitados sob a luz do luar, cada um com um fone, e a música tocava. Eram entrelaçados pelos acordes dos solos de guitarra do Slash.

Subitamente, uma risada chama sua atenção.
Era ela! Era ela!
Mas espera... Ela não estava sozinha. 

- Oi!
- Oi!
- Tudo bem?
- Tudo ótimo!

Esperou um "e você?", que não veio.

- Recebeu minhas mensagens?
- Recebi!
- Ah tá! Achei que não tivesse recebido!
- Recebi sim! Ia responder mais tarde!

Mas algo nela o fez acreditar que ela não o faria.
Tinha alguma coisa diferente no jeito dela de olhar, de se portar... De sorrir...

- Mas tá bom então. Até mais tarde!
- Até!

E lá ela ficou, envolta daquelas pessoas que ele nunca havia visto na vida.
Seriam novas amizades? Mas por que ela nunca havia mencionada nada sobre eles?
Afinal... Eram tão íntimos...

...

Nos dias que se seguiram, ele ainda tentou contato por mais um ou dois dias. Sem sucesso.
Parecia que o que diziam era verdade. "O futuro não era mais como antigamente."

Sentia-se deslocado. Da água pro vinho, a situação mudou.
E ele nem sabia o por quê.

Sofreu. Chorou. Estava difícil, mas sabia que tinha de prosseguir.
Resolveu que buscaria forças de onde nem mais encontrava para superar aquela solidão vazia que insistia em tomar conta de sua alma.

Saía com os amigos (que faziam de tudo para dar força pra ele). 
Fingia estar se divertindo aos montes.
Mas era claro como o dia, às pessoas que o conheciam tão bem, que não vinha sendo bem assim.

Passava noites em claro, ouvindo as músicas que um dia dançaram.
Lembrava. Pensava...

Até quando?

Não sabia.

Sabia apenas que um dia conseguiria.

Mais cedo ou mais tarde, outra estrela brilharia no seu céu.

Restava esperar.


quarta-feira, 20 de março de 2013

Cale-se, que você me deixa louco.

Chávez se foi. Não o do oito, o da Venezuela. O Chaves do oito é aquele que tem um amigo ex-rico e mimado, que quando irritado quer resolver tudo aos berros, ordenando que o pobre cale a boca.

O que faleceu é um pouco mais complexo. Entre logros e malogros o venezuelano conquistou a veneração de uns e o ódio de outros, e é isso que me chamou a atenção. Tentando não entrar no mérito político, comecei a pensar um pouco no sentimento que o presidente despertou em terras brazucas.

A Venezuela, não estivesse sobre um grande poço de petróleo, teria praticamente o mesmo peso político de sua vizinha Guiana. Mesmo assim depois da morte de seu governante apareceram algumas comemorações por aqui, expressões de alívio e felicidade. Euforia semelhante aconteceu diante do famoso ¿Por qué no te callas?, proferido pelo rei Juan Carlos, da Espanha, ao venezuelano durante a XVII Conferência Ibero-Americana, em 2007.

A frase do governante rico, e mimado por toneladas de metais preciosos saqueados das colônias americanas por séculos, virou hit. A reação de muitos foi a de alívio, como se a tal frase estivesse entalada na garganta de cada um. Por quê?

Ainda que Chávez fosse o demônio na terra – o que não era – ele pregava a soberania popular e o investimento nos que realmente precisam. Mesmo que nunca tivesse movido um dedo para concretizar seu discurso – o que não é verdade –, vai que a ideia começa a agradar a imensa massa de pobres e miseráveis do continente.

Poderíamos pensar que quem vibrou com Juan Carlos optou na verdade por criticar a postura antidemocrática de Chávez. Apoiando o Rei. Representante da monarquia, que herdou o poder por ter nascido na família certa e passará o título para seus descendentes, como vem sendo feito desde a Idade Média. Nenhum estado europeu é regido pela monarquia clássica, esta sim bem distante da democracia, porém mantêm o representante supremo da aristocracia europeia, que desde o descobrimento da América vem ditando regras para os habitantes locais.

Tenho várias críticas ao Chávez (da Venezuela). Ele se encaixa no grupo de governantes imperfeitos, que abrange todos os outros na história da humanidade. Mas tentando dissociar a pessoa do fato, é notável que há cinco séculos os europeus, sobretudo na península ibérica, se empenham com veemência na desconstrução de líderes populares sul-americanos.

Independente de Chávez, Lula, Obama ou quem quer que seja, política é o debate em sua essência, a alternativa é o confronto direto. Mandar ou pedir para que alguém se cale em uma conferência é uma atitude de menino mimado, que quando irritado quer resolver tudo aos berros, ordenando que o pobre cale a boca.

Muitos vibraram. Brasileiros vibraram. Talvez assim sintam-se mais próximos da elite europeia que dá ordens, ao invés de se aproximarem da gentalha que Chávez, pelo menos em tese, queria representar. Essa postura também é antiga. Não precisamos cruzar as fronteiras com países vizinhos. Em terras brazucas se uma elite domina o poder, a solução não é a união contra os opressores, mas a manutenção do sonho de que se por um lado não sou rico, por outro também não faço parte da escumalha que deve se calar.

E nos calamos. Seja através do rei espanhol, que insiste em dar ordem de metrópole para colônia; seja através da Telefônica espanhola, que cobra caro por ligações que caem, nos deixando calados; seja através do Santander espanhol, cobrando taxas estratosféricas para compensar o prejuízo da matriz...

Não importa. O demônio era Hugo Chávez. Já se foi e, dizem por aí, agora as coisas vão melhorar.


Ps. Para uma análise bem mais profissional, Vladimir Safatle.

terça-feira, 19 de março de 2013

Querido amigo

Querido amigo,
Eu queria poder fazê-lo entender sobre o que eu estou dizendo aqui, mas primeiro eu precisaria entender tudo pra poder te explicar melhor com palavras que realmente descrevessem tudo isso. É meio complicado porque aparentemente eu to ficando meio maluco e isso é algo muito novo pra alguém que sempre foi tão sóbrio, assim como eu.
Você pode ficar a vontade pra pensar que isso tudo é frescura e coisa de gente fraca, até porque eu mesmo sempre pensei assim. Só que eu não sei mais se penso, ainda mais depois que comecei a pensar essas coisas estranhas em relação a mim e até em relação a você.
Eu sei que estou meio ausente e que você deve estar bravo comigo por causa disso, mas é por causa dessa maluquice que vira a vida da gente quando a gente ta ficando maluco. Por isso mesmo eu queria te fazer entender tudo, pra ver se você conseguiria me ajudar a não ficar maluco, mas agora não vai dar porque eu quebrei a mão direita e não consigo escrever com a esquerda.
Mas eu entro em contato.
Com amor,
Seu amigo

sábado, 16 de março de 2013

essential

Ontem acabou o meu Lacoste Essential que me acompanhou ao longo desses quatro anos. Eu sei que perfumes acabam, inclusive meu Hugo Boss segue o mesmo fim. Parece algo trivial, no entanto, quando penso naquilo em tudo que aconteceu quando esse fiel companheiro estava em mim, acredito que lhe devo uma homenagem.

Iniciamos em um Duty Free em 2009, com um valor pornograficamente mais baixo do que aqui, o comprei sem pestanejar. Juntos, principalmente no calor, juntos no trabalho, juntos nos passeios. Ele estava junto quando o Corinthians ganhou o Paulista, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial. Quando troquei carro, de casa, de videogame e quando me casei novamente e quando chegou a Baleia.

Entretanto, poderia ter visto tanta coisa...tomara que o atual, possa estar um texto maior que este e com muito mais eventos. Daqueles de filmes americanos, quando a pessoa se torna muito melhor e tem uma vida plena e recheada de aventuras.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Yin, Yang

Não adianta. O ser humano se divide em dois grupos:

Aqueles que são incompetentes todos os dias e, quando porventura fazem algo de útil, recebem mil elogios, e;

Os que tentam ser competentes sempre e, quando por azar fazem algo de errado, são escurraçados pela vida inteira.
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

As canções da minha mãe

Ao lado do sofá da sala havia um grande vaso e dentro dele um tipo estranho de “flor” de cana de açúcar, como uma grande crina tingida de várias cores. Do lado deste vaso havia um grande aparelho de som, que nesse dia era a estrela da casa.
O tapete estava dobrado ao meio e todas as cadeiras da mesa tinham os pés a apontar para o teto.
A estante, antes povoada por uma série de artigos de porcelana branca, dos quais estavam incluídos, pavões, viados, elefantes e outros tipos corriqueiros em estantes espalhadas por outras casas, agora estava vazia.
Se o meu desejo era continuar na sala para ver algum desenho animado que passaria na TV, estava no sofá, um pequeno canto reservado para mim, pois no resto dele, havia o outro sofá de 2 lugares, virado de ponta cabeça.
A cena pós-apocalíptica se repetia por todos os cômodos da casa, afinal, nada poderia estar no chão, pois passar cera vermelha no piso e encerar com a enceradeira eram árduas e longas tarefas. Era dia de faxina; e lá estava minha mãe, com sua roupinha especial e  pronta pra colocar tudo em ordem.
Todo esse caos era embalado, além do barulho da escandalosa enceradeira, por uma série de canções que habitaram o toca discos por muito tempo e hoje, a minha memória.
Havia o dia em que a faxina era embalada pelo ABBA, num clima quase de discoteca entre as mesas de centro, vasos e corredores a serem limpos.
Logo em seguida tocava as melhores de todos os tempos da Itália, na sessão nostalgia, com o Pepinno di Capri cantando alto:
E logo se ouvia de longe, Torneró, Sapore di sale, Roberta ainda do Pepinno, e muitas outras.
Sir Elton John, Chris di Bugh e Bee Gees também não perdiam uma oportunidade de cantar no dia do lerê lerê da minha mãe.
Há de se fazer uma menção honrosa ainda às fitas K7s do Roberto Carlos e tantos outros da jovem guarda, que tinham uma seleção especial no dia da arrumação, assim como uma fita com a gravação de uma prima tocando várias músicas clássicas no piano – Golfinho Azul era uma das preferidas.
Depois de algumas horas, onde os móveis e objetos da casa dançavam ritimados por essa trilha sonora, estava a casa novamente limpa e em ordem, com aquele brilho conseguido com rigor, pronta para ser chamada de Lar novamente.
Hoje posso dizer que minha vida aprendeu a ter trilhas sonoras e a possibilidade de viajar nelas através das doces lembranças como estas, por causa dela que embalou os momentos mais simples e especiais.

terça-feira, 12 de março de 2013

Quem precisa de braços se tem as costas quentes?

Li hoje de manhã sobre um acidente que aconteceu ontem a noite.É uma história ou tragédia igual a da semana passada,exatamente como a do mês anterior,como a de todos os dias.Um motorista bêbado atropelou um ciclista na Avenida Paulista,no choque a vítima teve seu braço amputado e o motorista no desespero em se livrar das evidências jogou o braço em um córrego,impossibilitando que a vítima tivesse seu braço implantado.
Infelizmente vai durar uma semana essa indignação,já que se pensamos em um país como se fosse um corpo,o Brasil não tem braços.E sem braços não tem mãos,essas que assinam leis,que escrevem códigos penais e mudam seu futuro.Somos um país de aleijados,sem ter como escrever o nosso próprio destino,analfabetos de pai e mãe,sem noção de leis,de justiça,ficamos parados,horrorizados vendo o mesmo filme,que se repete.
A lei vai proteger o motorista,os pais dele já contrataram um bom advogado e ele parece ter tudo o que a lei exige,é ótima pessoa,excelente estudante de psicologia,boa família,branco,e jamais,jamais,quis machucar alguém,tudo isso junto inocenta qualquer um aqui no Brasil.
O rapaz não vai ficar muito tempo preso,já se desculpou pelo o que fez,não tá bom?Para a lei está ótimo.
Essa tragédia anunciada é o resultado de um país que protege as vontades da elite,acima de tudo,protege esses dementes que saem para beber e querem dirigir,protege os brancos de carros importados e reputações intocáveis,blindados por cartões de crédito e garantia de pertencer a uma burguesia que sempre se destacou no Brasil por egoísta,impertinente e inconseqüente.
Um ciclista ser atropelado por um bêbado não é o começo da tragédia,é o fim dela,que começa bem lá trás,no momento que a indústria de bebidas chega a um país e começa a massacrar mentes já de por si fracas com anúncios,comerciais,tudo leva o jovem a beber.Não tem lei que segure isso,mas quem em sã consciência vai parar uma indústria de bebidas?Esse dinheiro é vital para investidores e políticos,é uma das indústrias mais poderosas do mundo.Para complementar o círculo do horror juntamos a bebida com nossa construção social,a idéia que guia este país desde os tempos de Cabral,rico pode tudo,até beber sem ser punido.Se for branco então a polícia não manda encostar o carro,não vai incomodar uma pessoa de `bem ´ que está apenas se divertindo.
Tudo foi construído para que essas tragédias aconteçam,tudo parece perfeitamente desenhado,as bebidas livres,a falta de leis de trânsito mais rígidas e as leis que se recusam a punir brancos e ricos.
Com uma amiga conversando fiquei pensando se não seria possível cortar o braço do motorista e implantar no rapaz que teve seu braço amputado,já que para o motorista um braço é simplesmente um braço,com certeza ele não vai sentir falta do seu.Minha amiga surtou,logo disse-Precisa falar isso Iara?Você é muito revoltada,que idéia mais besta e violenta!
Mas não é?Eu que sou revoltada mesmo,o problema ( ainda bem) sou eu,graças a Deus,só eu que pensei em uma justiça mais dura,já que o braço não doeu no motorista na hora de jogar,não vai doer na hora de dar o seu para a vítima.
Muito se fala em desarmar as pessoas,tirar todas as armas do país,mas um carro em alta velocidade dirigido por um bêbado não é uma arma?Não!É um meio de transporte da elite,quem vai desafiar a indústria automobilística?Mexer com essas duas indústrias,de carros e bebidas,é meter a mão em um vespeiro e incomodar todos os empresários,como fazer isso se não existem nem mãos para assinar novas leis?
A discussão se abre para o lado errado,ciclistas e motoristas,essa eterna briga de países subdesenvolvidos,esquecidos pela ordem divina.Mas esse não é nosso único  problema,a briga aqui é sobre a falta de ética e de leis,não adianta só resolver a questão dos ciclistas e motoristas,ainda assim seremos um país sem moral,sem ética,sem noção de direitos humanos,nem de respeito ao próximo.É a mentalidade que amputou os braços de todos,é a insistência de uma elite em se proteger,passando por cima dos direitos de um país inteiro.
O Brasil não tem braços,não tem mãos,mas quem precisa de mãos se tem as costas quentes ?Aqui,nesta terra esquecida por Deus só salvam os braços aqueles que tem as costas protegidas,quem não tem conhece de cor e salteado seu futuro,é questão de tempo ser amputado.
 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Brincadeira

E o que é que faz ser tão especial?
Nem o momento, nem o amor. O sabor do beijo é ainda melhor quando bem temperado. E de onde vem esse tempero? Ah! Esse tempero é fruto de algo que pouco se dá importância e começa das mãos. É das mãos que nasce o abraço, aquele que nos mantém bem próximos como que se uma corrente nos envolvesse, mas sem sufocar. É ela que é capaz de soltar a corrente sem nos deixar distante e nos envolve em outra dimensão com as brincadeiras: um carinho, um aperto sem maldade, um afago, um tapa sem dor. E nessa hora a brincadeira das mãos chama outros elementos, os lábios, que com um beijo de desculpa esfarrapada vem só pra chamar o belisco, o nariz, pra sentir seu perfume e novamente da boca, vem aquela ofensa sem nexo ainda mais quando os dois sabem que nossos perfumes juntos são os melhores de todo o universo. E o ouvido, sempre receptivo, leva as notícias e as palavras de forma descontraída e geram mais diversões para as mãos, as bocas e os narizes. E nem um nem o outro são heróis sozinhos, todos juntos acumulam pontos e vão se somando e de forma gritante, fazendo com que aquele beijo se torne tão esperado como se fosse o primeiro, ou o último e ainda deixa ao gostinho de "volto logo" e assim, coloca esses protagonistas para brincarem mais e mais. E brincam sem parar, brincam sem parar, sem parar, parar.


Encontre mais no livro Rascunhos Vivos

sábado, 9 de março de 2013

Você tem medo de quê?

Você tem medo de amar? Que bonitinho!!! Não. Não tenho medo de amar. Tenho medo de ser feliz. Por quê? Eu estou aqui contigo! Estou do seu lado. Você não é feliz comigo? Sou, mas tenho medo. Ensinaram-me que a felicidade é para poucos. Disseram que a felicidade não é para mim. Quem disse isso? Todo mundo. Pois acredite, eu farei você feliz! E por que devo acreditar em uma única voz quando muitas já me disseram o contrário? Porque hoje quem te fala é a voz que te ama. A voz de quem sabe que ser feliz é escolher o melhor lado: o lado de estar do seu contigo mesmo que você não acredite que isso é o melhor para nós!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Acabou o Céu



 Andaram me perguntando bastante ultimamente se eu não quero ter um segundo bebê. 

 As vezes penso em ter mais um ou dois, e me pego escolhendo os nomes que eu iria colocar. Mas isso eu faço só as vezes, não sou daquelas loucas que saem por aí sorrindo pra qualquer bebê, falando com eles, e querendo apertá-los, sou mais assim com gatos.

Gato eu também só tenho um, e o projeto de ter outro está sendo pensado, repensado e adiado faz uns dez anos. 

 No mais, gosto mais de crianças do que de bebês e já tenho uma criança em casa, acho que mais me assusta minha criança crescer do que a ideia de não ter outro filho. 

Tenho que admitir que o processo de gravidez, amamentação, fraldas, dores de ouvidos, cólicas e choros me desanimou bastante. 

 Já ter outro gato é mais simples, mas mesmo assim sou tão apaixonada pela minha Panqueca, que teria uma cobrança enorme do próximo filhote, fora problemas com ciúmes, e espaço. 

Está aí o grande problema: espaço.

 Nem filho, nem gato, nem bicicleta, nem mesa com cadeiras, nem árvores, não tenho lugar para nada disso. 

 Moro num lugar apertadinho, que mal deve dar 50 metros quadrados. Até gosto daqui, é bonitinho, mas 
é bem pequenininho.

 Quando estou andando por aí saio paquerando casas, paro enfrente de casas antigas, com placas de vende-se, fico pensando em como são dentro, em como seria se fosse minha.



 Acontece que queria um "pedacinho de terra" chão mesmo, que fosse meu pelo tempo que estou viva, não gosto de apartamentos, não queria uma casa flutuante, queria uma plantada no chão.


 Caminhando pela rua vejo muitos prédios, antes quando olhava para o alto, via céu, céu com nuvens, sem nuvens, lua, estrelas, sol, pássaros e aviões passando, a torre da rádio , via um balão sumindo, cá ou lá galhos de árvores.


 Agora não tem mais céu, se tem, tem só um pedacinho a exatamente 180 graus. Eu lembro da vista que tinha ali, que conseguia ver as copas da arvores do parque, que naquela direção era a torre da igreja, só lembro, não vejo mais.

 Vejo só muitos fios e muitos prédios crescendo e brotando. Prédios por todo o céu.

  Esses prédios que tiveram que construir, pra essa gente que resolveu ter mais um ou dois bebês, ter mais gatos, mais cachorros, ter grandes mesas com cadeiras. Parece que eles também não tinham "chão" pra por tudo isso.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sim

Eis que a vida mostra que o terror das possibilidades era, na verdade, amor.
Um aviso dela, um pedido: me ame.

E quando a vida chama, meus amigos...

http://youtu.be/02-YzGlHF0k
 

Você não quer dividir a culpa?

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Eu não sei como não há mais pessoas com problemas de saúde mental. Pensar é uma das coisas mais estressantes do mundo, e não conseguir articular o que eu quero dizer me deixa louco. Eu acho que eu deveria ler mais livros e aprender mais palavras. Minha irmã costumava ler o dicionário, eu vou começar daí.

Eu gostaria de viajar. Eu quero ver a Índia, as pirâmides, uma baleia e aquela corrida de bicicletas na França. Eu não tenho certeza sobre rios, eles me assustam, mas eu amo nadar, eu sou bom nisso. E quando eu nado eu conto as voltas que dou, e isso me ajuda a relaxar.

Quando eu era mais jovem vi uma casa queimar, e depois passei por ela por seis anos, quando saía de casa. Decrépita, negra, perigosa. Eu me perguntava se mendigos moravam lá. Eu ainda não tenho certeza, mas eu sei que nunca havia festas lá. Depois de um tempo o conselho da cidade resolveu arrumar o espaço urbano, e decidiram que aquela casa era uma poluição visual. Decidiram derrubá-la. Atrás da casa havia um muro com uns rabiscos de grafite, e um palavrão escrito em letras gigantescas. Agora eu passo por isso quando saio de casa.

Eu gosto de ir até o parque, e andar por ele. Eu gosto de levar meus cachorros até lá, e meus amigos, e também de ir sozinho. Eu gosto de flores e de simplicidade, de compaixão e presentes bem pensados, de poder gritar. Mas eu queria ser capaz de ficar quieto. Quando estou quieto as pessoas acham que estou triste, e normalmente eu estou. Às vezes, quando eu estou em uma estação bem lotada e barulhenta (uma com todos aqueles trens enormes, como King’s Cross), eu tenho vontade de colocar minha bagagem no chão e gritar qualquer coisa, porque eu tenho algo pra dizer. Você quer dividir a culpa?

Não pense, só durma.

(Kate Nash)

terça-feira, 5 de março de 2013

MINICONTO GRINGO
Fugiu com um americano. Sem ovo.

MINICONTO GRINGO II 
- Rai! - Relou! Motel. Molho inglês.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Quando meninos se tornam homens, ou: quando eu vejo Game of Thrones.


Well, I've been afraid of changin'

Cause I've built my life around you

But time makes is bolder even children get older

I'm getting older too

Oh, I'm getting older too

Fleetwood Mac | Landslide


Fazia muito tempo que não lia algo que me fazia ficar desesperado, desesperançado, descrente da vida e do mundo. Aí eu conheci Game of Thrones
Quando a Raila me passou a série, ela disse “acho que tu vai gostar”. E eu tenho medo quando ela fala isso. Porque ela sabe que “gostar”, quando se trata da minha pessoa, é um mergulho sem escafandro atrás de pérolas que devem estar em algum lugar. E, como o resultado é incerto, eu aproveito a viagem até ficar sem ar.
Assisti os dez episódios da primeira temporada. E, de repente, meu mundo virou de ponta cabeça. Não, os mocinhos não vencem no final. Como assim? Como assim não existe um final feliz?
Sangue saía dos meus ouvidos, depois desse mergulho. Ah, fiquei casmurro por semanas. Aí... Veio a segunda temporada, e eu chorei copiosamente quinze minutos esmurrando a parede incrédulo, no nono episódio. O que é isso que me afeta tanto? Por que, me responda, por que eu fico tão afetado por algo que sei que não é real – nem foi feito para ser?
Então, ganhei o primeiro volume da minha namorada, de dia dos namorados. E revivi a primeira temporada – sim, com todo o pathos que isso representa. E, pateticamente, comprei os cinco volumes, e estou agora lendo o quinto. Lendo cada página como o último bocado de um pudim de vó. E sabendo que o pior ainda está por vir: George R R Martin está vivo, e não terminou a história. Ele nos trará os Ventos de Inverno ano que vem (talvez...) e faltará um último volume (talvez).
Vida longa a ele, o que eu e milhares de leitores desejamos.
Mas, porque falar disso? Porque a vida é injusta e não aprendemos isso nos livros. Porque as pessoas são complexas para além de maniqueísmos. Porque nós, no cotidiano, mudamos de lado, também. Porque nós, no cotidiano, falhamos. Mas não estamos, nunca fomos, preparados para acreditar que isso ocorreria na fantasia, também.
E, como uma rameira que se despe lentamente à meia-luz, Martin nos leva a crer que -  amargo trago esse - nós somos menos do que pensávamos ser. Somos humanos e não há vanglória nisso. Passo a passo, página a página, personagem a personagem, vemos que, mudam os contextos, permanece o axioma. Não somos perfeitos e, se isso é bom, ninguém me contou direito.
Eu espero, sinceramente, que essa história acabe bem, e eu volte a acreditar em heróis. Mas, sinceramente? Eu duvido muito que isso volte a acontecer.
Existe um problema em envelhecer, que o Martin explora bem, em seu “Senhor dos Anéis para adultos”: você deixa de acreditar que tudo acaba inexoravelmente bem. 
E é aí que você passa a se esforçar.


No próximo texto, no próximo quatro, de abril, a terceira temporada já terá começado. E eu serei um menino na frente da tela com os olhinhos brilhando de excitação, e um homem mais envelhecido horas depois, pensando que a vida é boa, mas não é justa.
E vou me esforçar para que isso soe bem aos meus ouvidos, e a meu favor, também.